quarta-feira, 6 de abril de 2011

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

 O 5 de Junho
Carlos Sezões


Quarta, 06 Abril 2011 08:55
Ao contrário de reacções que ouvi de muita gente, perfeitamente legítimas, não acolhi a notícia de demissão do governo com alegria e satisfação. Independentemente da avaliação negativa que faço do trabalho deste executivo, acredito que no actual contexto económico, financeiro e social, ter de mudar um governo e ir para eleições é ilustrativo do grau zero a que chegou a nossa vida política. Existe um clima de ódio e crispação extrema no relacionamento entre os agentes políticos e uma total incapacidade de diálogo e de geração de qualquer consenso mínimo. Numa democracia adulta e madura, o estado dramático em que estamos teria já originado um governo de base alargado (dito de salvação nacional) em que as diferenças ideológicas e programáticas seriam, por um tempo, postas de parte em prol de um plano de emergência em que o País, em uníssono, se comprometesse com objectivos para os próximos dois anos.
Será uma utopia? Não, não é….e um pouco por toda e Europa é assim que se têm gerido estes tempos difíceis e se têm preparado as bases para o futuro. Pelos vistos, passados quase 37 anos desde que implantámos a nossa democracia, ainda estamos na fase da adolescência político-partidária…e vamos pagar caro por isso.
Concordo que a provocação arrogante e desastrada do governo com a apresentação do PEC 4 não deu ao PSD outra opção que não fosse esta. De facto, não existiam já condições mínimas para segurar um governo que, para além do total desrespeito institucional nas questões mais formais, não encontrava melhores ideias para reduzir o défice que cortar nas pensões de 180 ou 200 euros. Foi a gota de água.
E agora? Bem, vamos para uma campanha eleitoral que culminará no dia 5 de Junho. Nesta campanha, receio que a demagogia, o populismo, a vitimização e o ajuste de contas serão o pão nosso de cada dia. Será pena. Até porque será uma perda de tempo. Os nossos parceiros europeus, o FMI, os nossos credores e as agências de rating, que (bem ou mal) nos avaliam, serão insensíveis aos nossos psico-dramas mesquinhos. O que quererão saber é o que faremos agora, para restauramos o mínimo de viabilidade financeira como Estado soberano, que ainda tentamos ser. Depois seria então interessante perceber que estratégias teremos para o futuro – na competitividade, no emprego, no modelo de Estado, na educação e na formação ao longo da vida. Seria importante debater os resultados que pretendemos e não andarmos à volta com fantasmas ideológicos. Sim, porque serão estas questões que, decididas no dia 5 de Junho, nos permitirão olhar para Portugal num prazo de 10 a 15 anos e ver alguma saída, alguma visão de esperança.
Carlos Sezões
Gestor

2 comentários:

Anónimo disse...

Olha este. Ainda se fosse só em Évora !

Atão e nos outros concelhos !?

No Alandroal é o pão nosso de cada dia. Agora, como no passado recente.

Anónimo disse...

Anda tudo de cabeça maluca.
O comentário anterior era para a crónica do Eduardo Luciano, publicada na quinta-feira. E a responsabilidade é do comentador, não é do administrador do blogue.