Sempre fiz parte ativa das diferentes
comunidades educativas por onde passaram os meus filhos, através das diferentes
associações de pais e encarregados de educação, até quando na creche e
jardim-de-infância tal associação não existia mas onde era hábito os pais
fazerem parte de direções e restantes corpos sociais. E tenho ainda reunido,
nos últimos quase três anos com vários representantes destas associações que
mostram, em meu entender, um cada vez maior envolvimento dos pais na vida escolar
dos seus filhos. Um evidente progresso de abertura da escola aos pais, e do
inverso também.
Tenho tido, por isso, oportunidade de
olhar de um outro ponto de vista para estas associações. É que tratando-se de
membros de associações por períodos de tempo relativamente curtos, é natural
que também queiram ver os problemas que encontram resolvidos o mais depressa
possível, em tempo útil, para que os seus educandos sejam ainda beneficiados. É
que, como diz o provérbio, «pai com frio, filho com cobertor». E é com imenso
gosto que me tenho apercebido de que também muitas das posturas de exigência de
direitos estão a ser substituídas por vontades expressas de participação, de
ajuda, de forma absolutamente voluntária.
Este voluntariado na comunidade escolar
cria uma coabitação a meu ver saudável, um verdadeiro convívio intergeracional
e espelha uma consciência de parentalidade que passa para as mãos destas
associações o papel de autênticas «escolas de pais» informais, espécie de nova
oportunidade para partilhar competências que sendo obviamente individuais serão
sempre validadas por práticas comuns e de sucesso provável. É que as crianças,
pelo menos até aquela idade da adolescência em que ao “adolescerem” os jovens
já se acham mais adultos do que crianças, gostam de ver os pais envolvidos na
sua vida escolar, sem ser apenas para ouvir queixas de maus comportamentos ou
outras más notícias.
E mais acrescento que mesmo a criação
de órgãos como o é o conselho geral, instituído no 17º governo constitucional, pela
então ministra Maria de Lurdes Rodrigues, onde os pais estão representados, não
desalentaram a sua organização em associações de pais e encarregados de
educação. A participação cívica também passa, e muito, por aqui ainda que
limitada aos que preenchem a condição de encarregados de educação. E porque ali
estão, nas associações, confrontando os tais interesses individuais uns dos
outros, confrontando-se com o interesse de um coletivo e com os interesses das
escolas e dos professores, aprende-se que muitas vezes não sendo viável o
desejado, será exequível pelo menos o possível. E isso é ver o mundo numa
perspetiva mais ampla, menos a partir do seu umbigo, antes encarando-o
dignamente à altura dos olhos.
Até para a semana.
Cláudia Sousa Pereira
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