Os passos do Coelho
Eduardo Luciano
Quinta, 31 Março 2011 10:29
Após o anúncio de demissão do governo, depois da recusa das oposições em avalizar o conteúdo do PEC 4 apresentado na Assembleia da República, o líder do PSD tem-se desdobrado em declarações para consumo interno e externo.
No contexto de pré-campanha eleitoral, seria perfeitamente normal que tais declarações fossem no sentido de vincar diferenças, apontar alternativas ou, ainda que falaciosamente, dar a ideia de novidade ou de coisa nunca vista e jamais experimentada.
Mas não tem sido assim.
As declarações produzidas, em português e em inglês, têm uma única preocupação: a afirmação de que está solidário com a política de austeridade imposta à maioria dos portugueses e que está disponível para fazer tudo o que for possível para satisfazer as expectativas dos agiotas que nos vão espremendo.
A forma solícita como foi a correr explicar-se às instâncias da União e ao beija-mão de Frau Merkl, é reveladora de que PSD pretende seguir e aprofundar as mesmas políticas que trouxeram o país até este beco sem saída.
Nem seria expectável que fosse de outra forma, depois de ter sido cúmplice na aprovação das anteriores versões do PEC e do Orçamento de Estado.
No fundo, o líder do PSD mais não faz do que reafirmar que, com ele, o caminho é o mesmo e à custa dos mesmos, propondo-se apenas ser mais eficaz.
Mais eficaz na flexibilização das leis laborais, mais eficaz nas privatizações, mais eficaz no desmantelamento do estado social.
Se há coisa de que não precisamos é de mais do mesmo.
As soluções não podem ser encontradas nas políticas causadoras do problema. É necessária uma ruptura clara com o caminho que PS, PSD e CDS apontam e para onde nos pretendem levar mais uma vez.
Contrariamente ao que começa a ser afirmado por quem ocupa o espaço mediático do comentário, este tempo até às eleições não é de expectativa passiva.
As lutas, manifestações e acções de resistência que em crescendo se têm afirmado, não podem desmobilizar e entrar num modo de “deixa lá ver o que isto vai dar”.
É preciso continuar. A ruptura necessária não acontecerá por um qualquer milagre que faça com que o PS ou o PSD mudem de caminho.
Sócrates e Coelho não são alternativa entre si. São dois rostos das mesmas soluções, como se tem esforçado por explicar, em português e em inglês, o líder do PSD.
Desta vez nem precisam de ser os comunistas a dizer que este PS e o PSD são duas faces da mesma moeda.
Os passos de Coelho, pisando o caminho de Sócrates, são por si só uma evidência.
Até para a semana… quem sabe
Eduardo Luciano
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