Terça, 04 Junho 2013 11:34
Sempre ouvi dizer que o poder tem
horror ao vazio. Parece que é das leis da Natureza, também. Ora há quem exerça
o seu poder comentando e, por isso, na ausência de factos ou dados mais seguros
não se coíbem de continuar a comentar e a comentar sem fim. Quando o facto ou a
informação chegam, “descoincidindo” com o comentário, por vezes parece não
haver outra solução se não “engolir” o que antes se disse. Ou então persistir
numa espécie de exercício de obstinação. A obstinação, diz-nos o dicionário, é
a afeição excessiva às próprias convicções, ideias ou pensamentos. Os
obstinados dizem-se, muitas vezes, coerentes e gente de caráter forte…
Já os que “engolem” o que comentaram avant la lettre ficarão, em princípio, numa situação
embaraçosa mas que, em meu entender, lhes permite crescer na sua própria vida
de comentadores. Não conheço muitos assim. Os comentadores de intenções
proféticas têm por vezes grande influência em destinos de pessoas ou
instituições cuja ação, que acham previsível, comentam. Pena é que quando esses
destinos, também por essa sua influência, dão para o torto se façam de
esquecidos. Conheço mais destes. Aqueles que comentavam que a mudança de
governo nas últimas eleições ia ser benéfica, por exemplo. É, estamos todos
muito melhor agora!
Mas voltemos aos que se reconhecem como
precipitados nas suas análises, como aqueles amigos que, vendo um dos seus
martirizado ou martirizada por um amor que não parece merecer, vão aconselhando
vivamente o afastamento ou a separação e depois lá se veem no casamentos, em
sucessivos batizados e outras comemorações familiares, a festejar a felicidade
inesperada.
Esta é aquela atitude de quem não
querendo prejudicar ninguém é a de quem comenta e, errando, não lhes caiem os
parentes na lama, nem deixam de ser ouvidos. Sendo certo que não há uma segunda
oportunidade para se causar uma boa impressão, máxima que se deve aplicar sem
exceção aos comentadores, também me parece acertado que uma pessoa não se mede
pelas vezes que cai, mas pela elegância com que se levanta.
Até para a semana.
Cláudia Sousa Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário