Bruno
Martins (Novo Cronista)
Segunda, 18
Fevereiro 2013 11:14
Muito bom dia a
todas e todos os ouvintes. Inicio, hoje, as minhas crónicas semanais na
dianafm. A esta rádio local de grande valor para a região agradeço o simpático
convite que me foi endereçado.
A semana que
passou trouxe notícias bastante preocupantes para o nosso país. Atingimos um
novo máximo, e mais uma vez um máximo indesejável. Fala-vos da taxa de
desemprego que atingiu no último trimestre de 2012 um novo máximo histórico.
Mais de 923 mil pessoas, segundo os dados oficiais, que representam, na
realidade, muito mais de um milhão de pessoas não têm emprego. Soubemos,
também, que destas, mais de metade não usufruem de qualquer apoio social.
No nosso Alentejo, a taxa de desemprego oficial ultrapassa os
17%, nível superior à média nacional.
Esta é uma
catástrofe social, uma vez que milhares de trabalhadores e trabalhadoras vêm as
suas condições de vida degradadas. A fome está, para estes cidadãos e cidadãs,
ali ao virar da esquina.
Mas estes
números representam, também, uma catástrofe económica. Sabemos que é completamente
impossível haver crescimento económico com estes níveis de desemprego. Aliás,
qualquer estratégia ou intenção de ver a economia crescer perante tal cenário,
é um exercício de pura demagogia… de pura mentira… Não se deixe iludir caro
ouvinte, é totalmente impossível sair da recessão quando o desemprego estiver
nestes níveis.
Por um lado, há
a evidente diminuição do consumo, uma das principais componentes do PIB. Por
outro lado, o desemprego reflete por si mesmo a quebra da procura, fruto da
degradação económica em
Portugal. Juntam-se a estes factos o óbvio: redução do
consumo significa redução da receita proveniente do IVA, redução das receitas
de IRS, além de que o desemprego contribui, naturalmente, para uma diminuição
abrupta das contribuições para a segurança social e o, consequente, aumento das
prestações sociais. O equilíbrio da própria segurança social está em risco. Eles sabem-no,
e promovem-no, para que depois possam dizer que a Segurança Social não
funciona. A velha política da direita: degradar os sistemas e serviços
públicos, para que depois os possam eliminar, argumentando que estes não
funcionam.
Estamos,
portanto, perante uma brutal e agressiva espiral recessiva em funcionamento. Ou
por outras palavras, uma política da bancarrota.
Este cenário é
classificado por Passos Coelho como normal, afirmando mesmo que é natural que
os números do desemprego venham a aumentar. Este governo não tem solução, este
governo desistiu do seu próprio povo.
É necessário um
programa urgente para a criação de emprego, tendo por base um maior
investimento público e expansão dos serviços sociais. Seria interessante, por
exemplo, a criação de um programa de apoios fiscais e subsídios à criação de
emprego nos distritos mais atingidos (como o de Évora), através da contratualização
dos apoios por dez anos com a garantia de emprego. Mas, também, um programa
específico para criar emprego para licenciados e investigadores,
contratualizando a sua integração em empresas e universidades. O aumento da
qualificação do emprego e do número de investigadores é o melhor investimento
que se pode fazer no país. E, sem dúvida, a eliminação da precariedade, porque
um precário é sempre um desempregado em potência.
Enfim, emprego
digno e em condições.
Este não é só um direito dos cidadãos, mas também um dever do
Estado face à nossa economia…
Até para a
semana!
Bruno Martins
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