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Cultura e Criatividade: uma oportunidade para as cidades alentejanas
Carlos Sezões
Quarta, 16 Março 2011 11:50
Por muito estranho que possa parecer dito desta forma, é um facto que as cidades e as regiões encontram-se, hoje, num cenário de concorrência, como em qualquer outro mercado, pela atracção de pessoas, empresas e investimento. Efectivamente, a deslocação constante de negócios, a crescente mobilidade profissional e a maior transparência e circulação de informação leva a que todos estes “intervenientes” (indivíduos, famílias, empresas, instituições culturais) possam agora tomar opções geográficas antes fechadas à maior parte das populações.
E o que nos traz este novo patamar de competitividade? De uma forma simples, a necessidade de uma cidade (ou região) apostar na sua missão, nos seus factores de atracção e diferenciação.
A tese das chamadas “cidades criativas” é simples: cidades com elevada capacidade de atracção de indivíduos qualificados, que apostem em indústrias e sectores criativos (nas áreas das tecnologias de informação e comunicação, da ciência e da investigação científica, da cultura, das artes, do design, da educação, entre outros) terão maior solidez em termos de desenvolvimento e qualidade de vida. Ambientes tolerantes, propícios à diversidade e à multiculturalidade e ambientes dinâmicos, com uma boa oferta em termos culturais e de lazer, atraem os segmentos mais jovens e criativos, que produzem inovação e criam valor. Depois, desenrola-se o efeito dominó: criam-se redes de empresas, atraem-se mais pessoas, reanimam-se os centros históricos, alavanca-se o turismo e uma cidade banal torna-se uma cidade excepcional.
Este tipo de estratégias pode ser aplicado em qualquer escala, tanto a mega-cidades como a cidades médias/ pequenas. Em Portugal temos, entre outros, o emblemático exemplo de Óbidos que, com o seu Festival de Chocolate, tem sido referenciada como uma das melhores práticas nesta área.
Será que Évora, com as suas imensas potencialidades, poderia começar a pensar nisto? Sendo Património Mundial, com uma riqueza arquitectónica ímpar, tendo uma universidade secular frequentada por milhares de estudantes, porque não aposta nestes factores diferenciadores? Gostaria de ver na minha cidade ambientes vibrantes – praças e ruas cheias e gente, a Praça do Giraldo a as principais ruas adjacentes a fervilharem de restaurantes, cafés, esplanadas, bares e lojas de produtos locais, frequentadas por milhares de turistas, como muitas cidades espanholas e italianas que conheço, às quais Évora nada fica a dever. Gostaria de ver mais centros culturais e galerias de arte. Gostaria que existissem infra-estruturas de apoio a grandes eventos empresariais, como um bom centro de congressos, eventos estes que se tornariam uma excelente fonte de receitas para a cidade. É uma utopia? Não, não é…para isto apenas é necessária uma visão de longo prazo, a mobilização dos eborenses, inteligência no marketing territorial, algum trabalho e…vontade política!
Carlos Sezões
Gestor
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