DIREITO À OPINIÃO - (HOJE O HOMERO)

Senão, vejamos…


Quis o destino, a sorte, o acaso, o infortúnio, ou o que fosse, que tivesse andado por longínquas paragens, lugares de bom trato, bom clima, boas gentes e acima de tudo, de trabalho.
Desempenhei muitas funções, Desde as mais elementares, até ás mais exigentes, cursei imensos temas pelos quais passei com mais ou menos dificuldade, enfim, ao longo do meu percurso “vivendis” consegui quase sempre passar para situações mais favoráveis e também de maior responsabilidade.
Penso, que à minha custa, da minha perseverança, do meu trabalho, da minha dedicação, da minha honestidade e maneira de estar na vida, me fui valorizando…
Porque a vida é uma constante de mudanças, porque já me sentia um pouco cansado daquele tipo de coisas, talvez porque a idade ia avançando, talvez por tudo e por nada, resolvi que tinha de mudar de poiso e assim tentei fazer. Creio que em boa hora o fiz,
Pois de muitos contactos que tinha, apareceu-me a possibilidade de vir trabalhar para o meu País.
Reuniões para aqui, entrevistas para ali e o emprego conseguido, aceites as condições
Apresentadas (felizmente boas) e mais uma vez, continuei a subir degraus na escada da vida.
Através da ajuda de vários amigos, cá me fui inserindo na nossa sociedade actual, posso dizer que fui bem acolhido e introduzido nos meios sociais existentes, Obrigado a todos!!!
Mas, desde que por aqui arribei, algo me saltava á vista e ao entendimento, para o qual não conseguia encontrar explicação plausível, tanta FESTA, tanta FEIRA (de nada), tanta semana DISTO E DAQUILO e claro, como é obvio, eu perguntava É PÁ?! Quem é, que paga isto???, as respostas apareceram de vários quadrantes e todas com o mesmo discurso, “Olha senão fizermos isto, perdemos os subsídios” e eu dizia para mim, esta malta toda, está a ser enganada!!! Continuam a acreditar no Pai Natal!!
Como é possível acreditar-se numa pantomina destas ,em pleno século xx (na altura),
Sim, porque hoje ninguém dá nada a ninguém, ou então, se nos derem um chouriço, vão nos cobrar um porco…
Claro que, como eu não acreditava não ia obrigar os outros ao mesmo, penso que cada um é como cada qual e deixei-me ficar na observância dos factos, mas já com a” pedra no sapato “, até hoje ainda lá permanece.
Está bom de ver, que todas as minhas interrogações tinham razão de ser, “SENÃO VEJAMOS “, o atoleiro onde estamos metidos., pois é, agora vamos pagar aquelas festas, feiras, romarias, concertos, tudo, mas não pensem que algo vai mudar!!! Vai ficar tudo na mesma, então não viram os últimos exemplos??? Não temos dinheiro!!! Mas temos concertos dos U2 e de outros, mas vamos pedir dinheiro emprestado para comer,
Ora se não tenho dinheiro para comer, como posso ter para pagar os concertos que ainda aí vêem???
Reparem, se já algum politico disse, meus Srs. vamos reduzir o nº. de Deputados na AR!!! Isso é que era bom, respondiam todos os outros!!! Mas todos vós sabem ou deviam saber, quem paga aquela organização, somos nós que trabalhamos
Meus caros, para grandes males grandes remédios!!! Em meu entender o OE devia ser chumbado, a Assembleia dissolvida, começar tudo de novo!!! Devíamos começar por ir apanhar lenha, acender o lume e meter os tachos a ferver…
Tenham calma e vamos enfrentar o boi pelos cornos!!!...
Um abraço,
HOMERO

Amigo Homero:

Como forma de agradecimento pelo excelente texto que escreveste, e que assino por baixo, deixo aqui breves palavras em forma de décimas, interpretando "Senão Vejamos..."

As minhas primeiras décimas para o encontro de poetas populares em Ferreira de Capelins, sobre o tema "2010 Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social".

Enquanto isto não for resolvido, nada feito senhores governantes do mundo.

PRIMEIRAS DÉCIMAS (Publicadas no Poet'anarquista)

POBREZA EXCLUÍDA

Mote

Ser pobre e ser mendigo
Por não ter o que comer
Ser excluído triste castigo
Nunca devia acontecer

Glosas

1ª
Neste mundo tão desigual
Quem decretou a sentença,
De haver tanta diferença
Entre pobre e rico, foi fatal...
Mas há quem ache normal,
Por só ver o seu umbigo.
Não desejo ao pior inimigo
Querer comer e nada ter,
É penoso assim viver…
Ser pobre e ser mendigo.

2ª
Dizem que a fome é negra,
Eu cá nunca lhe vi a cor;
Acredito que seja um horror…
Nada disso me alegra,
Como pode haver tal regra
Que divide logo ao nascer?
Nunca hei-de entender:
Uns têm tudo com fartura,
Outros cavam a sepultura
Por não ter o que comer!

3ª
Vive gente ao abandono
Não sabemos como resiste,
Tudo isto é muito triste…
Ao poder não tira o sono.
Viver assim, puro engano,
Não ter ninguém por amigo…
Sem usufruir de um abrigo
E não se poder fazer nada,
Pobre gente abandonada…
Ser excluído triste castigo

4ª
A vida teria outro sentido
Havendo mais igualdade,
Seria bom de verdade
Tudo ser mais repartido…
Ter o essencial garantido!
Oh!... Como gostaria de ver
Um diferente amanhecer
Nesses olhares famintos,
Perdidos em solidão aflitos…
Não devia acontecer!!

POETA