quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

 Eram muitos e diferentes
Eduardo Luciano

Quinta, 16 Fevereiro 2012 09:27
No passado sábado, como não poderia deixar de ser, lá rumei a Lisboa para juntar a minha voz às vozes dos que acham que vale a pena lutar.
Ao fim de alguns anos de manifestações e acções de luta diversas, é natural que reconheçamos os que nos rodeiam, de outros momentos de protesto e indignação, sem grandes variações ou surpresas.
Quem me conhece sabe que tenho o hábito de registar em forma de fotografia as expressões dos que se manifestam, daí que olhe atentamente para quem me rodeia na busca estados alma, de determinações, cansaços, desilusões, esperança, alegria e até desistências.
Neste meu exercício deparei-me com algo de diferente. A média de idades dos participantes pareceu-me ser mais baixa com muitos jovens, com atitude de debutantes nestas coisas de vir para a rua agitar bandeiras e gritar palavras de ordem, a mostrarem o seu descontentamento.
Se o número de manifestantes era impressionante, a presença de muita gente em idade de ingressar no mercado de trabalho não pode deixar de merecer uma leitura mais atenta sobre as características da contestação às políticas deste governo no cumprimento do pacto de agressão assinado por PS, PSD e CDS.
Já não se trata apenas de sectores que tradicionalmente manifestavam disponibilidade para a luta, enquadrados pelas suas organizações sindicais. Estamos a falar de jovens que desfilam sem terem uma faixa que os identifique como trabalhadores desta ou daquela empresa, desta ou daquela região.
Perante a ausência de perspectivas de emprego, sem futuro visível, com um governo que os manda emigrar e lhes atira com o epíteto de piegas, são já muitos os que aparecem nas manifestações sem passarem por qualquer organização política ou sindical.
Bem sabemos que estas acções não são um fim em si mesmo. Exigem um árduo trabalho preparatório e são a soma de muitas pequenas acções locais.
O desafio que se coloca ao movimento sindical é o de envolver estas disponibilidades na luta organizada do dia-a-dia, quebrando o mito de que bastam umas mensagens trocadas nas redes sociais para por trezentos mil na rua em defesa de direitos ameaçados.
Demonstrar que a indignação só é eficaz se for integrada na luta organizada e consequente, é a forma de ultrapassar desalentos e frustrações que inevitavelmente surgem.
Nas últimas semanas os trabalhadores da Valadares mostraram como se faz e com que determinação se tem que fazer para se vencerem batalhas.
Haja a mesma disponibilidade para as pequenas batalhas de todos os dias, que existe para participação nas grandes acções de massas e verão como é frágil o papel de que são feitas estas imitações de feras neo-liberais que governam contra o povo, custe o que custar.
Até para a semana
Eduardo Luciano

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