sexta-feira, 11 de novembro de 2011

CRÓNICAS DO MATABIXO

O MATABIXO sob os efeitos da MONTANHA RUSSA

EFEITO Nº1
O Alentejo é uma nação. Por isso, o Matabixo enquanto português europeísta nascido aqui, depois do que viu acontecer na desconjuntada União Europeia durante a última semana, expressa a sua percepção de que o mundo das nações tal como está, anda muito parecido com uma montanha russa. Aquilo que hoje está em cima, pode estar amanhã em baixo. É uma visão bastante preocupante que vai sobressaltar-nos durante os próximos anos? Isto se as coisas entretanto não descambarem mais depressa do que se julga.
Quem já andou na montanha russa, sabe até que ponto aquela velocidade maluca “do sobe e desce” instantâneo pode tirar-nos o ar e entontece todos os matabixos, pondo-nos a esmigalhar cascas de ovos terminada a viagem.
Pensemos também na antiga sentença grega de que quando não somos nós a ir ter com a política, é ela que vem ter connosco e com os matabixos. Pouco antes de estar definitivamente em baixo, Steve Jobs da Aple, dizia que daria a sua riqueza para estar uma tarde dialogando com o grego Sócrates para conhecer o mundo melhor…
Tenhamos em conta que, quem ontem estava em baixo, casos do Brasil, da China e da própria Alemanha, já aí estão novamente por cima. Assim como quem já esteve por cima, como é o caso da Itália, Rússia e do Japão andam às voltas sobre si próprias para tornarem à sua primeira condição. Tem uma explicação. O pior é que ninguém aceita partilhar sem conflitos e em paz estas alterações. Digam lá as diplomacias rivais o que disserem!

EFEITO Nº2
Portanto quem duvida do que actualmente já é perfeitamente visível: o mundo e as relações internacionais deixaram de ser previsíveis para passarem a estar desreguladas e perigosamente competitivas. Os tempos actuais, e esta crise sistémica do capitalismo monetarista (para não lhe chamar outra coisa) que nos vem governando estão a tornar-se insustentáveis. Quais serão as saídas e qual é o mundo que nos espera? A segurança máxima de certos países acabará por conduzir à insegurança máxima dos outros?... Os pequenos países serão viáveis? Os países pobres têm hipóteses de existirem? Os países pequenos e pobres estão condenados apenas ao seu próprio esmagamento?
Olhemos para o caso da Grécia e para a posição do governo português.

EFEITO Nº3
À distância de pouco mais de uma semana, salvo melhor interpretação, podemos dizer que G. Papandreu acossado por todos os lados fez bem ao propor o referendo para encontrar uma saída para o dilema grego: democracia directa ou imparável violência social e ingovernabilidade económica, do país, da Europa e do Mundo?
A Grécia expressou assim a sua afirmação, tanto no plano simbólico, como no plano politico interno e externo, recorrendo à liberdade democrática de escolher e avaliar o seu próprio destino de nação antiga, berço da democracia e da civilização ocidental. Nem mais.
O problema é que logo vários países demonstraram uma intolerância de bradar aos céus. As ameaças sobretudo da França e da Alemanha são conhecidas. Foram vexatórias para os princípios democráticos aceites da União Europeia. Provavelmente destruindo-os.
Resumindo: a Grécia vai ser atirada pela borda fora do euro. Portugal para lá caminha. A questão já não é a de sair; é de como vai ser a saída.
Caberia, aliás, perguntar se a Alemanha já pagou as indemnizações de guerra devidas à Grécia, se deixou de ter em conta a centena de milhar de gregos que morreram durante a guerra, os sessenta e tal mil gregos que foram deportados para campos de concentração nazis e a divida publica grega que o regime nazi emitiu e da qual se aproveitou? Digam lá onde está agora a justiça e a moral das actuais exigências germanófilas ao povo grego depois de lhe ter vendido mais uns submarinos?...

EFEITO Nº4
No meio desta embrulhada (que, aliás, favorece apenas os interesses da França e da Alemanha, vão reparando nas posições do Ministro da Defesa alemão) eis que surge a posição do governo português.
Para que não haja duvidas acrescento que (me) tem causado náuseas. Em vez de nos juntarmos aos países do Sul europeu e outros nossos iguais para fazer aquilo que devia ser feito, criando novas regras de governança no seio da U.E., Portugal, limitou-se a passar desta vez de bom aluno a aluno oportunista, sem dignidade e sem coragem politica. Totalmente subserviente à dupla Mercozy. Esquecendo que os próximos a ser empurrados do euro, podemos ser nós dado que o projecto europeu deixou de contar com a Alemanha europeia para passar o da Europa alemã. Rica, do Norte e com um novo euromark.

Efeito nº5
Houve quem prevenisse que a Alemanha não ia caber na Europa. Por outro lado, esta crise veio mostrar que andam um bocado esquecidas as despesas militares que as duas grandes potências do centro geopolítico europeu continuam a fazer. Assim sendo, digam lá se não é já provável que o próximo eixo de poder esteja na forja, tendo à sua frente o tandem Rússia/Alemanha. Com a França na altura própria a ver também passar os comboios. Reparem onde trabalha e no que trabalha o chanceler que antecedeu a Sra. A. Merkl. Que tal? Lembram-se do erro e do Inverno fatal de Hitler?

Efeito Nº6
Vemos, ouvimos e lemos. Podemos continuar a ignorar a multiplicação de ameaças que vão pontuando as interdependências comunitárias europeias e as outras ditas globais?
Esta diplomacia claramente oligárquica, feita a Dois, a que assistimos na União Europeia do Directório não terá, ela própria, de se autocontrolar de modo diferente? Afinal, não somos todos e acima de tudo europeus? Capazes de construir e retomar “a comunidade de destino” idealizada pelos “pais fundadores” do bem pensado e pacifico projecto de afirmação da Europa em exercício desde os anos 50?

Melhores saudações
BN Alandroal, 11/11/2011

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