É dos livros
Miguel Sampaio
Segunda, 28 Março 2011 11:17
É dos livros, nunca se começa uma crónica por não, vou então começar por já basta.
Já basta de desinformação, de jogos florentinos em que sendo suposto dizer-se algo, se desenvolve palavreado vazio, oco de sentido para nada se pronunciar.
O governo caiu, novas eleições vão ser realizadas, mas na essência o que se pretende é que nada mude, que continuem os mesmos a suportar os encargos da crise, enquanto que os verdadeiros responsáveis, continuam a retirar dividendos da mesma.
Austeridade em cima de austeridade e o cinto do povo, de tão apertado, já subiu ao nível do pescoço e por falta de verba foi substituído por uma corda.
Sabemos hoje que quem dita estas medidas absolutamente criminosas, não é sequer quem foi eleito para governar este país, mas sim os países mais ricos da Europa Central, que a troco de verbas que foram chegando às pazadas dos fundos comunitários de apoio, estiveram na base do desmantelamento da agricultura, da frota pesqueira, do sector produtivo… nada neste país ficou de pé, e enquanto o dinheiro chegou, foi-se gastando em obras de fachada, para português ver e foi também enchendo os bolsos de uma classe dominante, incompetente, intrinsecamente desonesta e impreparada.
Esta situação faz lembrar os vencedores do totoloto, que nunca tendo tido nada de seu, quando se vêem com os bolsos cheios, gastam à tripa forra sem cuidar do dia seguinte, como se o pecúlio que têm, apesar de grande seja inesgotável, acabado o desvario, ficam numa situação ainda pior daquela que tinham antes.
Todos os tradicionais pensadores ou comentadores ou canalizadores de opinião, querem agora fazer crer que votando nos partidos que sempre suportaram este estado de coisas, tudo mudará, que os sacrifícios passarão a fazer sentido, que a bonança por fim chegará após tão turbulenta tempestade. Mas não, nada mudará enquanto não se mudarem radicalmente as circunstâncias que nos conduziram a esta dependência.
Há que ter coragem. A firmeza de apostar em novas soluções, a certeza de exigir transparência nas contas públicas, de saber que está por detrás, destas decisões ruinosas das últimas décadas, que nos levaram à ruína.
Há que ter o destemor de afrontar os especuladores que criam dívida sobre divida e pagar sim, mas devagar, com o denodo de colocar em primeiro lugar os interesses nacionais e não os bolsos da Alemanha de Merkel e da França de Sarkozy, que nem sequer são a Alemanha e a França dos trabalhadores, são apenas a casa ultra liberal dos especuladores, dos agiotas que lucram desmedidamente com uma situação que conscientemente ajudaram a criar.
Ponhamos os olhos na Islândia, se não resistirmos perdemos sempre, se nos afirmarmos podemos perder ou talvez não.
Miguel Sampaio
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