quinta-feira, 14 de outubro de 2010

LOCAIS QUE DEIXARAM MARCAS NA MINHA JUVENTUDE

A SOCIEDADE ARTISTICA


Foi local que durante a minha “meninice”, nunca vi com “bons olhos”. E porquê? Enquanto os meninos da minha idade, lá podiam entrar, e mais tarde, com mais ou menos verdade, me relatavam os acontecimentos realizados naquele “snobe” local, a mim era-me pura e simplesmente negada a entrada. E porquê? Porque na altura, e quando da sua fundação, os inteligentes de então, “decretaram” que os associados só poderiam ser “artistas”, com profissão definida, funcionários públicos, ou então provenientes de “famílias”, Assim, eu filho de trabalhador rural, e de doméstica, não tinha acesso a tal espaço, enquanto outros que eram filhos de herdeiros de grandes fortunas, mas que nunca “mexeram uma palha”, eram os “donos e senhores” da S.A.R.A.
Outros tempos, outras mentalidades, que mais tarde deram azo, à degradação da mesma, a tal ponto que acabou por pura e simplesmente por desaparecer.
Só já quando “homenzinho”, e após conclusão do ensino liceal, depois de muitas “cunhas” e empenho dos colegas fui admitido como sócio.
Quem me havia a mim de dizer, que mais tarde iria desempenhar todos os cargos administrativos daquela colectividade, desde Presidente da Direcção, Conselho Fiscal, Assembleia-geral, e inclusive Contínuo com obrigação de abrir e fechar as portas, pois a demissão da Direcção, e do Contínuo a tanto obrigaram o Presidente da Assembleia-geral... eu na altura.
Mas o certo é que nos anos sessenta e parte dos setenta, a Sociedade Artística foi um ponto de referência, na Vila do Alandroal. Era para aquele espaço que toda a juventude convergia. Enquanto “os mais velhos” “as batiam” na sala vedada a menores, em que o póquer ditava as leis. Quanto a nós: Ìamos tomando o primeiro contacto, com a realidade da vida. E enquanto o rádio nos debitava Beatles, Bee Gees, Carlos do Carmo, Simone, Madalena, Elis Regina, Aznavour, Becaud, ou o Artur Agostinho, nos relatava os golos do Eusébio, a postura do Coluna, os frangos do Costa Pereira, tecíamos as nossas conjecturas sobre o assassinato do Kennedy, a morte do Luther King, a violência da guerra nas colónias, e o que seria de nós quando chegasse a altura de “ir para a tropa”... O que eu não aprendi naquela mesa oval!!!
Mas...havia os bailes, no Ano Novo, na Páscoa, no Carnaval. o da Pinha e o do Natal. Salão sempre cheio, ao intervalo era servido o chá e as bolachas às Senhoras e os Cavalheiros era de bom-tom terem lugar reservado para a ceia.
Também os torneios de bilhar, os jogos de damas...e então quando “os abonados” se resolviam jogar ao “tacho”, era grande a noite de “suspense”, com a assistência a vibrar quando algum jogador à beira de “rapar” tocava com a bola no pires já a abarrotar de moedas.
O 25 de Abril e as apregoadas “amplas liberdades”, que muitos confundiram com libertinagem, vinganças pessoais, impreparação democrática (mal que ainda hoje perdura), trouxeram a morte à Sociedade Artística. Está certo que o mal já vinha detrás, quando, por motivos óbvios se aboliu o conceito de descriminação em que os estatutos se baseavam, mas nessa altura ainda se mantinham o respeito, a boa apresentação e educação, coisa que se deixou de verificar, quando pela força, certas “forças”, tentaram pura e simplesmente “usurpar” o lugar.
E por aqui me fico...pois se desapareceu...não há nada a fazer.
Saudações Marroquinas
Xico Manel

2 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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