sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A FAMILIA TIRA-PICOS - 6º

A PRIMEIRA ZARAGATA

"Quanto mais a gente as guarda pior" - Dizia o pai.
"Olha a sonsinha, parecia que não quebrava um prato, e vejam lá." -  Diziam as vizinhas
"É bem feito. Então o que queriam? Com um pai daqueles!!!" - Dizia o povo
"Ela já está mas é “prenha” - Diziam os mais espertos.
Certo é que o casal já estava a usufruir da “comunhão de bens” há um mês, e “trambolhão” daqui “trambolhão” dali lá se iam safando. Mais a mais que o Tira-Picos, parecia agora ter mais juízo, pois as idas à taberna tornaram-se menos frequentes e até tinha arranjado um “trabalhinho”, a colocar “fundos de buinho” em cadeiras de madeira e o Ceguinho Zé Rita tinha-lhe prometido ensinar a fazer cestos de verga. Trabalhos sentados, pois claro, pois dobrar o espinhaço era coisa que fazia comichões ao Tira Picos.
Vejam lá que o amigo Maçaneta, até o tinha convencido a ir para a música, pois ser da Banda sempre dava um certo prestígio: corriam-se as Festas todas, e ainda se ganhavam umas massas.
Enfim tudo corria pelo melhor, até que houve um baile na Sociedade da Musica, e onde o nosso amigo fazia questão de marcar presença, não só para mostrar que também ele já tinha mulher, como também para ficarem a saber que de futuro ele seria mais um elemento da Banda, e como tal com direitos adquiridos.
Ao almoço a Pardaleira disse ao marido que para ir ao baile teria que arranjar o cabelo (fazer uma permanente), o que bem vistas as coisas até se tornava necessário, e o Tira-Picos concordou. Só não esperava é que chegada a hora da janta, de Maria Amélia... nada. Oito, nove e quase dez quando, o “espantalho” no dizer do Tira Picos se apresentou, e ainda por cima depois de alguns “berros” lhe comunicou que a modificação visual tinha custado 40 mil réis. Precisamente o dinheiro que tinha feito nesse dia com a colocação de fundos nas cadeiras, e que ele esperava “esturrar” no “emborque” de umas minis no baile. Mas o pior ainda estava para vir quando a Maria Amélia lhe comunicou que tinha que pôr uma gravata, caso contrário não iria ao baile. Era o que faltava...as “arreatas” são para os burros, e se nunca ninguém me obrigou a coisa que eu não quisesse fazer não és agora tu que me obrigas a andar amarrado. Se não queres ir não vais...mas eu vou, e num acesso de fúria atira-se às “gadelhas”da mulher, e estraga-lhe o penteado, não ficando ele melhor pois a camisa foi ao ar!
Foram ao baile...ela de gorro enfiado no “toutiço” e ele sem camisa.
Saudações Marroquina
Xico Manel

(Continua p´rá semana)

1 comentário:

Anónimo disse...

Obs.

Existe alguma fotografia para além desta memória que mostre "o estrafego" em que estavam os dois?

Qual era a orquestra do dia? Ou era de concertina?

O baile estava composto?

A Pardaleira sempe foi dançar?

E quantas músicas foram?

O baile começou tarde e acabou
cedo?

Ou começou cedo e acabou tarde?


Houve mais casos?


Melhores cumprimentos

ANB