Carlos Sezões
Quarta, 26 Outubro 2011 09:10
Não é novidade para ninguém que estamos hoje a viver tempos mais turbulentos e imprevisíveis que há 10 anos atrás. No início deste século, o mundo vivia uma época de prosperidade, estabilidade e não existiam nuvens no céu dos mais optimistas. O mundo experimentava o massivo crescimento económico assente na era da internet e das tecnologias de informação, as tensões internacionais estavam desanuviadas, o terrorismo, muito esporádico, não era grande problema, e o comércio internacional crescia de forma exponencial.
Decorrida uma década, tivemos o 11 de Setembro, 2 guerras no médio oriente, uma primavera árabe, uma crise financeira de dimensões mundiais e uma crise da dívida nas economias ocidentais. Temos movimentos de protesto à escala planetária e vemos dirigentes de potências, antes determinadas e ousadas, a hesitarem e empurrarem com a barriga a resolução de problemas graves à escala global. O investimento continua a crescer nos países em desenvolvimento, mas o cenário é relativamente negro na Europa e nos EUA.
Não existirão soluções mágicas para ultrapassar esta atmosfera de crise, receio e ansiedade que se respira nestes tempos, que tem parte material e uma grande dose de psicologia negativa. Existe, contudo, algo que tem de ser conquistado no curto prazo: a confiança!
A confiança entre Pessoas ou Estados, Empresas ou Instituições internacionais, assentará na ética e firmeza das decisões, em sacrificar interesses egoístas e de curto prazo pelos interesses globais de longo prazo. Em demonstrar que o caminho conjunto é mais sensato que o voluntarismo individual. A confiança permitirá reduzir a imprevisibilidade. Permitirá, a nível global ou nacional que as decisões sejam tomadas. Decisões de investir, consumir, empreender ou mudar; decisões de criar laços duradouros, em vez de gestos tímidos de aproximação.
Na Europa, por exemplo, a saga das cimeiras semanais que vão adiando de medida em medida a solução final tem de terminar. A nível global, consensos são necessários para um novo modelo social europeu sustentável, para as regras do comércio mundial, para o ambiente, para o apoio às jovens democracias árabes, para a regulação eficaz dos mercados financeiros internacionais.
Aqui, o papel dos líderes mundiais é essencial. A confiança permitirá que acabe esta sensação de descontrolo e impotência do poder político que, actualmente, não parece estar à altura da situação. E permite que, os enormes desafios deste século sejam enfrentados com um nível mínimo de segurança. Caso contrário, teremos o caos instalado na vida das próximas gerações.
Carlos Sezões
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