quinta-feira, 3 de novembro de 2011

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA FM


O desmentido
Eduardo Luciano 

Quinta, 03 Novembro 2011 11:15
No passado dia 30 de Setembro foi publicada, num jornal local, uma entrevista do presidente da câmara municipal.
Para além do habitual exercício de auto elogio da suposta obra realizada, o eleito do PS atreveu-se a enunciar um conjunto de obras que pretendia levar a cabo nos próximos dois anos, apesar de reconhecer que a autarquia vive uma situação de sufoco financeiro.
Foi com incredulidade que li a promessa da construção da primeira fase da via circular nascente, do lançamento de um concurso para a construção de uma zona comercial entre as Portas d’Avis e as Portas da Lagoa e o lançamento de outro concurso para a edificação de uma zona de lazer denomina Docas Secas”.
A minha incredulidade advém das informações prestadas pelo presidente da câmara sobre a situação financeira do município onde invariavelmente as frases “não há dinheiro” e “não me posso comprometer com nenhum plano de pagamentos” são comuns em reunião de câmara e de assembleia municipal.
Para além disso, à data em que a entrevista foi publicada já se sabia que o orçamento de estado para 2012 iria conter importantes restrições financeiras que incluiriam cortes nas transferências para as autarquias locais.
Juntando uma coisa à outra pensei que as afirmações do presidente seriam a reprodução uma qualquer entrevista de 2002 ou 2003, quando o PS prometia para Évora um dilúvio de obras que iriam mudar a face do concelho.
Na reunião de câmara da última quinta-feira o presidente apresentou um documento que denominou de “Plano de Contenção e Austeridade para 2012”.
Durante essa apresentação foram anunciadas um conjunto de medidas que supostamente pretendem reduzir a despesa e aumentar a receita onde, juntamente com algumas medidas de mera racionalidade da gestão e que deveriam fazer parte do dia-a-dia de qualquer organização, foram anunciados cortes de 20% nas transferências para as freguesias, cortes de 22% nas despesas com segurança e a revisão do preço da água, do saneamento e dos resíduos sólidos.
Foi neste contexto que o presidente câmara desmentiu o presidente da câmara que deu a tal entrevista de 30 de Setembro, afirmando que não iriam ser assumidos compromissos com obra nova, “mesmo a já concursada” e com financiamento em curso.
E para aqueles que estão a pensar que a 30 de Setembro o presidente nem imaginava aquilo que todos sabíamos, sempre vos posso dizer que no documento distribuído aos vereadores se diz que as razões que levam a esta “contenção” têm a ver também com o PEC 2010-2013 e os orçamentos de estado de 2010 e 2011.
Ou seja, em Setembro de 2011 já sabia que aquilo que estava a anunciar não era concretizável.
Aliás, com este “Plano de Contenção” e o sufoco financeiro que já hoje é uma realidade, corremos o risco de em 2012 a principal função do Município se resumir ao abrir e fechar da porta.
Até para a semana
Eduardo Luciano

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