quarta-feira, 28 de novembro de 2012

HÁ PÃO PARA TANTO CHOURIÇO ? (Rubrica semanal de ANB)

“Há Pão para Tanto Chouriço?”  
 Na Republica dos Chícharos

   Palavras-chave
    (i)Verdadeiro vs Falso/ O Estado social é um favor?
    (ii)Nova Ibéria / Os Catalães põem tomates no pão;
    (iii) Escolhas invulgares

(i)
O Al tejo não se deixa enganar. Não foi nem irá nisso mas, uma das maneiras que a informação diária dos telejornais tem de baralhar-nos e dar de novo, em regimes ditos democráticos,  é a de divulgar números e indicadores económicos de diversas fontes e de diversas instituições especializadas tudo monte. E ao mesmo tempo.
De tal maneira que ficamos sem saber qual é e onde está a verdade.
O espectáculo chega a ser insidioso e, claro,  abertamente manipulador e mentiroso desorientando-nos embora sem nos enganar completamente.
Sendo assim, resta-nos tentar perceber e descortinar algumas ideias fortes e verdadeiras distinguindo-as das ideias falsas que nos impingem com meia dúzia de palavras.
À escala portuguesa, anotem aí, exemplos de uma informação e discussão perigosa e enganadora:
   Ideia falsa: a versão oficial do Estado português é a de que o Estado social que temos é demasiado caro…
   Ideia verdadeira: segundo um estudo coordenado por Raquel Varela (“Quem paga o Estado Social em Portugal?), “(…) o que os trabalhadores pagam para o Estado social é mais do que o suficiente para cobrir aquilo que recebem.” A investigadora prova que não só o Estado social é viável, como até criador de superavit.
Acrescenta que “entre 1995 e 2002 o saldo foi positivo. Mas aí o Governo não explicou o que fez aos montantes excedentes”.
Precisam de mais exemplos além desta realidade provada para separarem o trigo do joio informativo e poderem perceber que esta crise não é culpa nossa?
Ou que desta austeridade demasiado cega, orientada no sentido do liberalismo autoritário, não virá a competitividade acrescida que a economia precisa?

(ii) A nova Iberia

Para além das interpretações parcelares de mera conveniência politica, o que estas eleições na Catalunha republicana mostraram, mais uma vez, é que “o irredentismo catalão” está bem vivo contra o domínio centralista de Castela desde 1714 quando os catalães foram derrotados e perderam a sua independência. Repare-se, alias, que os catalães à semelhança dos sérvios continuam a comemorar uma derrota…  
Quanto à independência total, diríamos que, é uma questão de tempo e de oportunidade histórica. Seja por via parlamentar já maioritariamente soberanista. Seja por outra via.
Antes, ou a seguir à Catalunha, seguir-se-á o País Basco, depois a Galiza e quem sabe a Andaluzia sendo que esta autonomia até poderá vir a tocar o Alentejo extremenho.
Face às novas alianças que vierem, então, a desenhar-se imaginem que podemos vir a ter já não, a grande Espanha, mais uma nova união, chamada a  Ibéria com 17 ou 18 estados federados todavia com uma nova força e capacidade de projecção politica no cenário internacional. E sobretudo com um maior poder marítimo  e bons portos de mar. Como Antero e não só a pensou!
Percebem agora porque é que os ditos governantes espanhóis (não digo os galegos…) gostam tanto e  vêm preferindo Lisboa nas férias do Natal e Pascoa?
Se isto é apenas uma mania algo fantasiosa, e mesmo temerária, da nossa parte, pergunto se já  pensaram no que fez e conseguiu D. João II, o Príncipe Perfeito e nos celebres e coloridos versos de António Gedeão?

(iii) O Alandroal visto da Torre

É uma das notícias do dia que nos toca. Os ingleses não estiveram com meias medidas. Nomearam para governador do Banco de Inglaterra, um canadiano, Mark Carney. Sem nenhum problema politico ou institucional.
Imaginem agora que o Banco de  Portugal escolhia  para seu Governador um inglês ou um americano. Já viram a polémica que isso ía dar? Mas, também já viram as diferenças na governação do B.P. e a coragem politica que separa os tachos e os tachistas de quem tem e se apresenta com verdadeiras competências para estes cargos?
Imaginem ainda, por momentos, que o Ministro das Finanças pedia emprestados uns conselhos a Bill Gates para relançar a economia portuguesa?
Têm duvidas que seria um sucesso e que rapidamente Portugal sairia da cepa torta e do buraco onde estamos?
Imaginem, por fim, um cenário destes aplicável no Alandroal.
Dá para perceber que esta pratica vai ser cada vez mais frequente e experimentada, a diversos níveis, nacionais e locais, incluindo os casos de autarquias locais que estão em permanente bloqueio das suas tristes finanças?
Acham que estas mudanças anunciadas e postas em pratica, em Inglaterra, para além de serem a consequência dos tempos actuais de internacionalização dos problemas políticos e económicos, pode começar a resultar em tudo quanto é sítio que tenha  situações existenciais (e económicas) semelhantes? (J. Kennedy não era de ascendência irlandesa, Madeleine Albright  de origem checa, N. Sarkozy de raízes húngaras e B. Obama meio queniano?).
E, por aqui adiante, Passos Coelho não nasceu em Angola e C. Silva lá no que foi o reino dos algarves? Em que ficamos?  
 ANB
    (28/11/2012)

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu caro A.N.B.!!!!
Tás a dar-me, uma no cravo e outra na ferradura...á priori, comentas a falta de pão para tanto chouriço e aqui penso que te enganaste, não são chouriços, mas sim NABOS...com a lição bem estudada em determinado sentido !!!
Depois, enalteces a escolha dos "beefs" emoldurando uma tecnocracia global liberalista, ou eu me engano muito, ou é disso que já estamos fartos, eu não vou por aí !!!!
A globalização é um falhanço, digam o que disserem, para nós europeus foi uma catástrofe.!!! penso que temos que voltar a ser nós próprios e não marionetas, de um qualquer prestidigitador universal..
Como tal, acho que temos que falar sobre tal assunto.
Um abraço,
HOMERO