Quarta, 13
Fevereiro 2013 10:24
Entre
o sol e o granizo, os agricultores portugueses de há muito que se habituaram a
viver com o rigor das intempéries. É o risco assumido por aqueles que tiram da
terra o seu sustento.
Às
aleatoriedades meteorológicas somam-se agora outras. Para além da chuva e da
seca, os agricultores têm agora também que contar com o bom e o mau humor dos
políticos que, em Bruxelas, definem o seu futuro.
Após
meses de espera sobre as perspetivas financeiras da revisão da PAC para
Portugal, o mesmo é dizer para saber com que fundos comunitários se poderá
trabalhar na agricultura a partir de 2014, veio a boa nova de que o Parlamento
Europeu havia aprovado no relatório final, elaborado pelo eurodeputado
português Capoulas Santos, um conjunto de alterações que se traduziam num
aumento de 362 milhões de euros nas ajudas aos agricultores face à proposta
inicial da Comissão Europeia.
Em
tempos de escassas boas noticias esta foi uma lufada de ânimo para os
agricultores e o empurrão que faltava para retirar da gaveta alguns projectos
adiados.
Mas,
tal como as incertezas do tempo, foi sol de pouca dura esta esperança em
melhores dias no mundo rural.
Poucos
dias volvidos sobre a assembleia do Parlamento Europeu, os chefes de Estado e
de Governo da União Europeia chegariam a acordo sobre o quadro orçamental
plurianual para 2014-2020, aprovando uma proposta menor do que a apoiada pelo
Parlamento Europeu.
E, o
que eram 362 milhões de ganhos para a agricultura portuguesa, acabou por se
cifrar numa quebra de 7.6% das verbas atribuídas no âmbito da PAC a Portugal,
relativamente ao orçamento anterior.
Se,
no acordo a que ainda terão de chegar o Parlamento e a Comissão, não houver
significativa evolução de valores, no que respeita à PAC, foram atribuídos a
Portugal 8,1 mil milhões de euros (3,6 mil milhões para o desenvolvimento rural
e 4,5 mil milhões de euros para pagamentos diretos aos agricultores).
É
verdade, como já disse Passos Coelho, que a redução de verbas para a
agricultura ficou, em Portugal, por cerca de metade dos 14,4% globais para a
totalidade da Politica Agrícola Comum da União Europeia. Mas de pouco nos
servirá a nossa pouca sorte, apenas porque outros tiveram excesso de azar.
Num
momento em que o sector agrícola está em Portugal a dar mostras de vitalidade,
com a chegada de novos empresários que o rejuvenescem, esta redução dos apoios
comunitários poderá deitar por terra esse dinamismo.
Em
termos estratégicos, a redução da aposta na agricultura na Europa é um erro que
irá desequilibrar a nossa competitividade no mercado global, quando países como
China e os Estados Unidos estão a apoiar fortemente a produção agrícola.
Em
Portugal, esse erro poderá ter consequências ainda mais nefastas, fazendo
aumentar as nossas importações de bens essenciais, num momento em que a
recuperação da economia exigiria antes a criação de riqueza e emprego.
Mas,
como vos disse, entre o sol e o granizo os agricultores portugueses já se
habituaram a viver com o rigor das intempéries…
Até
para a semana, se Deus quiser!
Florival Pinto
Sem comentários:
Enviar um comentário