Cláudia Sousa Pereira - Folgar
12 Fevereiro
2013 11:59
Porque hoje é
dia de Carnaval é mesmo dele que vos vou falar. Em Évora há muito que não há o
chamado corso de Carnaval. Lembro-me de há mais de 20 anos ter visto um,
daqueles híbridos entre o traje de verão do Brasil em mocinhas tiritantes e
máscaras mais ou menos brilhantes à Veneza e até com a trapalhice de figurões
que pareciam sobrar de trupes mais popularuchas. Lembro-me até de um ano em que
por essa época o tempo não ajudou e adiou-se o desfile para ter lugar já em plena Quaresma o
que, mesmo para quem como eu não pauta o seu calendário pelo litúrgico, pareceu
no mínimo ridículo. Enfim, o mais próximo do que será um caos permitido serve
para extravasar energias antes de se retornar à contenção do que é o quotidiano
de regras que permitem, ou devem permitir, uma convivência mais ordenada.
Temos em Évora uma preciosidade cultural que são as Brincas de
que até já vos falei nestas crónicas no ano passado por esta mesma altura. Se
brincar ao Carnaval significa perpetuar uma tradição, a verdade é que há sempre
um espaço para uma falsa novidade que são as piadas em torno dos políticos.
Piadas em forma de gigantones nos ditos corsos e desfiles, ou bocas mais ou
menos engraçadas que os palhaços que atrapalham, ou melhor tentam atrapalhar, a
encenação e desempenho do fundamento das Brincas, fazem.
Como os
programas de análise política e os comentadores de sucesso de TV e Rádio,
independentemente do calendário das festividades, fazem atualmente constantes
graçolas sobre os políticos – e alguns põem-se a jeito, é verdade – supunha, e
ainda não perdi a esperança de ver ou ouvir, que este ano houvesse efetivamente
alguma novidade nos corsos de Carnaval. Para além dos adiamentos durante o
fim-de-semana por motivos meteorológicos que também não são novidade e que
espero sinceramente que hoje se resolvam, para além da ausência de dispendiosas
figuras públicas que têm atravessado o Atlântico para tiritar connosco de coroa
na cabeça, estava à espera de ver desfilar os banqueiros e empresários
portugueses, que vieram ao longo deste último ano entre carnavais fazer intervenções
em espaço público, e que me pareceram dignas de serem respondidas também em
críticas de desfile de Entrudo.
Resumindo,
julgava que aos políticos era dada alguma folga. Não porque ache que não haja
motivos que permanecem e vêm desde tempos longínquos para os criticar, apesar
de as mais finas e imaginativas críticas tenham sido, na minha opinião, as
caricaturas à política mais do que aos políticos. Nem muito menos por exercer
desde há mais de três anos um cargo político. Quem não quer ser lobo não lhe
vista a pele. O que me parece, e estou pronta para discuti-lo, ou melhor ainda
por agir de forma e conforme, é provar que não há só Lobos Maus… e os
Capuchinhos Vermelhos não são todos puros!
Bom Carnaval e
até para a semana.
Cláudia Sousa
Pereira
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