Segunda, 02 Julho 2012 10:12
Acabou ontem mais uma feira de S. João, no mesmo dia em que
terminou o Campeonato Europeu de Futebol.
Entretenimento, diversão, propaganda, tudo a fazer esquecer as
agruras da vida, os tempos difíceis que vivemos, os tempos ainda mais difíceis
que se avizinham.
Houve a cimeira do Rio, houve também uma cimeira europeia, o
primeiro-ministro andou pela América do Sul, a exibir o mostruário das empresas
a privatizar, como um antigo caixeiro-viajante, a bater de porta em porta, para
tentar vender o país como se de banha da cobra se tratasse.
A comunicação social cumpriu bem o seu papel, deu as primeiras
páginas, as notícias de abertura ao circo, deixando o pão, ou a falta dele,
para cantos mais discretos do alinhamento noticioso. A marcha dos mineiros
asturianos sobre Madrid, aqui ao lado, é bem um exemplo disso mesmo. Quantos
portugueses saberão o que se passa em Espanha? Quantos portugueses terão a
perceção da dimensão desta crise que nos atingiu?
Sabemos todos, que entre o que o governo afirma e o que
vivenciamos, vai uma grande distância, começamos a ter a certeza de que a
austeridade não nos leva a lado algum, a não ser a bancarrota, que não bate a
bota com a perdigota em quase nada do que o governo prevê e a crueza dos
números.
Acabou a Feira de S. João e viu-se que as pessoas, embora
tivessem vontade de se divertir, de aproveitar a ocasião para algumas compras,
mais ou menos vantajosas, não tinham dinheiro para gastar.
Sentiu-se também que essas mesmas pessoas andam fartas,
desamparadas, revoltadas e que nada de bom poderá sair daqui. É preciso mudar
de rumo, é preciso dar esperança, fazer acreditar que é possível mudar de rumo
e que essa mudança é a nossa derradeira oportunidade.
Há que exigir transparência nas decisões e clareza na sua
divulgação, há que combater a corrupção na sociedade portuguesa, de alto a
baixo, de uma ponta à outra, sem contemplações. Só com conhecimento de causa
podemos optar por uma solução ou outra, só com uma justiça eficaz se pode viver
Como diria o outro: Ou há moralidade, ou comem todos….
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Miguel Sampaio
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