quinta-feira, 30 de setembro de 2010

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Luís Sebastião - Chegaram os caloiros


Quarta, 29 Setembro 2010 10:35
Acabam de ser divulgados os resultados da segunda fase de candidaturas ao ensino superior. Para grande alívio de todos nós, dirigentes ou meros docentes da Universidade de Évora, a nossa instituição preencheu os poucos lugares deixados vagos na primeira fase, mais aqueles que decorreram da não matrícula de alguns dos alunos então colocados. Mesmo os cursos oferecidos em regime pós-laboral, que tinham tido um desempenho sofrível na primeira fase, registaram um aumento significativo de frequência.
Trata-se, agora, de acolher os novos alunos e de lhes proporcionar as melhores condições e a melhor qualidade possível de ensino.
Ora, é aqui que começam as dificuldades. Como é do conhecimento geral, tem havido, nos últimos anos, violentíssimos cortes nos orçamentos das Universidades, total ausência de concursos públicos para promoção nas carreiras de docentes e funcionários (importa dizer, para quem não sabe, que na carreira docente do ensino superior não existe progressão automática), e é com enormes dificuldades e esforços pessoais que essas instituições continuam a trabalhar e a cumprir as suas missões.
Foi em cima desta indigência de recursos que se instalou o imperativo da reforma do ensino superior, que tem como causa remota o chamado processo de Bolonha e como causa próxima a publicação do novo Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior.
De acordo com a agenda de Bolonha é suposto que, de olhos postos nas escolas de referência do mundo anglo-saxónico, as Universidades e os Institutos Politécnicos sejam capazes de reestruturar os seus ensinos e de alterar práticas docentes e discentes, profundamente enraizadas nos séculos de história do Ensino Superior de tradição napoleónica, como é o nosso caso. Isto é, de se submeterem a uma reforma tão profunda que alguns lhe têm mesmo chamado a refundação do ensino superior em Portugal.
Acontece que é isto que se afigura como uma tarefa impossível: reformar um organismo completamente depauperado.
As reformas, todas as reformas, são exigentes do ponto de vista dos recursos – financeiros e humanos – de que necessitam. Mesmo que visem a racionalização de processos e a redução de custos a médio prazo, o processo de reforma, em si, causa perturbação, turbulência, abaixamento do rendimento e da qualidade da perfomance. Reformar uma instituição pesada, como a Universidade, requer vontade, planeamento e, por fim, tempo e recursos.
E são precisamente o tempo e os recursos, que a governação do ensino superior no nosso país tem vindo, encarniçadamente, a recusar à Universidade. À Universidade de Évora, como à Universidade portuguesa em geral.
Até para a semana.




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