sexta-feira, 21 de outubro de 2011

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Au(s)to(e)ridade?!
Martim Borges de Freitas

Sexta, 21 Outubro 2011 09:56

Como não poderia deixar de ser, o assunto, hoje, é a austeridade. Ou melhor, a austeridade de que já todos nós pensávamos que não seria acrescentada. Depois dos três aumentos de impostos das férias de verão, julgávamos nós – eu, pelo menos – que já não haveria novo conjunto de medidas de austeridade, ainda por cima tratando-se de medidas tão duras. Esmiucemos, um bocadinho, o assunto…
Desde 2009, mais concretamente, desde as eleições legislativas desse ano, que os portugueses, de pacote em pacote, de PEC em PEC, de Orçamento em Orçamento, de buraco em buraco, têm vindo a ser, mais do que confrontados, afrontados por mais e mais medidas de austeridade. Pode mesmo dizer-se que cada medida tem sido pior do que a anterior. Não o digo em termos de necessidade da medida em si, mas digo-o em termos de repercussão para a qualidade de vida dos cidadãos. Neste sentido, cada medida anunciada tem sido sempre melhor do que a futura, aquela que ainda vai ser anunciada. O que obviamente nos torna ainda mais descrentes quanto ao futuro do país.
Mas, se há coisas que não percebo, outras há que me deixam absolutamente estarrecido.
No início deste ano, o quadro político português começou a redesenhar-se. Com a eleição de Cavaco Silva e, sobretudo, após o seu discurso de tomada de posse, a crise política, porque já existia, agudizou-se. Depois, foi o que se sabe e que ainda está na memória de todos. O que parece não estar na memória de todos é que houve gente, uns mais ilustres do que outros, é certo, mas houve gente que pediu, antes das eleições legislativas, para que antes das eleições legislativas fosse conhecido com exactidão o quadro económico-financeiro do país, designadamente o das contas públicas e o do endividamento externo. Houve quem tivesse afirmado que o mais importante papel que o Presidente da República poderia ter tido nesse período, que mediou entre a abertura da crise política e a data das eleições, teria sido, justamente, o de tudo fazer junto das instituições convenientes para garantir que aqueles dados fossem do conhecimento de todos, repito, antes das eleições. Para que todos pudéssemos votar em consciência e, mais, para que não voltássemos a ouvir no discurso politico de quem governa que, afinal, o novo Governo não sabia tudo e que desconhecia mesmo o mais importante. E se nem o Presidente da República foi capaz ou quis obter e fornecer esses dados, também o Governo, não sei se por estratégia, táctica ou outra, não tem sido capaz ou não tem querido dizer-nos tudo de uma vez. Não falo do que não depende de nós, portugueses. Falo apenas daquilo que de nós portugueses depende. Que está o Governo manietado, é verdade! Que está o país numa situação terrível, é verdade! Mas que não se tenha sido capaz de chegar ao mês de Outubro no mês de Julho, fosse pela mão de quem fosse, acho demasiado! O problema é que vai parecendo começar a sobrar em austeridade aquilo que vai começando a faltar em autoridade, em autoridade moral. Esta semana, o Secretário de Estado Carlos Moedas veio dizer: acabou! Que o Governo está finalmente na posse de todos os dados. Espero que sim. Espero sinceramente que sim. O pior que poderia acontecer era este Governo começar a parecer-se, nesta matéria, com o Governo de José Sócrates. E aí punha-se, mais do que uma questão de autoridade, moral ou outra, uma questão de legitimidade. Espero que quem manda politicamente neste país tenha a clara noção disso mesmo e que não perca aquele que para mim continua a ser o mais importante capital político de que se pode dispor em política verdadeira: a autoridade moral.
Lisboa, 20 de Outubro de 2011
Martim Borges de Freitas

2 comentários:

Anónimo disse...

Ao que nós estamos a assistir em portugal neste momento não é um problema de partidos é uma corrupçao pura e dura , isto é uma vergonha, acordem nos não temos governo , temos um desgoverno e o resto é histórias . são todos a roubar por onde podem e ainda por cima vem com a conversa de que temos de atingir metas delineadas pelos irmãos metralha da Europa, que se formos a ver bem até vai contra a nossa constituição mas isso é outra conversa .

MEL

Anónimo disse...

AUTORIDADE MORAL...olhando para os resultados eleitorais parece que 43% dos portugueses nela ainda...acreditam!!!
Constatando-se como credíveis TODAS as informações de que somos conhecedores...TEMOS VINDO A SER CONFRONTADOS COM SISTEMAS GOVERNATIVOS (leia-se compostos por políticos representantes do PS, PSD e CDS) que levaram o País para O MAIS ELEVADO GRAU DE IMORALIDADE.
Com consequências devastadoras no tecido social e familiar.
Autoridade moral de quem?
Desses representantes "incompetentes" que atiraram o País ( e outros países)para a situação em que quase toda a Europa se encontra?

A autoridade moral define-se EM HONESTIDADE MORAL que é isso de que não É COMPOSTA a classe política "desgovernante" que sistemáticamente SE TEM AMANHADO á custa da destruição da vida de muitos portugueses e CONTRIBUÍDO para o estado "de pobreza" em que de novo nos encontramos e continuaremos...sabe-se lá por quanto tempo mais.

Mas...o POVO É QUEM MAIS ORDENA.
Cuidado!!!

A BEM DA NAÇÃO