quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CRÓNICA DE OPINIAO - RÁDIO DIANA FM

Eduardo Luciano - Previsibilidades


Quinta, 04 Novembro 2010 10:16
Tal como tinha previsto na semana passada (eu e mais uns milhões de portugueses) PS e PSD entenderam-se quanto ao essencial e decidiram aprovar o Orçamento de Estado.
Estavam aliás condenados a isso, tendo em conta que preconizam as mesmas políticas que vão, à vez, pondo em prática e que vão tendo a bênção dos que provocam as crises e delas beneficiam.
Andaram a vender-nos a ideia que a aprovação do Orçamento era essencial para acalmar os agiotas da finança e fazer descer a taxa de juro sobre a chamada dívida soberana.
Curiosamente, os "mercados" reagiram aumentando as taxas e a pressão sobre Estado. Era algo mais que previsível.
Neste contexto de aflição e onde todos os dias saem notícias que pretendem demonstrar-nos que o país é uma choldra pouco recomendável, jornais dão à estampa a notícia de que os quatro maiores bancos privados andam a lucrar quatro milhões de euros por dia.
Percebem-se assim melhor os apelos dos banqueiros para que o Orçamento seja aprovado. Não um Orçamento qualquer, mas este Orçamento.
Assistimos agora ao terceiro acto desta ópera bufa. O siamês que não está no governo tenta distanciar-se das opções consagradas no documento que viabilizou, criticando-o ferozmente como se não estivessem lá as suas políticas.
O presidente/candidato que na semana passada aparecia como o pai que quer por em ordem os filhos desavindos, vem agora, depois da aprovação, exigir uma justa repartição dos sacrifícios, numa declaração que tem tanto de ridícula como de hipócrita.
É a preparação para o quarto e quinto actos da dita ópera. A reeleição de Cavaco para a presidência da República e o preparar do caminho para eleições legislativas já no primeiro semestre do próximo ano.
Aos pagadores de crises só resta mesmo a resistência, a indignação e a luta. Nada de bom há a esperar da alternância sem alternativa e sem novidade.
É com a consciência dessa realidade que continua a ser preparada a Greve Geral de 24 de Novembro, que vai somando apoios e adesões por parte das mais diversas estruturas sindicais e grupos de cidadãos.
Até os candidatos à Presidência são obrigados a tomar posição sobre esse momento. Desde a incompreensão de Cavaco ao silêncio de Nobre, passando pela posição dúbia de Alegre que não está a favor nem contra, mas compreende, até ao apelo de Francisco Lopes para que todos os trabalhadores se mobilizem para essa jornada de luta.
Ninguém poderá garantir que o sucesso da Greve Geral seja suficiente para travar este ataque a quem vive do seu trabalho.
Mas uma coisa é certa, sem a resistência dos trabalhadores esta gente levará até ao fim o seu projecto de retrocesso civilizacional.
Aplica-se aqui, que nem uma luva, o tal princípio: quando se luta nem sempre se ganha, quando não se luta perde-se sempre.
Até para a semana
Eduardo Luciano

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