terça-feira, 15 de maio de 2012

EM MEMÓRIA

Introdução:
O texto que se segue (outros lhe seguiram as pisadas) foi copiado do livro  “Castelo do Alandroal VII séculos”.
Pretendemos com os mesmos homenagear a memória de um grande amigo: Vicente Roma”

Vários são os motivos que nos levam a divulgar algo que escreveu sobre a sua terra natal
1º - Era um amigo
2º - Era um Homem digno
3º - Sempre lutou em prol de um Portugal melhor e acima de tudo pelo Alandroal.
4º - Porque temos a certeza que se ainda estivesse entre nós seria por certo um colaborador em toda a acepção da palavra deste projecto que dá pelo nome de Al  Tejo.

Assim sendo, e já que prematuramente nos deixou, resta-me aqui deixar palavras escritas pelo Vicentinho, já que na actualidade não pode fazer.
Resta-me apenas pedir desculpa a todos aqueles a que a memória avivei, em especial ao Dino, por lhes recordar o nome de quem nos deixou tantas saudades.
Descansa em PAZ AMIGO
Xico

O usufruto de um Castelo por uma população – o caso do Castelo do Alandroal e da Vila do Alandroal
(Comunicação ao colóquio do dia 5 de Setembro de 1998 Junta de Freguesia do Alandroal)

O Viajante que Chega ao Alandroal

O viajante que chega ao Alandroal, vindo de Vila Viçosa, por S. Pedro, não deixará por certo de se surpreender com a repentina aparição do Castelo. Não o viu de longe e, agora, surpreendentemente, deparasse-lhe à sua frente. Apesar da sua imponência não será preciso olhar para cima para o ver bem. Dir-se-á até que tem que olhar para baixo. “Curioso”- pensará o viajante.
Esta sensação vai desaparecendo progressivamente, enquanto vai descendo a Rua António José de Almeida e chega, digamos, ao sopé do Castelo, no Largo da Matriz. Aqui olha para cima, pára. Repara então que o Castelo aparece camuflado por edificações. « Fizeram as casas junto á muralha e é pena» - diz para si próprio.
Descendo a Praça da Republica (antiga praça do Príncipe da Beira – diz a placa toponímica) até à rua João de Deus (antigo caminho da Fonte), confirma a observação e tem momentos em que sabe que estão ali o Castelo e a Muralha, à sua direita escondidos. De repente, nua de casas, uma torre aparece-lhe. A seguir, novas edificações se colam à muralha.
No seu périplo de contornar a muralha vai sempre encontrando edificações que considerará espúrias até , que de novo, descobrirá uma Berta, quando dá conta que está perante uma entrada na muralha. Aqui, pela primeira vez, observa com alguma atenção o tecido urbano à sua esquerda. A vila desce, desce a muralha, primeiro em curiosas escadinhas e depôs em rampas de inclinação considerável, dando uma forma de ruazinhas estreitas e irregulares,, todas elas a desembocar  perpendicularmente numa outra, também ela estreita , que corre paralelamente à muralha mas a uma distancia já considerável.
(Continua)

6 comentários:

Anónimo disse...

OBS.


Pode até nem parecer lá muito,mas por favor reparem na qualidade da escrita e como a descrição se vai entrelaçando com o leitor de um modo conciso e adequado aos mais diversos tipos de leitores.

Reparem como Ele usava e como dispunha da sua própria formação em Sociologia, alternando-a com a componente histórica de forma
a manter-nos atentos ao quadro de fundo que pretendia apresentar.

Leiam porque se for a primeira vez pode ser que não seja a última como vai acontecer a este Amigo de infância,colega de Tudo, do Vicente Roma.

Partiu cedo.Não teve alternativa.É o que o tempo há-de fazer a todos nós.
Sem muitas vezes percebemos bem aquilo se perdeu.E que o Alandroal teve sempre,felizmente,à mão de semear.Como ele próprio pensava, sempre agiu e conseguiu fazê-lo.

Boa ideia esta do Al Tejo.

Antonio Neves Berbem

Anónimo disse...

Tenho o livro desde a sua publicação.
Até com uma dedicatória do então presidente da Junta, António João Fontes Coelho.

Já li e reli, várias vezes, este texto do Vicente Roma.

Um primor : Na forma e no conteúdo.

Em minha opinião foi um dos melhores textos que jamais se escreveram sobre o Alandroal.

Merece uma publicação integral, pois assim, dividido por vários dias, há sempre qualquer coisa que se perde.

francisco tátá disse...

Sabe amigo
Nem todos têm a mesma apetência pela leitura e diz-me a experiência, confirmado por outros bloguistas que muita vezes quando os textos são demasiado grandes, a maior parte passa-lhes por cima e nem sequer o principio leiem.
É o motivo porque decidi colocar a escrita do Vicente em capitulos semanais. Talvez assim seja mais lida.
No entanto e à semelhança do que tenho feito com outras obras o texto completo será presente deixando eu o link respectivo para que então possa ser lido na totalidade.
Muito obrigado pelo seu comentário
Chico Manuel

Anónimo disse...

CHICO !!! já me tramaste...falar sobre o VICENTE, não é fácil,é muito dificil mesmo,principalmente para mim!!! de todos os amigos e amigas, que tive até hoje, nenhum teve ou tem, a grandeza, em todos os capitulos da nossa vida, que ele tinha, foi um HOMEM com H grande,foi um companheiro para todo o tipo de diversão,podiamos estar falando durante horas,sobre os mais variados temas, que a conversa não enfadava,saíamos do Alandroal a qualquer hora do dia ou da noite, sem problemas em lado algum, em suma, foi um HOMEM !!!
Talvez, porque o vim encontrar numa altura má da minha vida e da dele, a nossa AMIZADE foi à priori imensa e o será, até á minha morte...O falecimento da minha MULHER, doeu-me muito, mas o dele, não lhe ficou atrás...
O VICENTE foi e será, um vulto inesquécivel do Alandroal e das nossas tertulias!!!!
Se de facto existir um "EDEN", tenho quase a certeza, que é por lá que ele se passeia, na companhia de outros grandes AMIGOS nossos...
Não tenho mais palavras...desculpem !!!
Manel Augusto

Helder disse...

Muitas recordações hão-de persistir do Vicentinho.
Recordei-o aqui, quando me referi aos cantadores dos reis. onde aparece no vídeo, com "Aquele abraço Vicentinho"
A recordação mais forte que dele fiquei memorizado foi junto à farmácia, onde me disse que não estava bem e apontou para o estômago, "isso foi da noite de ontem" respondi-lhe.
Com sorriso de amigo disse que não.
Dias depois estava eu e o Bráulio encostados por falta de gásoleo, passado o Redondo e o Vicente volta atrás e traz-nos cinco litros de gasóleo.
Depois foi o declinio.
Com AQULE ABRAÇO,VICENTINHO, O meu sorriso de AMIGO.
Helder

Anónimo disse...

O Vicente, os VII Séculos do Castelo e outras vivências comuns na oposição ao antigo regime.
VIVÊNCIAS ainda hoje, saudávelmente,recordadas.
Mas, deixemos umas "para outra altura" e falemos sobre a outra da comunicação que apresentou em um dos colóquios submetidos ao tema dos VII Séculos do Castelo, que é o que ao caso interessa.
Dadas as proximidades familiares e de amizade o Vicente seria, sempre, convidado para participar. Como de pronto aceitou, dizendo-me no entanto: Aceito o desafio por tudo aquilo que nos une em torno da nossa terra mas...vou ser algo crítico sobre o STATU QUO (de então).
Ao que lhe disse: Escreve o que considerares útil para o objectivo que se pretende. Tens toda a liberdade para o fazer. E ASSIM FOI (como não poderia deixar de ser, quanto a mim).
Após esta breve!!! introdução e correspondendo ao apelo do Chico quanto ao contributo do Vicente, direi:

O Vicente descreveu, inteligentemente, aquilo que algum Alandroalense está obrigado a fazer quando "retorne" á sua terra. Iniciar na Casa da Mala (junto á escola) uma peregrinação pelas ruas, envolvendo o Castelo e terminando nos Arcos á Ventura, do Arrabalde. De preferência SÓ...e OBSERVANDO BEM TUDO O QUE VAI VENDO...as indescritíveis envolvências.
Ele soube-o fazer de uma forma SUBLIME.
Que outros o saibam fazer também.
HÁ "CANTOS" NESTA TERRA QUE MERECEM MUITA "MEDITAÇÃO".

Uma vez mais, obrigado Vicente.

Abraços para todos

Tói da Dadinha