segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MEMÓRIAS DO PASSADO – HOJE A “MEMÓRIA” É DO TÓI DA DADINHA

…do “ALQUÉVE DA PIPEIRA”*

Aconteceu. Ao final de uma manhã de Domingo. Desde antanhos tempos, dia vocacionado para «na Praça» se agruparem muitos “olheiros” (em maioria os novos, em minoria os menos novos, mas que lá estavam também…lá isso estavam) quase se acotovelando em devota atitude “de observação e análise dos perfis femininos” que regressavam da Igreja, superiormente vigiados pelas mães. Tê-lo-iam conseguido, sob a pressão de tantos domingos seguidos?.
Terminada a celebração e após arrumo dos paramentos o Sr. Padre Silva (Joaquim Pereira da Silva) dirigiu-se ao exterior da Igreja, como sempre sucedia.
Cá fora, no patamar das escadas, aguardavam-no sempre alguns “fiéis” a quem dominicalmente concedia palavras de conforto espiritual, válidas a semana seguinte e, deles recebia desabafos “de vária ordem”.
Poder-se-á dizer que ali se confessavam “sem rede”. Ao contrário de nós, OS DE OUTROS TEMPOS, que sempre nos confrontamos com aquela divisória metálica (lembremos os cenários e esqueçamos os confessionários).
Não, não vou relatar o que “ao propósito” o Tobias Galhardas disse à nossa saudosa Professora D. Antónia Galhardas. (Fica em lista de espera)
Naquele Domingo e saída a Porta do Castelo, o Sr. Padre Silva caminhou até “ao Alto da Praça” acompanhado pelo Sr. Bernardino Maurício, pessoa com quem muito gostava de conversar.
Ali se separaram. O Sr. Bernardino, para a sua casa. O Sr. Padre, para a Taberna do Pimenta. Cada um para seu lado…com distintos propósitos.
(O SR. PADRE SILVA ERA MUITO DEVOTO AOS SABORES “DE BACO”, TODAVIA SEM GRANDES ALARDES. SÓ EXTRAVAZAVA QUANDO FORMAVA EQUIPA COM O MESTRE ALVES – Augusto Pascoal Alves, E COM O MESTRE MANTEIGAS – Manuel Luis Fontes).
Passemos á frente…
Assim acontecendo, o Sr. Padre Silva entrou na Taberna de Pimenta. Cumprimentando os presentes (poucos, como sempre) e arregaçando ligeiramente as vestes sacerdotais, sentou-se no comprido banco de madeira que se encontrava á direita DE QUEM ENTRAVA (melhor dizendo, o que fazia cabeceira com o lava copos de louça vidrada instalado sobre o balcão E QUE UM DIA DESAPARECEU SEM DEIXAR RASTO) e, respirou fundo (perante o sepulcral silêncio dos fregueses). Isto é, como todos conheciam “os dotes de curiosidade que PERMANENTEMENTE o ASSEDIAVAM”…EMUDECERAM…de pé atrás (já se vê), aguardando por alguma douta intervenção. Assim aconteceu…
Lá de dentro, da cozinha?, emanavam cheiros denunciadores de que em qualquer fervilhante “sertã” algo se fritava e que, fosse ou que fosse, expelia o secular aroma de tempero “A SAL E ALHO”. Uma delícia gustativa.
Pimenta fritava apenas algum peixe do rio que, milimétricamente, retalhara com “afiadíssima” navalha (autêntica lanceta).
Ainda hoje se não sabe se por GENÉTICA curiosidade ou se por AGASTURAS!!!, a verdade é que o Sr. Padre não resistiu e perguntou:
Então Sr. Pimenta, fritando uns peixinhos do rio não?
Ná, disse Pimenta…Estes não são do rio. São além “DO ALQUÉVE DA PIPEIRA”.
Abraços para todos
Tói da Dadinha

*(Alqueve: terra lavrada pronta para receber a semente) - (Pipeira: Herdade de grande extensão existente no Aalandroal)

1 comentário:

Anónimo disse...

esta já me estava a tardar !