segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Portugal não é a Grécia
Miguel Sampaio

Segunda, 20 Fevereiro 2012 12:20
O nosso nível de vida regrediu para o dos anos setenta.
Temos um milhão e duzentos mil desempregados. Enquanto os impostos aumentam e com eles o custo de vida, porque esse aumento se reflecte no que pagamos pelos transportes, no que comemos, no que vestimos, para não falar na saúde. Os rendimentos das famílias decrescem, com a depreciação dos salários e no caso da função pública, mesmo com cortes substanciais. Reduz-se o tempo de descanso, cortam-se subsídios, facilita-se o despedimento, obrigam-se os funcionários públicos a andar de casa às costas, com a nova lei da mobilidade.
Abandonam-se os idosos à sua sorte, acaba-se com o crédito à produção, aconselham-se os jovens e os professores a emigrar, reduzem-se os apoios às ipss.
Inventam-se acordos de concertação social, que de concertação nada têm, já que favorecem quase exclusivamente o patronato, encenam-se umas falácias de pretenso sucesso, com números totalmente distorcidos e mente-se. Mente-se muito!
Por cá admite-se que teremos de pedir uma renegociação da dívida. Lá para fora recusa-se que tal venha a acontecer, entretanto, discute-se com os credores essa mesma renegociação.
Enquanto o país se arruína irremediavelmente, sem perspectivas de futuro, num plano inclinado para a miséria, o que diz o governo? 2012 será o ano da viragem, 2013 o da recuperação. Mas como?
Será a recuperação a constatação do facto de não se poder cair mais fundo? De não se poder descer mais?
São de tal ordem as mentiras, que quem visitasse este país sem nunca dele ter ouvido falar, julgaria estar num manicómio, onde a regra é o delírio, a expressão comum o dislate, e não é de estranhar, porque quando se ouve o primeiro-ministro dizer que o caminho para o sucesso é o empobrecimento, alguém com um mínimo de senso comum só poderá pensar que está de facto numa casa de loucos.
Loucos serão, sem dúvida, e surdos também e melhor fora que se quedassem mudos porque assim nos poupariam aos seus contumazes disparates.
A realidade infelizmente é que são eles que nos governam, e são também eles que se esquecem do que é governar, defender os interesses de um povo, sobrepor a dignidade dos seus aos interesses dos credores.
Deixo uma pergunta no ar, como se pode pagar uma dívida se não se produz o suficiente sequer para comer? Com mais dívida? Será este o caminho da retoma? A submissão aos interesses de quem ganha com a nossa miséria?
Dizem que não somos a Grécia… pois não! Se fossemos não nos calávamos…
Até para a semana.
Miguel Sampaio

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