segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Natal modesto
Miguel Sampaio 

Segunda, 05 Dezembro 2011 11:04
Vai ser um Natal modesto o deste ano.
Prendas para as crianças e pronto. Antes ainda havia uma almofada e cumpridas as obrigações que se deixavam para esta época do ano, por via do subsídio de Natal, ainda sobrava algum dinheiro para os presentes e para ir consoar em casa de família, mais distante, que não se revê com facilidade.
Este ano nada disso é possível. Pouco ou nada resta do vencimento e o que sobra, se sobra algum, guarda-se, não vá o diabo tecê-las.
É que o custo de vida sobe na exacta proporção o vencimento encolhe, para além disso, as despesas com a escola dos miúdos, com a saúde, com os transportes, aumentou muito mais do que seria expectável.
A vida nunca esteve tão dura.
Dizem-nos repetidamente os governantes e aqueles que gravitam na esfera do poder, que isto é uma inevitabilidade, que esta austeridade absurda é o único caminho para a recuperação, no entanto, não é isso que se vê.
Todos sabemos que a cada dia que passa as coisas pioram, que há mais dívida, mais recessão, mais desemprego, que só com os juros cobrados por aquilo que eles chamam ajuda, vamos pagar mais de cem mil milhões de Euros; ou seja a haver uma ajuda, não foi com certeza a nós, antes aos nossos credores.
Por outro lado, reside em nós a sensação de nada neste esforço ser justo, que esta austeridade está mal repartida, porque aqueles que têm muito, não vêem grandes mexidas nos seus réditos e quem rouba descaradamente ao estado, continua impunemente a viver do produto do seu roubo.
Há dias o País ficou suspenso da aventura que viveu um grupo de pescadores, que depois de um naufrágio esteve setenta e tal horas em alto mar, numa balsa, antes de ser resgatado. No meio da habitual onda noticiosa, tipo realty show, alguém disse que o naufrágio teria sido porventura evitado, caso estivessem instalados novos meios de segurança, mas que infelizmente isso não é possível devido ao custo de tal instalação: oito milhões de euros teria o estado de desembolsar e essa verba não existe. Lembrei-me de imediato dos milhares de milhões de euros que tivemos de pagar por causa do BPN, e não pude deixar de concordar com Orwel.
“Todos os animais são iguais, mas há uns mais iguais do que outros”.
Miguel Sampaio

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