sexta-feira, 18 de novembro de 2011

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Boas notícias
Martim Borges de Freitas

Sexta, 18 Novembro 2011 11:03
Esta semana, tem sido uma semana de boas notícias. Nem sempre o que há a dizer é mau e como não sou daqueles que passam o tempo à procura de coisas más para poder sobre elas divagar, vou hoje falar de duas boas notícias e de uma outra que … não é boa nem má, antes pelo contrário! Chamemos-lhe uma não-notícia.
A primeira boa notícia diz respeito à selecção portuguesa de futebol sénior, vulgo, a selecção de todos nós. Depois de um início periclitante, para ser suave, eis que Portugal consegue marcar presença na fase final do campeonato europeu de futebol de onze, depois de vencer a Bósnia por um expressivo seis-dois. Carlos Queirós, de quem nunca fui fã, mas que a dado passo considerei que teve alguma razão na forma como foi tratado pelo anterior governo, pelo Governo em que Laurentino Dias conduzia a pasta do desporto, devia agora iniciar um prudente silêncio quanto à selecção das quinas e evitar tiradas do estilo “comigo Portugal já teria sido apurado há duas ou três jornadas atrás”! Paulo Bento, sem ainda deslumbrar, cumpriu e cumpriu muito bem a função para a qual foi chamado. Imagine-se lá o teor dos comentários que hoje estariam a ser ditos e escritos, se o nome de Portugal não integrasse um dos potes do sorteio que vai ter lugar em Kiev, no próximo dia 2 de Dezembro!
Por conseguinte, pese embora, eu sei, andarem muitos a falar demasiado de futebol, de entre algumas boas notícias e outras más, uma das boas que deve, pois, merecer destaque, hoje, é justamente a boa notícia do apuramento de Portugal para o Euro 2012. Se outra reacção não suscitasse, esta notícia, ao menos, anima-nos.
A outra boa notícia que quero hoje destacar, infinitamente mais importante do que aquela que acabei de referir, diz respeito à avaliação efectuada, pela nossa já muito conhecida Troika, sobre a execução do Memorando de Entendimento elaborado precisamente pela Troika. Pode a esquerda mais radical vir dizer o que quiser e pode também o PS, mais comprometido e, portanto, menos livre, vir também dizer o que quiser, mas o facto é que, ao contrário do que aconteceu sucessivamente na Grécia, Portugal tem vindo a cumprir. Pode questionar-se o caminho. E isso é, aliás, legítimo. Mas o caminho traçado pelo Governo, cuja legitimidade é também inquestionável, foi aquele que a Troika traçou. Tendo sido esse, então, é esse que a Troika avalia. Nós, portugueses, temos o direito e também o dever de, pela nossa parte, avaliar o comportamento do Governo, inclusive, o direito - e o dever - de avaliar o caminho escolhido. Mas face à escolha do Governo, é justo reconhecer que o Governo tem andado bem. E, por conseguinte, a avaliação efectuada pela Troika à execução do seu programa de ajustamento, é uma boa notícia. Imagine-se, também aqui, o teor dos comentários que hoje estariam a ser ditos e escritos, se Portugal tivesse sido avaliado pela Troika como tem sido a Grécia! Lá está: se outra reacção não suscitasse, ao menos, também esta nos anima.
A última notícia que gostaria hoje de destacar, a tal não-notícia, a que eu disse não ser boa nem má, antes pelo contrário, diz respeito à constatação da tendência que se tem vindo a verificar na Europa de esta querer substituir homens carismáticos por homens cinzentos. Ou, talvez melhor, de querer substituir políticos por tecnocratas. Ainda por cima por via, diria eu, administrativa. Foi assim na Grécia, foi assim com os italianos. Conheço bastante bem o meio eurocrata para perceber de onde vem esta tendência e o que a mesma pretende. Ora, Portugal tem, também aqui, a oportunidade de transformar esta não-notícia numa boa notícia, mostrando que não é por se ser tecnocrata que se é melhor governante. Pelo contrário. A meu ver, só os homens com uma grande visão política e com um pensamento estratégico estruturado, isto é, os verdadeiros políticos – não confundir, pois, com a generalidade dos homens que exercem a profissão -, só aqueles poderão acrescentar sonho à vida que hoje se vive e só eles são capazes de indicar, alumiando, o caminho correcto. Por conseguinte, Portugal, que tem um governo, digamos, eleito, tem a oportunidade de poder mostrar à Europa e ao Mundo, que não serão precisos tecnocratas para inverter a situação portuguesa. Mas, para isso, é preciso visão e pensamento estratégico…
Lisboa, 17 de Novembro de 2011
Martim Borges de Freitas

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