REVIVER O PASSADO - Hoje Chico Manuel

DIA DE S: MARTINHO
Hoje é dia de S. Martinho, e talvez por isso amiúdas vezes me tenho lembrado do meu grande amigo SOUSA, figura impar da boémia Alandroalense. Nas vésperas de S. Martinho ele lá ìa ao Correio, para me lembrar  CHICO amanhã é dia de S. Martinho. OK, toma lá cem paus e vai lá comprá-las. No dia seguinte, ele lá estava depois do trabalho, ou à porta do PIÇARRA ou no Café do LUIS CARRAÇO, com as castanhas assadas, quentinhas e boas. Sem chegar o Senhor Chico não há castanhas para ninguém. "Aquilo" era para ser um investimento. Mas nunca deu lucro, antes pelo contrário deu sempre prejuízo.

É em memória dele e com muitas saudades que os textos seguintes lhe são dedicados:

Num Baile em Vila Viçosa o amigo Sousa, estava no seu local habitual: no Bar, solicitando há muito tempo que lhe fosse servida uma imperial. O barman ìa servindo toda a gente, e o Sousa... nada. Já chateado o Sousa vira-se para o homem : Pois é vai servindo todos e eu nada se eu fosse Libato já estava "aviado" ao tempo mas como sou do Alandroal vá de esperar. Responde o homem : Eu estou-me cagando para os do Alandroal. Resposta imediata do Sousa: Grande coisa! Você estar cagando para os do Alandroal , somos cinco mil nem damos por isso, nem nos suja, agora os do Alandroal estão todos cagando para você, veja lá como você fica atascado em merda, duvido até que não fique afogado ….

                                                                 XXX
Mais uma, em que também estava o SOUSA, mas em que o protagonista é outra grande figura do Alandroal, esta felizmente bem viva, gozando de óptima saúde e ainda com um fino espírito de humor. Alandroalenses tratem-no bem e conservem-no pois se algum dia se avaria para este não há peças suplentes.  O grande amigo ZÉ KAGANO.

Logo a seguir ao 25 de Abril, na altura da reforma agrária, houve quem se aproveitasse e em vez de reforma agrária, fazia reforma agarra, abotoando-se com tudo o que vinha à mão.
Temendo que a sua manada de gado vacum lhe fosse surripiada o lavrador e industrial Senhor Sebastião Cordeiro com vasta propriedade em Vila Viçosa, combinou com o seu feitor Senhor Marreco levar as suas vacas e touros para uma pequena propriedade, sita no Rosário e que devido à sua pequena dimensão e produção estava a salvo de vir a ser ocupada.
Passado o período conturbado e quando o legítimo proprietário, se preparava para fazer regressar a manada, adeus ó vindima as vacas já eram do Marreco e o Sebastião vio-as por um óculo.
Alguns meses passados e nas vésperas da abertura da caça às rolas, como era hábito, a malta ìa para um monte aguardar que o dia raiasse, e enquanto tal não sucedia era comer e beber há fartazana.
Para não fugir á regra e quando já bem bebidos canta-se o fado. Cada um como sabe. O filho do Marreco afinou a garganta com mais um tinto e atacou com o FADO DO SOBREIRO.
Fadistava ele:
NO CUME MAIS ELEVADO
MESMO AO CIMO DO MONTADO
HAVIA UM ENORME SOBREIRO....

Quando o Ze Kagano resolve completar:

ONDE PASTAVAM AS VACAS
DO SEBASTIÃO CORDEIRO

Bem a coisa só não se complicou, e a caçada ía por águas de bacalhau abaixo porque o SOUSA de imediato atacou com O RAMA OU QUE LINDA RAMA, OU RAMA DA OLIVEIRA, que como sabem é cantada em coro e desanuvia o ambiente.
Saudações Marroquinas, até sempre
Xico Manel