segunda-feira, 11 de março de 2013

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM


                                       
                                     Presidente Comatoso…

Segunda, 11 Março 2013 12:44
Olá! Aviso: a crónica que se segue pode conter linguagem suscetível de ferir algumas sensibilidades, especialmente aquelas que ainda creem na existência de um Presidente da República digno.
A semana que passou teve como grande novidade o despertar de Cavaco Silva do coma profundo em que estava mergulhado. Ainda assim, e pelo que ouvi, não quero acreditar que esta saída do coma o tenha trazido para um estado de plena consciência. Diria que, e de acordo com a escala de coma de Glasgow, o Presidente só se pode encontrar no índice 4, que se caracteriza por um paciente que abre os olhos espontaneamente, está desperto, mas apresenta um discurso e um pensamento confuso, desorientado e desequilibrado.
Senão vejamos: Cavaco decidiu falar na semana passada aos jornalistas, afirmando que as vozes dos portugueses que se manifestaram no dia 2 de Março têm de ser ouvidas, para em seguida afirmar que é uma vitória o Governo conseguir um prolongamento do prazo do pagamento da dívida, afirmando que o Governo está a proceder bem. Ora, é realmente confuso e incoerente. Cavaco diz que os portugueses têm que ser ouvidos, para em seguida elogiar a linha política do Governo. Só mesmo estando num estado de semi-consciência é que se pode aceitar tamanha incoerência. Os portugueses manifestaram-se nas ruas exatamente contra a linha política deste governo e contra a troika. Os portugueses não aceitam que a troika seja o Governo deste país, porque esta não foi eleita por ninguém. Nem tão pouco aceitam prolongamentos do pagamento da dívida, porque o milhão e meio de portugueses que nas ruas se manifestaram, a que se somam muitos e muitos mais, sabem que é necessário mandar embora a troika, negociar diretamente com os credores, fazer uma auditoria séria à dívida, por forma a perceber que dívida é legitima e que dívida é ilegítima. Pagar o que é legítimo a um juro baixo e não pagar a dívida ilegítima, esta é a única solução para Portugal e para a sua economia.
Cavaco cometeu um erro fundamental: foi hipócrita quando disse que os portugueses devem ser ouvidos e foi sincero nos seus elogios ao Governo. E quem quer um Presidente hipócrita? Queremos um Presidente da República? Ou um Presidente Honorário do Governo da Desgraça Nacional?
Mas estas palavras não chegaram, não foram suficientemente duras, Cavaco no habitual Prefácio anual dos Roteiros, decidiu escrever, entre inúmeras barbaridades, que o Presidente se recusa a alimentar sentimentos adversos à ação do Governo. No ano passado, o Presidente decidiu no prefácio homólogo criticar o Governo da altura. Este ano, pelo contrário, considera que não deve fazê-lo. A sua escolha política é clara! No longo texto nem uma única censura, nem um olhar crítico, nem uma sugestão contundente. Nada.
O povo, esse, aquele que o próprio Presidente ignora, é claro e exige a demissão do Governo. E acerca deste ponto queria relembrar Cavaco Silva, que este Governo está a governar longe do programa eleitoral que foi a votos. Cavaco permite que em Portugal se cometa, o que na minha opinião constituiu, um dos crimes democráticos mais violentos. Fazer aquilo que não se disse que ia fazer. E não fazer aquilo que se prometeu. É a própria democracia que se fragiliza com esta falta de escrúpulos. E eles sabem-no…
Mas não se pense que Cavaco vai demitir este Governo. Foram Passos, Relvas, Portas & Companhia que o ajudaram a colocar no Palácio de Belém. É a eles que é fiel e não aos portugueses. Diz que não se deixa levar por pulsões emocionais. Discordo, ele deixa-se levar pelo amor que tem pelos membros do Governo e pela sua anuência à política do Governo.
Aliás, foram estas mesmas pessoas, em conjunto com outros, que ajudaram a criar uma amnésia coletiva nos portugueses que os levaram a esquecer-se que Cavaco foi primeiro-ministro deste país num período em que entraram milhões de fundos comunitários, e que nesse mesmo período de "vacas gordas", este fez escolhas desastrosas para a economia portuguesa. Mas também ajudaram a tentar fazer esquecer que Cavaco faz parte integrante do maior escândalo financeiro da História Moderna de Portugal. Falo-vos do escândalo BPN…
A este invejável currículo, Cavaco quer somar ter sido Presidente de uma República inútil e inativo numa altura em que um governo cria fome, miséria e desastre económico. De uma coisa já não se livra, Cavaco é o Presidente da República de toda a história da democracia portuguesa com o índice de popularidade mais baixo.
Por tudo isto, parece-me que não é só o Governo que tem de ser demitido, ou não?
Por fim, e no meio de tudo isto, António José Seguro diz ter visto uma mensagem clara de Cavaco para o Governo… Mas de delírios falaremos noutra altura…
Até para a semana.
Bruno Martins

2 comentários:

Anónimo disse...

Bruno Martins disse verdades incontestáveis que são do conhecimento público.
Porém nunca é demais que sejam lembradas porque o futuro continua negro, mas há muita gente que pensa que o pior já passou o que é um erro. Agora, "ainda a procissão vai na praça" e "até ao lavar dos cêstos é vindima".
Percebem? Se não percebem, tanto pior.

Observador atento.

Anónimo disse...

Há muita gente que pensa que o pior já passou...
Isso é o que o senhor pensa.
AINDA AGORA A PROCISSÃO VAI NA PRAÇA!!! então quando chegar ao fim VAI SER BONITO, VAI (pelo que se tem visto desde há 38 anos).
ATÉ AO LAVAR DOS CESTOS É VINDIMA!!! (neste contexto de quase 4 décadas) QUEM É QUE TEM VINDIMADO e de QUEM TEM SIDO AS VINHAS?

Mais palavras para quê!!!

A Luta Continua