terça-feira, 22 de novembro de 2011

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA FM


Dia 24 de Novembro de 2011, Greve Geral
Miguel Sampaio

Terça, 22 Novembro 2011 11:09
Prevê-se que a adesão seja maciça. A grande maioria dos portugueses tem motivos de sobra para protestar, e tem consciência que esta forma de protesto é a mais veemente pressão que se pode exercer sobre um governo democraticamente eleito, não apenas sobre o patronato, não apenas sobre o capital.
Sabemos bem que o “Tratado de Lisboa” foi o culminar da ofensiva contra a soberania dos Estados, que representou a abdicação do poder político ao poder financeiro.
Temos consciência que a economia deixou há muito de estar ao serviço da sociedade, para recolocar o homem como mero peão num jogo de interesses que aproveita apenas a alguns.
Na verdade, qualquer que seja a saída para esta crise, ela implicará sempre enormes sacrifícios, o retrocesso civilizacional é hoje uma realidade com que nos confrontamos no dia-a-dia.
O aumento do custo das matérias-primas, a desqualificação dos direitos adquiridos no pós guerra, o reforço das desigualdades sociais, o clima de confronto que emerge de todos os cantos do mundo, com a insegurança que acarretam, não são novidade para ninguém, nenhum se pode alhear dessa constatação.
Chegados a este ponto de evidente ruptura, restam-nos dois caminhos. Ou continuamos alegremente o passeio até ao precipício e aceitamos esta política de austeridade ditada pelo exterior, convivendo com a recessão, o desemprego, o regresso do assistencialismo bacoco, a privatização de tudo o que é essencial para uma articulação harmoniosa da sociedade, como a água, a saúde, a electricidade, os transportes, os correios, a escola, eventualmente até o ar que respiramos. Ou nos batemos pelos nossos direitos e começando por dizer não, afirmamos um novo caminho a trilhar, que passe por uma efectiva distribuição da riqueza produzida, por uma aposta no sector produtivo, por um Estado de Direito e de direitos, em que não seja posta em causa a nossa dignidade de cidadãos, em que seja respeitado o nosso poder de decidir e de participar nas decisões que implicam o rumo do nosso futuro e do futuro das gerações vindouras.
Não podemos, apenas porque votamos no partido A ou no partido B, abdicar da transparência que eles nos devem enquanto eleitos, não podemos prescindir do nosso dever de participação nas decisões colectivas, uma eleição não é, não pode ser, um cheque em branco passado de quatro em quatro anos a pessoas que pelos vistos são apenas a cara de projectos menos claros.
A Greve Geral, mais do que um direito, é um imperativo de cidadania. Com uma adesão generalizada ela mostrará que estamos dispostos a lutar, mostrará também ao governo que chegou a hora de demonstrar se está com quem o elegeu, ou se pelo contrário, vai continuar do lado daqueles são os principais responsáveis por esta crise que nos sufoca a todos.
Miguel Sampaio

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