DESABAFO

Muito aqui se tem escrito e comentado sobre a Festa de Setembro.
Mas apenas na parte ludica, pois na parte Religiosa e mais concretamente sobre o momento alto (pelo menos para mim) da Solene Procissão em honra da nossa Padroeira Senhora da Conceição, ninguém comenta.
É bom recordar que as Festas continuam a chamar-se de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, que as mesmas foram idealizadas para agradecer à Virgem Santa toda a protecção que a mesma tem concedido ao Alandroal.
Muitos esquecem tal.
Mas continua a ser um dos momentos onde me revejo, e vejo que muitos são os que comigo partilham de tal sentimento. Basta ver todos aqueles (as) que acompanham a Procissão, seja Ela a que horas for. Faça um calor abrasador, faça chuva, ou como foi o caso deste ano o tempo esteja propício, os mesmos de sempre lá estão e é bonito de ver que desde os mais idosos vestindo o seu facto de Festa, aos de uma meia idade mais à vontade a Fé é visível em todos. Pena é que cada vez mais a juventude se reveja menos nestes Actos.
O acompanhar a Procissão é para mim (e desde há largos anos), um dever que desde há muito se tornou imprescindível. Dever que se tornou em promessa desde que quando no momento mais aflitivo da minha vida, ao entrar na sala de operações, invoquei rezando o auxílio de Nossa Senhora da Conceição (já lá vão 30 anos).
Comove-me profundamente quando a Santa Padroeira aparece no adro da Igreja e a nossa Banda toca o Hino em seu louvor, quando vejo à janelas amigos (as) de longa data que na impossibilidade de acompanhar rezam o Terço e as lágrimas lhe assomam aos olhos. Comove-me quando o chão está pejado de flores para a passagem, quando as janelas se ornamentam com colchas vermelhas em sinal de saudação. Fico comovido quando os lenços brancos se agitam ao recolher da Procissão e mais uma vez a nossa Banda toca o Hino.

Feita que está esta introdução vou dissecar sobre o motivo deste meu desabafo:

De fonte segura sei que esteve em perigo a realização da Procissão, e que a mesma só se realizou devido ao esforço do Zé Fernando.
Apenas um voluntário apareceu para levar em ombros Nossa Senhora da Conceição pelas ruas da Vila. Foi o Zé Fernando que após várias tentativas conseguiu arranjar mais três para tal tarefa. Honra lhe seja feita.
Sei que o mal já vem de longe, pois no meu tempo de “festeiro”, embora sempre houvesse “voluntários” muitas vezes tinha que procurar mais dois ou três para revezar.
Acompanho frequentemente várias Procissões, Montemor (onde resido) e ultimamente Alcochete (onde reside o meu filho), dá gosto ver que os Bombeiros de Montemor levam aos ombros o Padroeiro (S.. João de Deus) e que em Alcochete S. João e varias Imagens são transportados aos ombros por Pescadores, Campinos e Forcados.
Se aqui tal é referido é porque sei de fonte segura que no passado ano foram dirigidas cartas (convites) não só aos Bombeiros (que responderam que apenas faziam guarda de honra, como aos forcados, que tão pouco se dignaram responder).
Mas outra “coisa” motivou este meu desabafo:
Sei que a Igreja Católica precisa de renovação. Li atentamente as considerações do Bispo do Porto – é preciso renovar… pois é … a ornamentação da nossa Igreja Matriz é um bom exemplo – agora o “bater de palmas” “os vivas” e o “folclore” no recolher da Procissão chocou-me.
Uma Procissão é um acto solene, não uma festa pimba.
Tenho dito
Chico Manuel