Castelo Velho das Hortinhas e Castelinho (Terena, Alandroal)
Também designado Castelo Velho de ‘Lucefecit’, trata-se de um Povoado fortificado com cerca de 1 ha de área útil.
Foram definidos 4 níveis de ocupação distintos, com base em critérios unicamente tipológicos. Restos de muralhas são visíveis em vários troços. Foi ainda possível detectar à superfície, restos de estruturas que correspondem provavelmente a habitações.
Este povoado encontra-se implantado numa zona rural, em perfeita harmonia com a paisagem que o envolve. Embora não se situe num esporão, como será habitual noutras zonas do país, a defensabilidade deste recinto era conseguida, quer através da sua localização numa cota bastante elevada, protegida pelo Rio Lucefecit, de um lado, e pelas vertentes assaz inclinadas, do outro, como ainda pelos diversos panos de muralha que o delimitavam.
À semelhança das estruturas habitacionais localizadas no interior do seu perîmetro, a defensivas foram realizadas com a recorrência ao material mais abundante na região, ou seja, ao xisto. Apresentando diferenças formais e construtivas, estas estruturas poderão constituir um bom indicador para a diferenciação das diversas etapas pelas quais este povoado passou.
Com efeito, erguido a partir do Calcolítico, estas estruturas foram paulatinamente alvo de reutilização durante as épocas subsequentes, como atesta o próprio espólio móvel encontrado no seu interior, essencialmente formado por diversos materiais cerâmicos e metálicos, como no caso de artefactos de bronze e ferro. Em conjunto com as escórias de fundição descobertas junto àquela que se pensa constituir um dos acessos principais ao recinto, estes últimos materiais parecem atestar a relativamente intensa actividade metalúrgica perpretada pelas populações que ocuparam sucessivamente este povoado.
Juntamente com as muralhas propriamente ditas, foram detectadas outras estruturas defensivas, como nos casos de torres e portas de acesso, às quais conduziam, quase sempre, estreitíssimos caminhos, um dos mais antigos processos defensivos.
De referir será ainda, até pelas prováveis implicações interpretativas, o facto do denominado “Castelo Velho 2″ encontrar-se precisamente numa das elevações mais próximas deste Monumento Nacional, assim como o Santuário de Endovélico.(AMartins/Igespar)
«Situado na margem direita da Ribeira do Lucifecit o povoado fortificado do Castelo Velho das Hortinhas, do alto das suas encostas íngremes, integra uma paisagem predominantemente agreste, marcada por afloramentos irregulares de xisto que acompanham e dominam as margens daquela importante linha de água.
O local apresenta vestígios de uma intensa ocupação ao longo de vários milénios; daquilo que se conhece do sítio os indícios mais antigos remontam ao Calcolítico (de 3.000 a 1700 anos antes de Cristo), tendo sido igualmente habitado durante a Idade do Bronze (de 1700 a 700 antes da nossa Era), e na Idade do Ferro (de 700 a. C. ao século I antes de Cristo), altura em que foi abandonado. As muralhas, construídas nas várias fases de ocupação, indicam épocas de conflitos, aos quais não foi alheia a escolha da sua implantação.
Alguns séculos mais tarde, em Época Islâmica, o lugar voltou a ser habitado, constituindo caso único conhecido no concelho do Alandroal, e pouco frequente em todo o Sul do país, uma vez que os vestígios da presença dos povos islâmicos em meio rural são raros; deste período subsistem no local restos de estruturas de carácter habitacional, visíveis após as escavações arqueológicas efectuadas no início dos anos 90 do século passado.
No concelho do Alandroal é possível encontrar outros habitats de cronologia Proto-Histórica (Idades Bronze e do Ferro) com implantações muito semelhantes ao Castelo Velho da Hortinhas, como o vizinho povoado do Castelinho, a cerca de 1,5 km a noroeste e igualmente sobre a margem da Ribeira do Lucifecit, a Rocha de Províncios, junto à Ribeira de Províncios, ou o Castelo da Pena de Alfange próximo da margem do Guadiana, actualmente rodeado pelas águas da Barragem de Alqueva. Como exemplos fora do concelho dois outros grandes povoados Proto-históricos manifestam características de implantação idênticas, o Castelo Velho de Veiros, a cerca de 33 km a noroeste, sobre a Ribeira da Alcravissa e o Castelo Velho do Degebe, sensivelmente à mesma distância a sudoeste, junto ao rio que lhe dá nome.
Tal como alguns dos povoados referidos anteriormente o Castelo Velho das Hortinhas deve a sua toponímia às suas muralhas, que ao longo dos tempos não passaram despercebidas às gentes da região, marcando-o na memória popular como um lugar especial, com indícios visíveis de antigas vivências. De salientar que o Castelo Velho das Hortinhas é o único sítio arqueológico no concelho do Alandroal classificado como Monumento Nacional.»( Texto da autoria de Conceição Roque, Técnica Arqueóloga que colaborou nos trabalhos de feitura da Carta Arqueológica do Alandroal)
«Villa fortificada Romana de Castelinhos»
“Villa” romana fortificada com muros de xisto, definindo uma estrutura habitacional de planta quadrangular. Estação arqueológica encontra-se muito bem conservada.
O sítio do Castelinho implanta-se num imponente esporão rochoso, com grande defensabilidade natural, rodeado por elevações de maior altitude.
Domina, neste ponto, parte do vale da Ribeira de Lucefécit, ao qual se confina a visibilidade a partir do sítio.
A área disponível é diminuta e delimitada por afloramentos; na extremidade mais próxima do único ponto de acesso ao local, ergue-se um amontoado de escombros, muito afectado por uma enorme vala de destruição, no interior da qual estão visíveis vários muros de xisto. Um muro fecha o acesso, a partir do exterior, à pequena plataforma onde se desenvolveria a ocupação, aumentando a já exemplar defensabilidade do local.
Os materiais são escassos, tendo-se recolhido cerâmica manual e de roda, vários fragmentos de parede de ânforas de produção bética, um cossoiro e uma fíbula de bronze, cuja tipologia se desconhece; o material de construção está quase totalmente ausente, apenas se tendo identificado uma tegula. Os fragmentos de escória são bastante frequentes, principalmente na encosta Sul.
Acesso: EM 1109 de Ferreira de Capelins para o Rosário, ao Km 3,5 seguir a placa que se apresenta à direita.
Bibliografia (4)
“Castelo Velho” e “Castelinho” do Alandroal/O Arqueólogo Português (1895)
Carta arqueológica do Alandroal (1993)
Fortins e recintos-torre do Alto Alentejo: antecâmara da “romanização” dos campos/Revista Portuguesa de Arqueologia (2002)
Povoados da Idade do Ferro do Concelho do Alandroal: uma aproximação espacial – I/Al-madan (1997)
Fotos: Patrícia Bruno in Cidade Invisíveis http://pbruno2.blogspot.com/
Adenda:
Chico Manel, tenho que fazer uma correcção à última parte do texto, dedicada à villa romana dos Castelinhos(Não sei quem o escreveu, mas já o tinha lido na página do "Portugal Romano"). Começa por fazer referência ao sítio romano, no entanto, logo a partir da 3ª linha, o local descrito é o do Castelinho (com ocupação do Bronze Final e da Idade do Ferro e uns bons quilómetros a montante da Ribeira do Lucefecit), para voltar, no final, a fornecer informação sobre o acesso aos Castelinhos do Rosário, como por cá o sítio é conhecido. Ou seja, trata-se de duas estações arqueológicas distintas, tendo em comum situarem-se no concelho do Alandroal, nas margens do Lucefecit.
Um abraço
Conceição Roque
3 comentários:
Gostei do texto da Conceição, embora não seja entendida nesta matéria. Atrevo-me a dar esta opinião apenas porque a conheço e sei que é muito interessada na sua profissão. Aliás, conheci-a na altura dos levantamentos da Carta Arqueológica e impressionou-me a garra que ela punha naquilo.
Não se admire se eu utilizar o que agora nos diz, numa ou noutra ficção.
Bom Ano para si !
E.S.
Obrigada E.S.!
Chico Manel, tenho que fazer uma correcção à última parte do texto, dedicada à villa romana dos Castelinhos(Não sei quem o escreveu, mas já o tinha lido na página do "Portugal Romano"). Começa por fazer referência ao sítio romano, no entanto, logo a partir da 3ª linha, o local descrito é o do Castelinho (com ocupação do Bronze Final e da Idade do Ferro e uns bons quilómetros a montante da Ribeira do Lucefecit), para voltar, no final, a fornecer informação sobre o acesso aos Castelinhos do Rosário, como por cá o sítio é conhecido. Ou seja, trata-se de duas estações arqueológicas distintas, tendo em comum situarem-se no concelho do Alandroal, nas margens do Lucefecit.
Um abraço
Conceição Roque
Cara Drª como deve calcular a culpa não é minha. Limitei-me a transcrever aquilo que foi publicado noutro blogue.
É de toda a justiça a sua observação e como tal tomei a iniciativa de a colocar como adenda ao texto publicado.
Muito obrigado pelo seu esclarecimento e pelo comentário que muito honra o blogue
Chico Manuel
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