quinta-feira, 30 de setembro de 2010

COLABORAÇÃO - DR. LABOREIRO

A Situação económica e financeira na I Republica


Partindo do principio de que a economia constitui um dos esteios em que assenta o desenvolvimento de uma sociedade, è imperioso atender a “nuance” económica ao procurar analisar o processo histórico do período republicano, aberto com a Revolução de 5 de Outubro de 1910.
Se a I Republica veio encontrar, ao findar o regime monárquico, um Portugal de economia essencialmente agrícola, grandes seriam os problemas, contudo, que minavam a estrutura agrária: nomeadamente o facto da divisão fundiária da propriedade assentar (em meio Portugal – Alentejo, Ribatejo e em determinadas zonas do Norte) na grande propriedade (na maior parte dos casos com propriedades absentistas – muitos deles residindo em Lisboa).
E se Ezequiel de Campos apresentou (por duas vezes) propostas de uma reforma agrária alicerçada no parcelamento das grandes herdades ( a distribuírem-se por famílias de agricultores que pagariam um preço simbólico), o certo è que as propostas não passaram, devido à queda do governo.
Outro problema económico estaria ligado ao preço do pão (querendo os governos republicanos, coerentes com os seus ideais democráticos, proporcionar condições de vida dignas do povo): problema resultante da incapacidade do Sul do Pais em produzir o trigo suficiente para abastecer a população em maus anos agrícolas – comprometendo-se os governos da Republica em importar trigo, subsidiando o sector moageiro (que permitiria desta forma tornar acessível a toda a população o custo do pão).
Porem, expandiram-se os terrenos de cultivo da vinha, do olivedo, dos pomares, bem como dos montados de sobro e de azinho; bem como se dinamizaram os terrenos de pastagem (sobretudo de ovinos).
Fazem-se por outro lado estudos para a construção de sistemas de irrigação. Legisla-se sobre a concessão de créditos agrícolas, bem como e reformulado o imposto sobre a propriedade agrícola.
Seria flagrante a penúria em termos de desenvolvimento industrial) que os republicanos do 5 de Outubro vieram encontrar: sem matérias-primas, carvão, meios de comunicação, com um ínfimo numero de industrias e de operários – comparado com as desenvolvidas Bélgica, Holanda, Suiça, Noruega ou Suécia (isto, nos últimos tempos da Monarquia).
Com a Republica, constroem-se algumas barragens hidroeléctricas, são criadas indústrias de conserva de peixe, que – conjuntamente com o aumento da exportação de vinhos e frutas – são altamente apreciadas no estrangeiro.
Crescem as indústrias têxteis, bem como a indústria corticeira e metalúrgica. Desenvolvem-se ainda as indústrias dos tabacos, das cerâmicas, dos fósforos, dos vidros, do cimento e dos adubos (com lógico aumento de empregabilidade de operários e crescendo a qualidade de vida) – localizando-se as industrias na região da “ grande Lisboa” (margem Sul) e do “grande Porto” (Foz do Douro) e no Minho.
Como infra-estrutura do apoio à economia, são aumentadas as estradas de ferrovia, bem como as rodovias. Por outro lado, cresce o número de automóveis (estando Portugal, em 1916, a meio da escala europeia em termos de automóveis por mil habitantes). Por outro lado, aumentou o serviço interurbano por autocarros (havendo, em 1926, oitenta carreiras de autocarros no Norte, e cinquenta no Sul).
Aperfeiçoou-se e cresceram os serviços de telégrafo e telefone – quadruplicaram as localidades com serviço de telefone.
A marinha mercante mostrou igualmente alguns aspectos de crescendo na prosperidade. Cresce a actividade bancária (surgindo onze novos bancos a meio do período republicano).
O problema financeiro seria, contudo, uma das questões mais cadentes durante os 16 anos da I Republica: alias recebida da Monarquia; devido sobretudo ao montante da divida publica, ao desequilíbrio importação/exportação e à fuga de capitais das classes ricas (com o advento da Republica) – que os republicanos não penalizaram, fieis ao direito de liberdade individual. Mas, com Afonso Costa como Ministro das Finanças (mediante medidas legislativas e o crescendo de remessas dos emigrantes, e com o desenvolvimento industrial, e ainda com o aumento da exportações) assiste-se a um “superavit” que atesta a capacidade de estadista do politico democrático – lamentando-se o facto de não ter seguidores.

José Alexandre Laboreiro

Publicado na Folha de Montemor Setembro 2010, e transcrito com a devida autorização do Autor

1 comentário:

francisco tátá disse...

Comentador das 13,51:
Desculpe lá mas o texto não tem nenhuma fotografia….
Então já a esta hora? Não vê onde põe os pés , quero dizer os olhos!
Afinal quem são os labregos?
Não insista, porque “isto” (comentários destes) têm o destino traçado: LIXO.
Chico