A EUROPA de PANTANAS
Um
Ao pretendermos avaliar os diversos lados de um problema acabamos por vezes, como dizia O. Wilde, por não perceber nenhum. Não é a diversidade cultural nem é a economia; o problema principal da Europa é o da demografia que vem praticando. Tem pouco mais de um terço da população da China, somos menos de metade dos indianos e apenas quadruplicamos a do Japão.
Está cercado também pelo flanco sul africano, de pouco lhe valendo o facto de ser, em parte, ainda bastante próspero. Ou de ser o maior parceiro comercial do mundo e de contar com países muito ricos. A Inglaterra e Londres, estão a dar-nos mais um sinal desta contraditória e pressionante realidade social com os motins e demais conflitos a sucederem-se década após década. Motins que já tinham acontecido em Paris, em Madrid. E amanhã serão em Berlim, Moscovo, Lisboa.
Na Europa, nasce-se pouco e cada vez mais tarde. Nos outros continentes, é precisamente ao contrário. O desequilíbrio do chamado capital humano está instalado. Vai ter graves consequências porque todos os espaços vazios tendem, de facto, a serem ocupados dado que sendo o continente mais pequeno é geograficamente muito aberto.
De uma forma abreviada, podemos dizer que a Europa já teve o domínio do mundo até aos princípios do Século XX quando tinha taxas de natalidade altas e exportava europeus para toda a parte. E foi assim que continuou enquanto continente que tinha grandes potências, riqueza e mercados coloniais até aos finais da segunda guerra mundial quando, finalmente, se afirmaram as duas novas super potências vencedoras da guerra mundial, os USA e a URSS.
À custa de uma sangria de 50 milhões de mortos europeus acrescidos dos 20 milhões que já tinha custado a primeira grande guerra civil europeia (14-18).
Detentoras de um poder político e militar novo centrado na posse das armas e poder nuclear fizeram com que o mundo agisse de acordo com os seus interesses e objectivos. O realismo político é isto mesmo; a guerra-fria bipolarizou e dividiu o mundo em duas metades, duas Coreias, dois Vietnames, etc.
Privilegiando a supremacia branca, protestante, (WASP) não foi, aliás, por acaso que os USA também se tornaram uma área de recepção “o melting pot”de numerosas comunidades estrangeiras escapando das origens como aconteceu ao pai queniano do esbranquiçado Obama, a contas com o Tea Party.
Daí para cá, liquidado o euromundo e o colonialismo, restou à Europa conseguir reorganizar-se sob a forma inspirada de Comunidade Económica Europeia desde o T. de Roma (1957) que viria a transformar-se na actual União Europeia, agrupando presentemente 27 países. Do Centro, do Norte, do Sul e do Leste europeu, a geopolítica em sentido amplo, não deixou de marcar as suas influências claras conforme o podemos verificar apontando ao mapa das diásporas europeias.
Dois
Em traços gerais, convém ainda lembrar que, se a Europa se tornou central e a região mais avançada do Mundo até ao século XIX, foi porque soube antecipar e protagonizar grandes inovações. É a Inglaterra que inventa o regime de governo democrático europeu mais antigo; foi na Europa que teve lugar a grande revolução igualitária francesa e depois se deu a primeira revolução socialista. Foi ainda na Europa que começou por afirmar-se a liberdade de imprensa, o sindicalismo livre, e o enorme progresso económico e social resultante da revolução industrial inglesa (associado a uma revolução demográfica e agrícola) replicado noutros países europeus como a Alemanha, a França, os países nórdicos e orientais como o Japão.
Infelizmente, Portugal, nunca acompanhou este processo de afirmação europeu. Ou se o fez, foi sempre a passo de caracol e tardiamente continuando os resultados deste desfasamento historicamente à vista.
Três
Por aqui se pode confirmar como o passado impregna, condiciona e configura permanentemente o presente e o futuro. Seja do que for e de quem for.
De facto, a Europa das guerras, perdeu o ascendente que tinha em termos demográficos. E porque o Mundo entretanto se abriu à globalização, as pessoas ganharam uma mobilidade acrescida e têm legítimas aspirações a uma vida melhor onde a possam viver. Venham donde vierem. Corram os riscos que tiverem de correr. Sejam de que raças forem, a condição humana não tem uma só cor.
Como se isto não bastasse, desde que aconteceu a bem conduzida reunificação alemã, o projecto europeu de integração económica, social e política começou a entrar em derrapagem desvalorizando os grandes princípios orientadores iniciais da construção europeia. Tornou-se cada vez mais intergovernamental, o que quer dizer que, cada país recomeçou a pensar mais em si mesmo. Tornando a União Europeia menos coesa. Cada vez menos habitada por europeus, menos propensa ao multiculturalismo, mais egoísta e xenófoba. Embora vá dizendo algo contrário, a chanceler alemã reconheceu isso mesmo no Bundestag, sendo a Alemanha o país europeu de maior imigração e o que precisa, urgentemente, de mais gente para assegurar o seu crescimento. Sobretudo, se forem engenheiros.
Certo é que o processo de construção europeu perdeu imaginação, a Comissão deixou de ser o motor (J. Delors é uma miragem). As marcas próprias de aprofundamento, acabamento, alargamento, esvaíram-se. Emergiram outras potências no Mundo. Uma das quais, o Brasil, sempre se assumiu como multirracial com uma larguíssima maioria negra de bem mais de cem milhões.
Enfim, a Europa enredou-se em grandes indecisões sendo de salientar, como acima o dissemos, o seu perigoso problema demográfico: a Europa está envelhecida. Precisa de se renovar a taxas sempre acima de 2,1 / 2,5 filhos/família.
A Europa aburguesou-se, acomodou-se, deixou de fornicar e de parir gente que chegue para sustentar os acréscimos de desenvolvimento que vem mantendo. Exactamente, quando certas lideranças políticas cada vez mais nacionalistas e menos europeístas, estão a ganhar peso e os problemas financeiros dos défices nacionais começaram a condicionar a economia dos países integrantes da U.E. Mais fracos ou mais fortes. De Portugal à Itália.
Quatro
É neste contexto, à luz do problema demográfico e político que, a Noruega e Londres, têm estado em primeiro plano, como Paris e Madrid já estiveram anteriormente por causas sociais relacionadas, no primeiro caso, com uma interpretação/conjugação criminosa e radical de vários factores um dos quais é, sem dúvida, a presença de comunidade de imigrantes naquele país nórdico. Um país escassamente povoado como é, aliás, o caso de todos os países norte europeus. Portanto ainda aqui o problema central é novamente o demográfico. Como acontece em Londres, uma cidade com mais de 10 milhões de habitantes, com uma extensão maluca, aberta à presença de milhares de comunidades imigrantes com problemas agudos de (auto) marginalização/desintegração social.
A Europa da União Europeia e dos seus dois principais países apresenta o mesmo problema. Precisam de imigrantes assim como têm de, em simultâneo, optar por politicas intensas de natalidade que satisfaçam as suas necessidades intergeracionais internas.
Outro tanto, se vem passando em Espanha e em Portugal. O nosso país, é mais um caso bastante problemático, na medida em que vamos ter, em meados deste século, a população que já tínhamos no início do século XX, isto é, entre os seis e sete milhões de habitantes.
E já agora, do Alandroal, é melhor não falar porque daqui a uns trinta ou quarenta anos, os poucos alandroalenses que sobrarem vão estar numa espécie de reserva… de índios, à moda americana e brasileira. Desertificado e de pantanas tal como a Europa.
Por isso entendemos que a violência extrema, incendiária e saqueadora destes motins sociais e dos que estão para acontecer, por várias cidades inglesas ou europeias, não se deve apenas a uns milhares de crianças e jovens que, devendo ser criminalmente responsabilizados, não são os únicos ladrões/culpados da auto destrutiva e insuficiente organização/motivação demográfica a que vimos assistindo, à escala europeia.
Em síntese, a Europa devia procriar mais do que desincentivar o nascimento de crianças semeando-as como se fossem bolas coloridas entre os céus de cada país.
Precisamente na época de maior abundância que até hoje vivemos…!
Europeus phod@m eis o recado que finalmente aqui deixamos!
Com as melhores saudações
António Neves Berbem
( XV/ VIII/ MMXI)
Obs: Este texto é dedicado ao grande timoneiro do Al Tejo educador dos povos alandroalenses, Dom Francisco Manuel Ramalho Tatá.
Antes de ir para o costume das férias com as férias do costume.
Adenda para quem não se dá ao trabalho de abrir os comentários
AC deixou um novo comentário na sua mensagem "COLABORAÇÃO - Dr ANTÓNIO NEVES BERBEM":
(A Europa jaz moribunda
aos pés da Merckel e do Sarkozy!
Os coveiros cavam-lhe a tumba:
"c'est pour vous, les deux, aussi").
Se o problema fosse só da phod@
estávamos à frente, a combater,
que o portuga sabe bem da poda,
dessa ancestral arte de ph@der.
Mas como pra fazer menino
o Zé tem que possuir $$$ubstracto,
sempre que entiriça o pepino
lhe aplica protector fato.
Porque os chinas não conhecem
o uso da "durex" camisinha...
quando dois anoitecem
logo são vinte de manhãzinha!
Como vai o mundo alimentar
tanta boquinha a abrir?
Continuem a fornicar...
mas com cuidado no cuspir.
Boas podas, se for caso disso, mas cuidado com a crise!
Aquele abraço
AC
3 comentários:
Senhor Neves Berbem, gostei de ler o que partilhou com a Altejo e o amigo Chico Manuel, Na minha opinião, a mentalidade das pessoas mudou em todas as questões, isto em meu ver?
Não conheço o amigo Berbem mas conheci o seu pai a tucar na banda do Alandroal, um abraço.
Obs.
Meu caro Carlos Damas
Eu, a si, creio que o conheço do Alandroal e, sobretudo, pelo que sei que vem fazendo da sua vida.
Acredite que o admiro tanto pela sua disponibilidade para acompanhar e (me)comentar o que o Al tejo vai divulgando, como pela sua simples, sagaz e superior compreensão e humanidade que vai sempre pondo nos seus comentários.
Se não se importa, podiamos mesmo já em Setembro, brindar-nos com uma conversa ao jeito de quem comunica e desenvolve uma arte com que V. já soube dotar-se e quer dotar-nos.
Parabens.
Sinceros agradecimentos
Antonio Neves Berbem
Obrigado amigo Antonio Neves Berbem depois a gente fala quando nos encontrar-mos, um abraço.
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