As marionetas
Eduardo Luciano
Quinta, 24 Março 2011 10:36
Sintomaticamente esta semana começou com a comemoração do Dia Mundial das Marionetas e parece que um conjunto alargado de gente decidiu passar o resto da semana em comemorações.
Desde logo o anuncio que as confederações patronais e a UGT acordaram em mais um conjunto de medidas de retrocesso social para grande satisfação do Governo e dos representantes do capital.
Os dirigentes da UGT revelaram mais uma vez qual é o seu papel neste cenário e quem puxa os cordelinhos que os fazem mover a mão que assina acordos de rendição perante as exigências de mais exploração e menos direitos para quem trabalha.
Apesar de parecerem ter vida própria, os fios que parecem invisíveis estão lá e nestes momentos ficam expostos a quem os quer ver.
Ontem tivemos em plena Assembleia da República a continuação das comemorações.
O debate em torno do PEC 4 fez ainda mais luz sobre quem representa o quê no contexto da representação parlamentar.
Das propostas de resolução apresentadas, a única que tinha uma conjunto alargado de propostas alternativas era a do PCP e que apontava um caminho oposto do que vem a ser seguido.
É revelador e esclarecedor o conteúdo da proposta de resolução do PSD. Nem uma palavra ou proposta alternativa.
E a razão parece ser bem simples. PS e PSD estão de acordo com o caminho seguido e são responsáveis pela situação em que vivemos.
É aliás nesse sentido que vão as palavras de Ferreira Leite quando afirma que a questão não está nas medidas tomadas, mas sim na credibilidade de quem aplica.
Parece que quem segura os cordelinhos de PS e PSD decidiu agora que o primeiro já não lhe serve os interesses de uma forma eficaz e o segundo poderá estar em condições de menor desgaste para prosseguir com a mesma política.
Ontem já se ouviam as primeiras vozes dos comentadores encartados a exigir que das próximas eleições saia uma maioria absoluta.O trabalho de condicionar o exercício de direito de voto começou antes de se saber formalmente que o governo tinha morrido.
As mesmas mãos que seguraram os fios dos dirigentes da UGT que assinaram o acordo em sede de concertação social e que determinam os movimentos dos actores dos partidos da alternância sem alternativa, começam já a posicionar as marionetas do comentário para repetirem insistentemente a cartilha da estabilidade e dos governos maioritários.
Que bela maneira de prolongar as comemorações do dia das marionetas por uma semana inteirinha.
Devolvida a palavra ao povo será que seremos capazes de contrariar aquilo que o marionetista espera que façamos?
Será desta que seremos capazes de derrotar, não este ou aquele partido, mas uma política que nos tem sido imposta por PS, PSD e CDS durante os últimos 35 anos?
Se isso acontecesse, o dono das marionetas teria que inventar um outro jogo para garantir que continuava a mandar no país.
Até para a semana… quem sabe
Eduardo Luciano
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