quarta-feira, 11 de agosto de 2010

VIAGEM ALENTEJO / EXTREMADURA. IDA E VOLTA PARTE II

(Continuação)


VIAGEM ALENTEJO / EXTREMADURA. IDA E VOLTA 2ª PARTE
( Ou fragmentos da vida de uma família raiana ).

-" Vou casar com ele, manos " - Disse Rosário assim que o tenente Jean Jacques se despediu, montou a cavalo e se encaminhou para a aldeia. Acrescentando de seguida :
" O meu maior receio era que ele fosse fascista. Não é. O resto, decerto nós resolveremos. A diferença de idade, e os restantes problemas que vocês referiram serão ultrapassados com a convivência e o tempo. Fiquei com a certeza que é um homem bom, e estou convencida que até os manos, em tempo próprio, confirmarão isso mesmo. Agora, só peço que me deixem seguir o meu caminho. A única dúvida que se põe na minha cabeça é deixar o mano Francisco sozinho, já que o João José está a viver com a Maria da Conceição no monte Novo. Nesta altura da conversa, atalhou a Maria da Conceição -" Não te preocupes, por cá nos havemos de arranjar. Comigo também parecia que não ia resultar e, afinal, não tem sido assim tão mau. " -
Francisco Rodriguez Potra de Avelar e João José Rodriguez Potra ficaram calados.
Rosário José Rodriguez Potra e Jean Jacques de Castro Sagan casaram seis meses depois.

Quando regressámos a Portugal pernoitámos uma noite em Badajoz. Por dois motivos principais : Primeiro, porque o tio Jean Jacques tinha assuntos a tratar junto das autoridades fronteiriças espanholas, e, segundo, porque o tio Francisco e o meu pai queriam aproveitar a oportunidade para nos mostrarem a cidade, a mim e a Evita, pois nunca a tínhamos visitado. Foi uma tarde de passeios por toda a cidade. Visitámos os pontos de maior interesse histórico e cultural, com momentos de especial emoção dos nossos maiores, quando passámos pela plaza de toros. Nesse local se recordaram de alguns bons amigos que ali tinham perecido.
Foi nessa altura que o meu pai recordou aquele mês de Agosto de 1936, quando regressava a casa depois de uma saída nocturna, em operação de contrabando, ainda em território espanhol, já com as tropas franquistas muito perto, e foi surpreendido por um grupo familiar composto por dois adultos e várias crianças que pretendiam fugir para Portugal. Foi a primeira vez que participou de uma acção dessa natureza. Ajudou essa família a passar para Portugal e mais tarde ainda teve conhecimento que, após vários anos de permanência numa povoação portuguesa,essa família regressou a Espanha. Era gente que vivia a sul de Cheles.

(Continua amanhã)

3 comentários:

francisco tátá disse...

Ao amigo que em comentário a esta ficção perguntava: Para quando a publicação em livro? posso adiantar-lhe que: se as promessas forem cumpridas, o será muito em breve, mas, se tal não se verificar
outros meios serão activados e todos nós teremos o privilégio de poder lêr estas VIAGENS.
Obrigado pela pergunta e grato por saber que segue esta história
Chico

Anónimo disse...

Se me é permitido digo: o blogue do Chico será assim que ele vai constar para a posterioridade, está agra a atingir os fins que o seu filho (mais um grande alandroalense, amigo da sua terra e que foi longe na profissão que abraçou e que só prestigia o Alandroal, sempre desejaram)
Não um tanque de roupa suja de que muitos se aproveitaram , mas sim um olhar atento sobre o Alandroal, os seus méritos e os seus defeitos, em que com coragem e inteligência todos possam contribuir para o progresso da nossa terra.
Tenho dito e volto a repetir se necessário
José Manuel

francisco tátá disse...

Obrigado Amigo pelas suas palavras.
Como gestor dos comentários, cabe-me dizer: tem sido uma luta dificil, porque por vezes torna-se dificil distinguir o que comentado com sentido critico, como sugestão , como denuncia de situações...eu sei lá,,, distinguir o trigo do joio.
Sempre posso acrescentar (maldade minha) que por vezes alguns comentários "passam" para que se possa aquilatar da mediocridade que campeia neste paupérrimo ensino versus instrução - educação e possamos fazer um balanço do que as minhas netas esperam no futuro.
Obrigado pelo seu comentário
Chico Manel