segunda-feira, 15 de abril de 2013

OLÁ MANEL!

Agora que o Manel nos deu conta que a sua vida prossegue noutras paragens, que continua a seguir o Al Tejo e a colaborar no mesmo (vide  postagem de sexta-feira), como não podia deixar de ser também os amigos que por cá deixou lhes querem demonstrar que não o esquecem.
Para ti Manel, aí vai em palavras que todos comungamos, o que o Sean te quer transmitir. 
Xico Manel

“O Regresso ao Passado”

....ou como imagino as primeiras impressões dum amigo meu de volta ao seu lugar de encanto....

As primeiras impressões raramente batem certo.
Talvez porque pouco reflectidas.
Mas o meu amigo, homem já de certa idade, habituado às voltas do mundo e às formas de organização da sociedade, sabe que não se deve confiar demasiado nas primeiras impressões. Provavelmente por serem repentinas e pouco amadurecidas.
De qualquer forma, ali estava. Quase cinquenta anos depois de ter pisado aquela terra pela primeira vez.
Na terra onde tinha encontrado o seu amor de vida. 
Na terra onde tinha nascido o seu filho.
Na terra em que tinha confiado e que chegara a pensar ser a sua para sempre.
Na terra em que, depois das inesperadas e tumultuosas alterações de 75, aguentara a pedalada e devagar, devagarinho, organizara a sua vida.
Na terra onde vivera os melhores anos da sua vida.
Uma terra, aquando no princípio da sua primeira estadia, rodeada por injustos sistemas políticos e sociais em que o apartheid dominava: Assim era na República da África do Sul e na Rodésia.
Mas a verdade é que a ele, social-democrata de pensamento e convicção, não lhe agradava a forma como o sistema colonial português aceitava fazer boa vizinhança com esses países. Assim como não aceitava a cumplicidade interesseira, e a ajuda que os “apartaides” davam a Portugal nos tempos da guerra colonial, diga-se de passagem. Sei isto de fonte limpa, porque o conheço bem, e por este assunto ter sido objecto de longas conversas entre nós. Até chegámos à conclusão que Nelson Mandela tinha sido o político africano mais marcante do século XX, na medida em que conseguiu tirar daquele labirinto rasca toda a África Austral, praticamente sem derramamento de sangue. Mas o regime político implantado no seu país de adopção, depois da independência, também não era o que o meu amigo desejava para a terra que ele já considerava sua.
Mas não a abandonou.
Embora com dúvidas em relação à forma de organização de sociedade que se desenhava , continuou a fazer aquilo que sempre tinha feito: Manutenção de aviões.
Pergunta-se: « E do que precisava ele mais? »
Responda-se: « De nada! »
Tinha a sua amada Rosa; tinha família constituída; tinha uma situação estável e confortável. É caso para dizer que a vida lhe corria bem.
Mas, « O Homem Põe e Deus Dispõe ». E no caso do meu amigo, Deus não dispôs bem. Com o devido respeito o digo.
Uma tragédia pessoal trouxe-o de novo ao Alandroal. Sempre a praticar o seu ofício, curiosamente.
E é a manutenção de aviões que o leva outra vez a Moçambique, também curiosamente
O raio do velho não se dá por vencido.

E as suas primeiras impressões, já pisando de novo solo africano, quero eu pensar, foram:
« Olha.... olha.... o aeroporto ainda está no mesmo sítio! »
Ainda:
« Raios.... lá vou ter que me habituar a conduzir de novo pela esquerda. »
E ainda:
« Tenho que ir à estação ferroviária ver se o combóio “Macieira Expresso” sobreviveu. »
E para terminar este ciclo de pensamentos:
« Amanhã tenho que ir ao Molin Rouge, velho cabaret do porto da Beira, para ver se ainda lá está o mesmo porteiro. Aquele negro de farta peruca loira, que respondia à alcunha de Luís XIX, e que tinha sempre uma caixa de aspirinas para as dores de cabeça provocadas, alta madrugada, pelo uísque a martelo. Quero dar-lhe dois abraços: Um, meu, bem entendido. E outro de um amigo tuga, que trago encomendado. E dizer-lhe que nunca mais encontrámos aspirinas tão eficazes como as dele. »

Cá ficamos à tua espera, companheiro!
E dos momentos de encanto que nos proporcionas através da tua voz. Da tua boa disposição. Da tua disponibilidade. Do teu exemplo.
 Sean
Alandroal, 15 de Abril de 2013


5 comentários:

Anónimo disse...

Bem lembrado. O homem merece!

Anónimo disse...

Ho Manel olha que pró mês que vem temos concerto dos cantadores pá vê lá se apareces...

Anónimo disse...

ELE QUE FIQUE POR LÁ E SEJA FELIZ QUE ISTO POR AQUI ESTÁ UMA GRANDE MMMMMMMM.A NOSSA TERRA É ONDE ESTAMOS BEM, A TERRA É MUITO PEQUENA, EM QUALQUER LUGAR DA DITA ESTAMOS EM CASA.
GRANDE MANUEL FOI O MELHOR QUE PODIS TER FEITO.
ISTO AQUI É O FIM DO MUNDO.

Anónimo disse...

Pois !! a vida é assim...O SEAN deixou-me com a lágrima no olho !!! tem o grande espirito,caracter e dignidade de louvar os Amigos, e sou mesmo AMIGO DELE !!! assim me acho e considero, mais não me resta do que dizer OBRIGADO SEAN !!!!mas tb não me considero assim tão grande como tudo isso, mais não fiz, do que ir vivendo o dia a dia da vida e dos meus, com um principio sempre presente, não molestar terceiros...infelizmente a vida,ou as suas contingências, não me devolveu o mesmo principio, coisas da vida e sem grande importância...fica aqui prometido, que dentro em pouco, irei enviar-vos um pequeno texto, com as primeiras impressões e sensações do regresso a esta terra de gentes, amáveis e hospitaleiras, que tão bem conheço...
Um abraço para todos/as verdadeiros AMIGOS e para o SEAN...Não tenho palavras, já que, por norma, as palavras nunca transmitem o verdadeiro sentir...
Manel Augusto

Anónimo disse...



OBS.


Caro M. Augusto


Daqui deste "short labyrintus para esse big paradise" os meus desejos é que te encontres bem e que te portes bem mal,à estorninho do Landroal.

Quanto à retórica suspicaz do M.Sean liga-lhe e diz-lhe que a toada deve ser da idade e agora também do seu prazer de viver.

Por mim, um Abraço e já sabes o que tens de fazer.


Tozé (Anb)