segunda-feira, 11 de outubro de 2010

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Miguel Sampaio - Em casa onde não há pão...


Segunda, 11 Outubro 2010 09:43
Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
Este dito popular, serve que nem uma luva ao momento vivido pela nossa autarquia municipal.
Nesta câmara todos ralham, do Presidente aos funcionários, todos, sem excepção, ralham com todos.
Depois, bem, depois entra em cena outro ditado, também ele bastante esclarecedor:
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.
É o que sobra de tanto ralhar. Só que alguns, a maioria, insurgem-se com razão.
Se a câmara não tem dinheiro, isso em grande parte se deve à sua incapacidade de o gerir quando dele dispõe.
Gasta-se o escasso pecúlio em obras de fachada, para encher o olho, em promoção mediática dessas mesma obras, mas no fundo, o que conta, o que verdadeiramente interessa, vai ficando para trás.
Não existe um sector, um único sector desta desastrosa administração, que não esteja em crise profunda, quase em estado comatoso.
Cultura, educação, limpeza, acessibilidades, rede viária; é só escolher.
Os munícipes queixam-se e a autarquia, em vez de os ouvir, ralha, vocifera, esbraceja, como se a culpa do descalabro fosse destes, como se não fosse a sua incompetência a principal responsável por todas as asneiras cometidas.
Queixam-se da falta de dinheiro e responsabilizam a crise aguda que se faz sentir, mas não racionalizam os meios que têm ao seu alcance.
Não respeitam os protocolos assinados? A culpa é daqueles que não recebem as verbas a que têm direito.
Deixam o trânsito em auto-gestão? A culpa é dos munícipes que querem levar o carro até à porta.
Em vez de arranjarem os arruamentos, investem em campanhas publicitárias, em marketing de imagem, como a da cidade ciclável, ou dos carros movidos a energias limpas.
Entretanto, quando fazem obras, como em S. José da Ponte, esquecem-se das pessoas e numa incompetência sem limites, cortam-lhe os acessos pedonais...
Invariavelmente surge uma desculpa, em lugar de uma resposta. Sacode-se a água do capote, aumenta-se o tom de voz, arranja-se um responsável improvável e a coisa está feita.
Na recolha do lixo, por exemplo, é a negligência dos funcionários que está na origem de todos os males.
Na cultura, são as associações culturais que já deviam ter aprendido a fazer omeletas sem ovos.
Em S. José da Ponte, se calhar a culpa é das pessoas que lá vivem e pagam impostos.
É caso para dizer:
Gaba-te cesto, que amanhã há vindima.
Até para a semana.

Miguel Sampaio

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