segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CRONICA DE OPINIÃO HOJE TRANSMITIDA PELA DIANA/FM


Bruno Martins  (Novo Cronista)

Segunda, 18 Fevereiro 2013 11:14
Muito bom dia a todas e todos os ouvintes. Inicio, hoje, as minhas crónicas semanais na dianafm. A esta rádio local de grande valor para a região agradeço o simpático convite que me foi endereçado.
A semana que passou trouxe notícias bastante preocupantes para o nosso país. Atingimos um novo máximo, e mais uma vez um máximo indesejável. Fala-vos da taxa de desemprego que atingiu no último trimestre de 2012 um novo máximo histórico. Mais de 923 mil pessoas, segundo os dados oficiais, que representam, na realidade, muito mais de um milhão de pessoas não têm emprego. Soubemos, também, que destas, mais de metade não usufruem de qualquer apoio social.
No nosso Alentejo, a taxa de desemprego oficial ultrapassa os 17%, nível superior à média nacional.
Esta é uma catástrofe social, uma vez que milhares de trabalhadores e trabalhadoras vêm as suas condições de vida degradadas. A fome está, para estes cidadãos e cidadãs, ali ao virar da esquina.
Mas estes números representam, também, uma catástrofe económica. Sabemos que é completamente impossível haver crescimento económico com estes níveis de desemprego. Aliás, qualquer estratégia ou intenção de ver a economia crescer perante tal cenário, é um exercício de pura demagogia… de pura mentira… Não se deixe iludir caro ouvinte, é totalmente impossível sair da recessão quando o desemprego estiver nestes níveis.
Por um lado, há a evidente diminuição do consumo, uma das principais componentes do PIB. Por outro lado, o desemprego reflete por si mesmo a quebra da procura, fruto da degradação económica em Portugal. Juntam-se a estes factos o óbvio: redução do consumo significa redução da receita proveniente do IVA, redução das receitas de IRS, além de que o desemprego contribui, naturalmente, para uma diminuição abrupta das contribuições para a segurança social e o, consequente, aumento das prestações sociais. O equilíbrio da própria segurança social está em risco. Eles sabem-no, e promovem-no, para que depois possam dizer que a Segurança Social não funciona. A velha política da direita: degradar os sistemas e serviços públicos, para que depois os possam eliminar, argumentando que estes não funcionam.
Estamos, portanto, perante uma brutal e agressiva espiral recessiva em funcionamento. Ou por outras palavras, uma política da bancarrota.
Este cenário é classificado por Passos Coelho como normal, afirmando mesmo que é natural que os números do desemprego venham a aumentar. Este governo não tem solução, este governo desistiu do seu próprio povo.
É necessário um programa urgente para a criação de emprego, tendo por base um maior investimento público e expansão dos serviços sociais. Seria interessante, por exemplo, a criação de um programa de apoios fiscais e subsídios à criação de emprego nos distritos mais atingidos (como o de Évora), através da contratualização dos apoios por dez anos com a garantia de emprego. Mas, também, um programa específico para criar emprego para licenciados e investigadores, contratualizando a sua integração em empresas e universidades. O aumento da qualificação do emprego e do número de investigadores é o melhor investimento que se pode fazer no país. E, sem dúvida, a eliminação da precariedade, porque um precário é sempre um desempregado em potência.
Enfim, emprego digno e em condições. Este não é só um direito dos cidadãos, mas também um dever do Estado face à nossa economia…
Até para a semana!
Bruno Martins

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