COLABORAÇÃO - EVELINE SAMBRAZ

" As Voltas Trocadas "

« Yo criticaba y critico
Donde crea que hay mal paso
Porque com nadie me caso »

don Cándido Fernandez, professor.
Villanueva del Fresno.

Quando eu era nova, já há muitos anos, dizia-se que o Woody Allen apenas precisava de uma câmara de filmar, dois actores e as ruas de Nova Iorque para fazer cinema. E era verdade. Ainda hoje a Nova Iorque que eu prefiro é a que o Woody me mostrou nos seus filmes.
Igualmente o Rio de Janeiro de que eu gosto é o Rio de Janeiro do Vinicius de Moraes. Ele conseguia dar aquele fascínio à cidade apenas com um violão e uma garrafa de uísque. E talento, muito talento ... é claro.
A Roma que mais me agrada, é a Roma de Rossellini, de De Sica e Fellini. Por motivos óbvios e sem explicações desnecessárias.
E a Madrid que conhecemos com Sarita Montiel ! A Madrid do princípio do século XX. Quem não se lembra dos filmes : « La Violetera » e « O Último Couplet ». Essa Madrid era um encanto.
Aqui mais perto. Lisboa, pois então. A Lisboa dos fados de Amália e da poesia de Ary dos Santos. Não há melhor !
O que acima expressei é só uma opinião pessoal. Vale o que vale. E serve apenas de abertura para uma critica que quero fazer.
O Alandroal, na devida escala, também tem quem o cante, o retrate, o exalte. E não estou a falar do Luís de Camões nem dos Lusíadas. Neste caso, desnecessário será.
Refiro-me ao All Barran, cujas fotografias vejo sempre com gosto - muito gosto - e daqui desejo que continue a ter dedo leve no botão da " kodak ".
Falo do professor Vítor Rosa que, vindo d'outro continente, por aqui foi ficando e fixou - em gravuras várias - alguns aspectos do Alandroal.
Falo do Tói da Dadinha, do Francisco Manuel, do Homero, do Helder, do Poeta, do Trevor 12, do AC, do Sir Anthony Clayton e decerto mais alguns - aos quais peço desculpa por não nomear - que têm contribuído para que todos nós tenhamos um melhor conhecimento da terra em que vivemos, através de postagens, contos, escritos, crónicas e poemas a que atribuo muito interesse.
No entanto, nos últimos tempos, temos sido " brindados " com algumas crónicas avulso, assinadas por alguém com o pseudónimo de Sean. Sem querer questionar o interesse que essas crónicas possam despertar nos leitores do blogue, os assuntos abordados são de muito mau gosto. Desde logo remetem a mulher para um papel puramente decorativo. Como se a sua participação se destinasse apenas ao divertimento e gozo dos intervenientes masculinos.
Aqui, neste particular, reside o motivo da minha crítica. Não pretendendo ser mais " papista que o papa " parece-me que a tradição do humor no Alandroal, está situada muito acima destas brincadeiras, que podem levar a que se pense que por detrás do pseudónimo do autor das crónicas se esconde um machista que gosta de brincar com o fogo.
Não quero pensar nesta hipótese, nem acredito que o editor do blogue permita que, nestas páginas, se diminua a Mulher. Quero - isso sim - acreditar que se trata duma brincadeira de amigos.
E já agora, a talho de foice, quero aqui render homenagem a muitas mulheres do Alandroal e outras povoações do concelho que, no tempo da miséria, tiraram o pão da boca para o darem aos filhos.
Quero também recomendar ao Sean - afinal de contas meu colega na redacção deste blogue - que tenha tento no que escreve e que não se meta por caminhos que podem comprometer a sua prosa.
Em suma, que se deixe de alarvices.
Não gosto do Alandroal como o Sean o " pinta " .
Eveline Sambraz
Mina do Bugalho
Janeiro de 2011.