terça-feira, 29 de novembro de 2011

COLABORAÇÃO - EVELINE SAMBRAZ

« As Voltas Trocadas »

De volta ao AL TEJO, agora para uma colaboração menos intensa – colaboração que, embora mais esporádica, pretende manter o lugar em aberto no blogue. A falta das “Voltas Trocadas“ , semanalmente, neste nosso meio de comunicação, vai ficar a dever-se a compromissos assumidos para com os meus dois netos: Levá-los à escola, preparar-lhes as refeições, dar-lhes banho .... enfim .... a habitual rotina com crianças de cinco e seis anos, já que aos pais, envolvidos na lufa-lufa de ganhar a vida, não lhes chega o tempo para tratar dos filhos. Talvez me safe melhor como avó do que me safei como mãe, já que tenho perfeita consciência de que, em devido tempo, não fui uma mãe por aí além. Isto é uma autocrítica que eu preferia não ter que fazer, mas hoje, passados que já lá vão cerca de trinta anos, tenho que dar a mão à palmatória e reconhecer que perdi, decerto, muitos e bons momentos de convívio com os meus filhos. É nesse sentido que prefiro abdicar da paixão da escrita e compensar os meus netos pelo pouco tempo que passei com os seus pais. Quero recuperar o tempo – se isso for possível – que perdi há dezenas de anos atrás. Haverá certamente outras avós que entendem o que eu quero dizer. Daí que estas crónicas passem a ser mensais em vez de semanais. Dada esta explicação, vamos às letras.

As minhas crónicas – se bem se lembram – estiveram sempre relacionadas com a minha actividade profissional : Professora de História. Nunca soube escrever sobre outra coisa, e embora muitos dos meus colegas discordassem das interpretações que eu dava à História, a verdade é que sou demasiado opiniosa para desistir às primeiras. E agora, que estou aposentada, e já não tenho a obrigação de seguir os manuais e compêndios oficiais, quero continuar a opinar sobre o que penso daquilo a que chamamos História.

No século XX, como todos muito bem sabemos, houve três grandes guerras mundiais : A Grande Guerra ( 1914/1918 ), e que posteriormente passou a denominar-se por 1ª Guerra Mundial – a 2ª Guerra Mundial ( 1939/1945 ) – e a Guerra Fria ( 1949/1989 ).

Pelos mais variados motivos, cada uma delas deu origem à seguinte. E a ordem social mundial sempre se alterou quando todas elas terminaram.

A 1ª Guerra Mundial, deu também origem à criação da União Soviética que, quer se queira quer não, veio influenciar a ordem social vigente no mundo. Ainda hoje há quem diga que foi o primeiro país do mundo em que os trabalhadores chegaram ao poder. Não é intenção minha expor aqui juízos de valor sobre esses acontecimentos, embora os tenha, e muito vincados, que fique claro. O que quero dizer é que o mundo mudou muito depois dessa guerra. Foi um facto.

A 2ª Guerra Mundial, quando terminou, em 1945, com a derrota da Alemanha e seus aliados, veio determinar que uma série de países ficassem sob influência soviética. O peso desse conjunto de estados, aliado ao crescente poderio económico e militar da União Soviética, um dos países vencedores da guerra, deu origem, poucos anos depois, ao latente antagonismo entre esse bloco que a si próprio atribuía a denominação de “Países Socialistas“, e os países ocidentais, com os Estados Unidos da América à cabeça, que se definiam como “Democracias”, Portugal incluído, chegando os dois campos a formar coligações militares – o Pacto de Varsóvia e a Nato, respectivamente. A Nato ainda hoje está em pé de guerra. Desta vez no Afeganistão, nos Balcãs e nos mares da Líbia. Outras regiões se seguirão, decerto. Foram factos.

A chamada Guerra Fria – que começa mais ou menos em 1949, teve como consequência a corrida ao armamento desenfreado entre a União Soviética e os Estados Unidos. Mas não só. Com o apoio dos soviéticos, muitas dezenas de colónias de países europeus tornaram-se independentes, vindo a formar aquilo que se convencionou chamar “Países do Terceiro Mundo“. Várias guerras regionais eclodiram por todo o mundo, tendo sempre por detrás dos beligerantes, os dois principais adversários da Guerra Fria: A União Soviética e os Estados Unidos da América. A título de exemplo, refiro as guerras da Coreia e do Vietname. As diversas guerras do médio oriente, também podem servir de exemplificação. Mas, a mais importante consequência, pelo peso que hoje tem, foi a chegada dos comunistas ao governo da China. Fizeram daquele país, contra ventos e marés, inclusive contra os soviéticos, a maior potência económica mundial, embora isso ainda não seja reconhecido hoje em dia. E representam um quinto da Humanidade. A Guerra Fria, como se sabe, terminou em 1989, com a queda do muro de Berlim. Foram factos.

Termino esta crónica apressadamente, porque o meu neto já me está a puxar pelo casaco.

Deixo no ar cinco perguntas: Houve crescimento económico no ocidente, depois da Guerra Fria acabar ? Se houve, quem se abotoou com ele ? O paradigma europeu de política económica tem pés para andar ? Ou vem aí mais uma guerra para cumprir a tradição ? Ou essa guerra já está em curso ?
Eveline Sambraz – Mina do Bugalho, 25 de Novembro de 2011.
                                                                                  xx

Nota do Editor: Crónica enviada na data mencionada na mesma, mas só hoje publicada. Permito-me chamar a atenção para a coincidência com as considerações feitas por Mário Soares na entrevista hoje publicada no Jornal I

3 comentários:

Anónimo disse...

Obs.

Respondendo à ultima das 5questões,direi apenas que "a guerra é uma constante sempre provavel tornando a paz impossivel".

Isto porque, as guerras e a violência armada, a ela associada, são,em si mesmo,um fenomeno estruturante das Relações Internacionais.Trata-se de impor vencendo a (nossa) força do poder ao outro.
Em vez do impedimento de recorrer aos extremos disponíveis do uso da força.

Daí que não haja um único país de mundo que não deseje estar crescentemente armado.Apesar da miríade de tratados de desarmamento.

Só para dar um exemplo,reparem que a Alemanha já tem novamente um exercito excelentemente apetrechado.Se bem que,até ver,apenas defensivo (ao contrário do que sucedeu até 1945).
Não parece, mas a Suiça é outro caso assim.A China tem o maior exercito do mundo e o mais coeso.
E por aí adiante.

Como não tenho mais tempo,nem tenho o meu PC disponível(estou em casa de um amigo),

MUITO boa noite

M.S.


ANB

Anónimo disse...

Alguém pode dizer quem e a «Eveline Sambraz» ??

Anónimo disse...

Obs.


Julgo que sei quem é mas não arrisco dizer quem seja.


M.c.


ANB