“ HÁ PÃO PARA TANTOS CHORIÇOS?" - Rubrica de A.N.B.

(I)
No carrossel de avanços e recuos diários deste governo infundado e da duríssima conjuntura politica e social em que o país passou a viver, tivemos oportunidade de ver a intervenção tipo bispal de Paulo Portas na abertura das jornadas parlamentares PSD-CDS.
Parecia, de facto, a conversa de um oráculo romano indiferente ao triste destino da grande maioria dos portugueses!
Foi mais um exercício de penoso disfarce político, à portuguesa, na medida em que P. Portas deu sinais de que vem aí o 2º resgate, sinalizando de passagem a queda próxima do governo, e mantendo o seu distanciamento do Orçamento de 2013.
Depois num tom europeu incontornável, disse que Portugal deve ser proactivo em relação à troika. Até que enfim, caramba!
Ou seja: “vamos lá tentar renegociar as condições da divida externa face aos próximos exames da troika e às incríveis dificuldades que vamos viver”. E vejam lá como fui MNE, caixeiro-viajante no Brasil, e também sou um anti-Gaspar e anti-P.P.Coelho
Quer-nos assim parecer que P. Portas já começou à procura do seu próprio futuro avisando, de caminho, que está disponível para uma nova coligação onde seja Vice-Primeiro de um novo Governo. Desta vez pelo seguro em aliança com o Partido Socialista.

(II)
Não sei se o Al Tejo concorda com este modo de ver as coisas mas uma coisa é certa: Paulo Portas, é incapaz de viver e de se pensar fora do exercício permanente dos poderes políticos ministeriais. Tornou-se um profissional da retórica política.
Seja na AR, seja num qualquer futuro governo. E como tal fará as alianças mais estapafúrdias e as que forem necessárias …desde que, claro, o eleitorado o vá permitindo e não o pressinta como um populista de direita com um certo talento táctico.
Mudar é que já não muda!
Por isso não estranhem os seus silêncios na AR, e no caso Miguel Relvas, um problema que, aliás, se tornou fatal para a coligação devido às constantes e mentirosas recaídas.
A única coisa que Paulo Portas teme é que o CDS possa “cair escada abaixo” em termos eleitorais. A história lembra-lhe que o CDS já foi o “partido-Taxi”. Enquanto P.P.Coelho e mesmo M. Relvas nada lhe dizem. Nem já se entendem os três.
O primeiro porque teve a manha de chegar a 1º Ministro sem ter competência e coragem para o cargo; o segundo, porque é um trapezista politico sem escrúpulos de qualquer espécie. O piorio do PSD.
Um pau mandado e um pau mandante em refundação com as vestes, a pose e o elmo medieval que Salazar usou para se fazer passar por refundador e salvador da Pátria, à moda de D. Afonso Henriques nos anos 30.

(III)
Está quase a chegar a Portugal a pesada chanceler A. Merkl para continuar a mostrar aos PIGSS(s) do Sul que quem manda nas regras do jogo politico europeu, da UE e dos mercados, é a Alemanha.
Sinceramente, admiramos-lhe a frieza, a desonestidade, a coragem politica e o modo eficaz como, sob a sua liderança, a Alemanha está enriquecendo com esta crise europeia apesar de haver sinais de abrandamento nas exportações alemãs e da dita crise a poder também afectar. Como já está a acontecer.
Postas, porém, as coisas neste pé e sem prejuízo da Matrona Germânica dever ser bem recebida pelo protocolo do estado que haja Alguém do governo, de preferência, o Primeiro Ministro, a confrontá-la publicamente com a crueza dos números que estão obrigando Portugal a sangrar e a regressar com muita violência social ao século passado.
Pela minha parte, lembrar-lhe-ia apenas dois números de porem os cabelos em pé:
1º. Vamos pagar 33.000 mil milhões só de juros por um empréstimo no montante conhecido de 77.000 mil milhões;
2º. a União Europeia financia-se a uma taxa de juro mais baixa à qual depois adiciona 2.15 à taxa das tranches financeiras que vai entregando a Portugal; o FMI faz o mesmo. Esta margem vai custar-nos a pagar qualquer coisa como 1.100 milhões por ano.
É caso para perguntar: se isto é UMA AJUDA… então, o que será um novo resgate com a Alemanha novamente à cabeça do trio de abutres financeiros internacionais que já conhecemos?

(IV)

Alandroal/Agenda 21

Comparando a situação do país com a do Alandroal e até com os números e com os gastos descritos na Agenda 21 do Concelho, pode perguntar-se com um sorriso nos lábios se o Alandroal é ou vai ser:
(a) um oásis de bem estar no meio do seu próprio deserto de gente e de um mar de dívidas?
(b) um poiso de Iniciativas e paraíso de novas grandes marcas turísticas mandando para o lixo a que, com boas raízes históricas, já existia?
(c) se tem uma direcção politica de actores sem necessidade de mudança e capaz de fazer inveja pelo menos ao resto dos políticos da nossa região? Será mesmo assim?
(d) com um desenvolvimento em fila de espera e um crescimento em vias de aparecer como nunca aqui houve… haverá nos arredores do Alentejo coisa igual?
(e) O Orçamento Participativo que foi prometido é para cumprir?...
(f) podemos enfim apostar desta vez na recuperação das Fontes e Chafarizes da nossa Vila?

Portanto, parece-nos que o único problema é o de saber se no cardápio camarário tudo isto é mesmo verdade? Ou se, é outra coisa qualquer …e já agora com que desilusões, custos sociais, gastos inoperantes e orçamentais por cumprir?
Por outras palavras: quais são os chouriços que estão e continuarão abichando aqui e que devem ser refrescados e mudados no caso visível de estarem a falhar?

Anb
(30/10/2012)