segunda-feira, 14 de maio de 2012

COLABORAÇÃO DR. ALEXANDRE LABOREIRO


Educação e investimento


«O passado já não ilumina o futuro, o espírito caminha nas trevas».
                                                                                                            Alexis de Tocqueville

Não há dúvida de que a Educação é um acto político, na medida em que ela  -  uma vez promovida junto de uma determinada sociedade  -  despoleta em cada ser humano a oportunidade da criação de um cidadão consciente, responsável  e interventivo numa comunidade democrática, como favorece o emergir de uma produção económica mais florescente mediante um crescimento de produtividade (possibilitando, em estruturas democráticas, uma maior e legítima distribuição de riqueza  -  gerando mais Felicidade, Paz, Liberdade, Igualdade e Fraternidade).
Raúl Gomes (in “Educação e Humanismo”) adverte-nos que “os caminhos que levam ao humanismo concreto passam pela educação... mas por um novo tipo de educação baseado na associação íntima entre a mão e o cérebro, entre a prática e a teoria científica, e mediante a qual todos os homens possam receber a formação necessária à plena realização das suas capacidades e aspirações, dentro, evidentemente, dos limites impostos por uma estrutura económica baseada na justiça social”. No mesmo sentido, podemos ler no Prefácio (escrito pelo Prof. Vitorino Magalhães Godinho) ao livrinho “Educação Cívica” (de António Sérgio): “Neste mundo desnorteado e desenraizado, temos de repensar toda a herança da experiência dos homens e todo o cabedal que na nossa pátria se acumulou e temos malbaratado, se visamos, se queremos visar, como cidadãos de toda a Terra, como portugueses, como europeus também, e como gentes de pés bem firmes no terrunho, tentar definir novas metas e caminhos para continuar a aventura humana de modo a que cada homem  -  assim o disse Kant  -  seja um fim em si próprio, e nenhum homem seja instrumento ao serviço de outrem”  -  afinal, os parâmetros que presidiriam ao livro (“Educação Cívica”) de António Sérgio  -  que aludiria a pertinência da formação do aluno (futuro cidadão) na Fraternidade, Benevolência, Amor, Solidariedade, Civismo, Patriotismo, no Conhecimento, na Responsabilidade, no exercício do Intelecto  -  enfim, na formação de uma mente ginasticada, uma inteligência treinada, um espírito consciente, uma Pessoa assumida (fruto da “necessidade absoluta de que o aluno se habitue a cooperar pelo bem de uma comunidade, e que a Escola reproduza o mais possível a estrutura da vida social adulta”).
Referindo-se, mais concretamente à realidade portuguesa, a antologia “Desigualdades em Portugal” (colectânea de artigos publicados no “Le Monde Diplomatique”  -  edição portuguesa) diz-nos: “De referir ainda que os muitos baixos níveis de escolaridade da sociedade portuguesa tornam difícil uma cidadania activa e consistente, estando cada vez mais associada a uma sociedade da informação e do conhecimento indutora de maiores exigências cognitivas, culturais e reflexivas. E, naturalmente, as desigualdades no acesso à informação refletem-se nas desigualdades políticas”; realçando mais adiante que “a nossa economia continua a pautar-se por um modelo assente no desproporcionado peso das pequenas e médias empresas que recorrem generalizadamente à contratação de mão-de-obra barata e pouco qualificada. Parte importante destas empresas demonstra uma grande incapacidade de inovar e de investir”  -  salientando mesmo que “o défice maior a recensear é então, o da capacidade empresarial, da sabedoria na gestão e da imaginação organizacional e competitiva  -  porventura o da própria justiça social presente na relação salarial”. O mesmo livrinho, apelando a uma política educativa enquanto investimento social (fazendo sentir a relação íntima entre produtividade e deficiente escolarização) anota que “desde 2004, ao contrário do que, em regra, acontecia em anos anteriores, a taxa de desemprego dos jovens pouco escolarizados (primeiro e segundo ciclos do ensino básico) é superior à média dos jovens europeus. O que nos dá uma medida do significado dos dados perturbadores que mais marcam a condição escolar da população: entre os 20 e 24 anos, os que têm o ensino secundário completo são dois terços da média da União Europeia ... e o abandono escolar precoce é mais do dobro do da União Europeia”.
Efectivamente, como nos diz Ladislau Dowbor: que o avanço do sistema educacional dos países desenvolvidos não resulta meramente da construção de belas cidades universitárias e da tranquilidade das bibliotecas de pós-graduação, mas que estas é que resultam de um lento amadurecimento social e económico, e de profundas transformações estruturais na própria base das formações sociais, é de atender então (numa atenção político-social) aos recursos económicos dos alunos, às condições sociais e culturais das famílias, à ecologia local da escola e da residência dos alunos, ao contexto cultural, social e escolar dos vizinhos, à dinâmica local do mercado laboral, aos recursos arquitectónicos e tecnológicos da escola, às práticas pedagógicas operadas na Escola. A este propósito, lembramos, a título de registo, a seguinte ressalva do Prof. Vitorino Magalhães Godinho (em entrevista ao “Jornal de Letras”), em relação aos professores que lhe couberam no seu percurso como aluno: “Na escola, apesar da ditadura, tive alguns professores execráveis, mas tive outros muito bons, que ainda transmitiam alguns dos valores desse ambiente republicano. As próprias leituras que nos recomendavam estavam imbuídas ainda dessa mentalidade e desse conceito de cidadania”.
Atendendo que a Cultura é irmã gémea da Educação, na formação integral do ser humano, na construção da Pessoa, fixemo-nos na afirmação de Bento de Jesus Caraça sobre a incontornável necessidade de formação cultural do Homem enquanto alicerce da sua dignidade como participante da sociedade humana; diz-nos ele (in “As Universidades Populares e a Cultura”): “Deve portanto promover-se a Cultura de todos e isso é possível porque ela não é inacessível à massa; o ser humano é indefinidamente aperfeiçoável e a cultura é exactamente a condição indispensável desse aperfeiçoamento progressivo e constante ... Eduquemos  e cultivemos a consciência humana, acordemo-la quando estiver adormecida, demos a cada um a consciência completa de todos os seus direitos e de todos os seus deveres, da sua dignidade, da sua liberdade”.
Iluminemos, então, (na catalisação da Democracia)  -  enquanto membros da Comunidade Humana  -  o caminho da Verdade, da Justiça, da Ética, da Estética, do Amor, da Solidariedade, do Conhecimento, da Democracia  -  de modo a que se dissipem as trevas que turvam a inteligência dos espíritos (como alerta Tocqueville), e de forma a que  -  não havendo mais no mundo Homens que nunca foram crianças (como lembrava Soeiro Pereira Gomes)  -  todos os seres humanos (através da Educação, da Cultura, da Igualdade de Oportunidades, da Fraternidade, em Liberdade) se tornem Pessoas em assunção. Para isso, como apela Paulo VI na Encíclica Populorum Progressio, é obrigação de todos os Homens de Estado empenharem-se no cumprimento dos seus deveres de governantes: investindo na Condição da Pessoa Humana.
José Alexandre Laboreiro

1 comentário:

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