quarta-feira, 31 de outubro de 2012

POETAS POPULARES ALENTEJANOS

Até o Bocage aplaudiria!


Aqui vão décimas do Sr. Máximo, natural de Avis (Alto Alentejo).

JÁ TENHO LICENCIATURA

Já tenho licenciatura
Agora sou um doutor,
Tenho montes de cultura
Vou ser Ministro? E se fôr?...

Inscrevi-me ao fim do dia
Naquela Universidade
Dos diplomas de inverdade
P'ra testar o que sabia.
Já de manhã, mal se via,
De maneira prematura
Eu fiz muito má figura.
Mas mesmo sem saber nada
Formei-me na Tabuada,
Já tenho licenciatura!

Dei cem erros no ditado.
E agora o mais curioso :
Por estar muito nervoso
Á recta chamei quadrado!
Quando me foi perguntado
Se conhecia o Reitor,
Respondi que não senhor
Embora fosse meu tio!
Disse mentiras a fio,
Agora sou um doutor!

Com mesquinhez e com tudo
Puxei das equivalências,
Juntei outras mil valências
Deram-me mais um canudo.
Com diplomas, contudo,
Era fácil a leitura,
Deixei de ser um pendura,
Sou político afamado.
Sou falado em todo o lado,
Tenho montes de cultura

Já sou Mestre em Corrupção,
A todos sei enganar.
Habituei-me a roubar
Tirei curso de ladrão.
E agora, queiram ou não,
Mesmo sem nenhum valor,
Eu falo que é um primor
Na Assembléia sentado.
Para já sou deputado.
Vou ser Ministro? E se fôr?

Máximo, Avis, 17 de Julho de 2012

1 comentário:

Anónimo disse...

Para o meu amigo Máximo.

Só neste País a fingir...

"Vou ser Ministro? E se fôr?"
Não trará nada de novo.
Mais um p'ra roubar o povo
E fá-lo sem qualquer pudor.
Um Ladrão é um Senhor
E não nos cairá no chão...
Foi deputado da Nação
Já vem com a escola toda,
Quer é que o povo se foda
Mas mete-o no coração.

Peça à malta que em si vote
E alguns milhões de mendigos,
Irão dar-lhe acesso ao pote
A si e aos seus amigos.
Minta até aos Sem Abrigos;
É uma classe em expansão.
São já bem mais d'um milhão
P'ra engulir seus enganos…
Minta também aos ciganos
P'ra vencer a eleição.

Quando chegar a Primeiro
Será o dono do País.
E o povo tem o que quis:
Mais um ladrão no poleiro.
Já pode pedir dinheiro
À Troika endinheirada…
Conte com a parvalhada,
Com os pelintras votantes,
Que são todos bem pagantes
Mesmo sem deverem nada.

Que povo este tão casmurro.
Até chega a ter em mente
Que tu és inteligente
E ele próprio é burro.
Não acorda nem a murro…
Acorda povo honrado!...
Este eterno enganado,
Nem vê que um falso doutor,
Não passa dum impostor
Que tem ser castigado!

Boa noite.