Porque é que eu gosto da Mauritânia. Não é por certo por extravagância. Nem tão pouco pela minha ancestral fobia a altas densidades populacionais e respectivos substratos de viveiros, entendíeis por urbanizações. Não! É tão-somente porque na Mauritânia três quartos da sua área são desertos e as dunas movimentam-se rapidamente ao sabor dos ventos. Mas não só, pois mal comparado seja, o mesmo sucede neste pequeno país aporético, onde as decisões dos vampiros movem-se ao sabor dos seus (deles) ventos, e o que soçobra para os demais , nós, é “mais um esforço” , pois que o nosso, é diferente do deles. O deles, resume-se a uma longa lista de excepções e recuos. Como facilmente se deduz a tal a vida na Mauritânia, mesmo com a secura dos seus desertos é edénica, se comparada com a influtuabilidade local. Curiosamente poder-se-á pensar que a Mauritânia, terra onde os há mouros brancos e não brancos e mais outros tantos não mouros, é um país problemático já que questões como a propriedade da terra, tribalismo, idioma, serão factores de destabilização. Pode até ser.
Curiosamente em 2008 ocorreu um golpe militar que depôs um governo civil eleito democraticamente em 2007, e onde presidente e primeiros-ministros foram presos. Até neste particular a Mauritânia, me agrada. Mas ainda assim, neste local, a destabilização é muito mais diversificada e incontrolável. Fosse possível, através de um qualquer milagre, pagar-se hoje toda a dívida pública, e amanhã mesmo regressaria a dita, mais atrevida, reforçada moralmente até, porque aqui o tal de’deficit’ é tão somente de comportamento cultural e de educação ou, falta dela, já que se vive sem objectivos e acima das reais possibilidades do que se tem. Isto é que nos afasta, da Mauritânia. Não porque lá não exista um descalabro na educação, na justiça, na saúde, na segurança social, sabe-se lá! Mas porque na Mauritânia há controle de flutuabilidade. Técnica importantíssima do mergulho autónomo. No mergulho em consciência.
Escola.14Out.10
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