quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

MEMÓRIAS - Hoje pelo Chico Manuel


                            AGUADEIROS

Nestas “Memórias” é minha intenção não só homenagear figuras que fizeram a história do Alandroal, mas também recordar profissões (ou meios de sobrevivência), a que a vida de outrora obrigava.
Teremos que recuar muitas décadas. Anos 40, talvez.
Saneamento básico era um privilégio das grandes Cidades.
Como tal, e pese embora pelas bicas da nossa Fonte a água jorrasse em abundância, o que dava para alimentar todas as hortas que primavam pela beleza e fartura ( Ferragial, Dr. Matias, Manuel Biga, Chico Garcias, Horta do Bexiga, Horta do Nicolau, Horta do Fontes, das Ìsaias), ainda sobrava para os Lavadouros e para encher os cântaros.

Mas (já nessa altura) nem todos se sujeitavam a carregar a água para casa.
E aí nasceram os AGUADEIROS, motivo principal da nossa escrita de hoje.

Não posso precisar bem qual o introdutor da profissão no Alandroal, mas de dois nomes me recordo: O MARCOLINO, e o TEÓFILO (este último meu avô materno, Guarda Fiscal, que além de iniciar os seus filhos nesta azáfama, também se dedicava à feitura de pincéis para caianças [daí a alcunha de “Pinceleiros” do qual muito me orgulho]), e que mais dia, menos dia será objecto de mais uma lembrança.
Uma outra “figura” se dedicou ao mesmo ofício: o ZÉ TRINTA, pessoa que muitas memórias deixou no Alandroal, pai de uma outra personagem que ficou nos anais da história da nossa terra, grande amigo, desaparecido prematuramente: o Sousa.
Talvez também um outro nome me esteja a faltar, pois recordo-me de um dia involuntariamente ter partido os cântaros ao MURTEIRA o que na altura foi considerado propositado, e deu azo a negociações difíceis e castigo severo para mim, pelo que talvez no início da sua vida também tivesse enveredado por este negócio.
Desse tempo recordo o típico carro do Marcolino
, puxado por uma mula, constituído por uma placa forrada a cortiça, com uma dúzia de buracos, ajustados para o transporte dos cântaros.
Do meu avô Teófilo, recordo perfeitamente o carro de mão e a burra,
 com lugar para 4 cântaros e as peripécias contadas pelo meu Tio Zé Luís, sobre a distribuição domiciliária do precioso líquido.
Resta-me acrescentar que cada cântaro de água da Fonte custava dois tostões, já o da Fonte das Bispas era vendido a cinco tostões. Mas também havia quem preferisse a água da Fonte da Neca.

Chico Manel


11 comentários:

Anónimo disse...

A "mula" do Marcolino está disfarçada de burra...

Anónimo disse...

Bom trabalho Chico.
Parabéns.
Que venham mais referências a figuras IMPORTANTES (que o foram de facto)da nossa sociedade, anónimamente desaparecidas.
Que venham para memória cultural presente e futura..."enquanto o tempo se não apague".

Tói da Dadinha

Helder disse...

Parabens, ao F Manuel por esta "Memória" e pelas fotografias que aparentam bem conservadas.
Estes testemunhos dão a conhecer aos mais novos como era a vida outrora e a recordar as nossas raízes.
Helder

Anónimo disse...

Não ha um Sousa em Bencatel que pertence ao Zé Trinta?

Anónimo disse...

Em Bencatel vive o Miguel Filipe, filho do Zé Trinta, sim senhor comentarista das 21:21, de ontem.
Desde há alguns meses, o Miguel Filipe vem lutando contra doença cancerígena.
Encontra-se muito debilitado.
A quem por qualquer meio o puder fazer, que se lhe conceda o melhor apoio.

Abraços

Tói da Dadinha

Anónimo disse...

IRmão do referido será o Miguel Filipe não?

Anónimo disse...

Esqueceste-te do Joaquim Pina que morava em S. Pedro

francisco tátá disse...

Nunca ouvi falar... talvez não seja do meu tempo.
De qualquer maneira aqui fica o registo e obrigado
Chico

Anónimo disse...

Ó compadre!!! Irmão do referido (Miguel Filipe) será o Miguel Filipe. Não pode...
São irmãos do Miguel Filipe o António e a Odete e, era, o João José, o nosso Souza (já falecido).
A mãe, Mariana Palma (GRANDE SENHORA),vive no Lar da Misericórdia do Alandroal.

Abraços

Tói da Dadinha

francisco tátá disse...

Amigo Tói o Miguel Filipe conheci eu bem. Morava na Travessa da Bica da Horta e gostava muito de lhe "enfeixar" uns copos ultimamente no Café do Grilo.
Quem eu não conheci, nem nunca tinha ouvido falar era do Joaquim Pina.
Um abraço
Chico

Anónimo disse...

Caro Chico

Tem razão o autor do comentário das 15,04, de ontem.
O Sr. Pina vivia de facto em S. Pedro.
Era Cantoneiro da JAE e mais tarde, após a Reforma, dedicou-se também á venda de água das Bispas.
Presumo até que enquanto Cantoneiro eram da sua responsabilidade a "limpeza e caiação" daquele espaço e da respectiva "desmatação".

Abraços

Tói da Dadinha