Viagens na minha terra
Já faz tempo que aqui não vinha e como tal, ainda não te contei a minha viagem aos Açores , com alguns dos meus contemporâneos. Pois é, lá conseguimos ir uns dias aquela terra que nunca iremos esquecer. Saímos de Lisboa por volta das 10:00 da manhã, com escala em Ponta Delgada, onde permanecemos umas horas, o suficiente para darmos uns passeios , fazer umas fotos e almoçar um apetitoso bacalhau com grão, regado com vinho de “cheiro”, (só quem esteve na Terceira, sabe que vinho é este). Depois seguimos nessa tarde para a TERCEIRA.
Foi uma alegria extraordinária pisar aquela terra novamente, pois ali passei dos melhores anos da minha vida, cheguei lá com 18 e sai com 26 anos, mas voltando á visita, fomos recebidos pelo pessoal da FORÇA AÉREA ,que nos alojou no complexo de Sargentos, tudo impecável .Fizemos logo os nossos contactos, tendo a sorte de encontrar alguns dos nossos antigos camaradas de armas, enfim nessa noite as comemorações foram ruidosas, lembrámos tempos passados, momentos inesquecíveis, histórias das nossas vidas. É evidente que tudo foi, comedidamente regado…
Comemorámos alegremente!!! Claro que metemos uns whiskys abordo!! Para os nossos passeios alugamos dois carros e no dia seguinte iniciamos as nossas programadas visitas, à Praia da Vitória, Angra do Heroísmo e a celebre volta a ilha, onde visitamos todas, ou quase, as freguesias da mesma,
Lajes, Biscoitoa, Serreta, São Carlos, São Mateus, não posso deixar de narrar que, visitámos todos os nossos antigos lugares de culto…
Tivemos uma sorte fantástica em relação ao tempo, pois como é normal, nos Açores por vezes fazem as quatro estações num só dia, mas para nós, foram dias de um SOL radioso e duma luminosidade esplendorosa, talvez magnífica.
Parecia que a NATUREZA nos presenteava com tal esplendor, como retribuição aos sentimentos que albergávamos dentro de nós, por aquele pedaço de terra rodeado de água por todos os lados, menos por um (por baixo).
Como não podia deixar de ser, fomos visitar todos os nossos restaurantes conhecidos e ainda existentes, estivemos na GARÇA, comendo cracas e um polvo guisado, tal como no nosso tempo de jovens,
E o mais importante é que ainda fomos encontrar o antigo dono do restaurante, hoje já retirado. que nos reconheceu, assim que entrámos ( apareceu uma lágrima no canto do olho) A neta é que explora agora o restaurante (rapariga por volta dos trinta, com uns olhos, de derreter a alma a um pobre de Deus) ,enfim foi um belíssimo almoço, bem regado com um verde Alvarinho. No dia seguinte fomos almoçar ao clube de sargentos BAR da PRAIA, foi outro almoço de arromba, comemos uma cataplana de cherne e goraz, que estava divinal, claro que muito bem regada com um branco JOÃO PIRES bastante fresco,
Próprio dos Deuses! Até Baco se babou ao presenciar tal repasto…
Fazia parte do nosso grupo, um antigo camarada, por sinal mais novo do que eu, mas que foi meu contemporâneo lá na BASE, ora o dito , teve naquela época, uma paixoneta por uma enfermeira estagiária no hospital de Hangra, pois em jeito de romaria, lá tivemos que ir todos do grupo fazer uma visita aos arredores do referido hospital ( ele deu umas voltas assim um pouco estranhas numa das rotundas), aquilo cheirou-me a profecia, mas enfim, cada um é como cada qual….
Eu também fui aquela visita á Ilha, com segundas intenções, vamos lá ser francos !!!
Foi natural, lógico e salutar durante a minha estadia original, conhecer algumas miúdas, em particular
Uma morena (sempre admirei e gostei de morenas…feitios….) pois tal como ele, também gostaria de a ter encontrado, mas não tive essa sorte, está casada e vive em S.Miguel
Ora, como tudo o que tem começo, também tem fim, lá terminou a viagem e para aqui voltei ao meu trabalho habitual, de onde envio este relato..
Nada de muito transcendente se passou, aliviamos certa saudade que, quer queiramos ou não, existe para sempre, dentro de nós.
O chegar a alguma idade (dinossauria), tem o privilégio de ter recordações, saudades, amores, desamores, insónias, amigas, amigos, algumas dores, enfim, um rol de sentimentos que quem desaparece cedo, nunca teve a oportunidade de armazenar dentro de SI.
Todos esses sentimentos, é que definem a grandeza de uma vida, ou NÃO !!!...
Um abraço,
HOMERO
Nota do Editor::
Triplamente feliz: Primeiro porque é sempre um prazer receber colaboração de um amigo de longa data,
Segundo porque verifico que quem nasceu Bom, conserva o dote com que foi premiado.
Terceiro: porque com esta narrativa recordei tempos passados em que também tive o privilégio de visitar a TERCEIRA, conhecer as suas gentes, passear pelos mesmos locais, ter a sorte de “apanhar “ as Festas da Praia – que coisa bonita – e como os Açorianos sabem fazer a Festa com a sua “prata da casa”- não tive o prazer de provar o tal de “cheiro” e de “apanhar” um “parceiro” à altura de TI, ou do ONID, ou do SEAN – vi por lá o Vitorino, mas envergonhei-me de ir ter com ele e “desafiá-lo”.
Gostei tanto, que, do que ainda me arrependo é não ter feito toda a minha profissional por aqueles locais.
Ainda não perdi a esperança de lá voltar….
Estou-te grato pelas recordações que me proporcionaste… Continua a colaborar porque “destas coisa” é que eu gosto de publicar.
Um grande abraço…AMIGO
Chico
3 comentários:
" Eu ia pelo mar fora,
Cheguei a meio, parei... "
João Cachalote
( personagem do livro " Quatro Prisões Debaixo de Armas " de Vitorino Nemésio.
Quando o João ia pelo mar fora e parou no meio, chegou aos Açores.
Tinha saído de Sines.
Arribou à Ilha Terceira.
Ia no seu pequeno barco.
A caminho da América.
Ficou a meio caminho.
Fugia das brutas fomes que grassavam, nessa época, pelo Alentejo.
Nessa altura ainda não se chamava João Cachalote.
Ainda era o João Casablanca.
Só acrescentou Cachalote ao nome depois de se ter tornado baleeiro.
Não chegou à América.
Ficou preso aos Açores e aos olhos da menina Maria da Conceição Mota.
Fez o resto da vida entre as ilhas Terceira e do Pico, passando, de vez em quando, pela de São Jorge.
Isto aconteceu ainda antes de Angra ser do Heroísmo.
O cognome " do Heroísmo " só foi concedido à cidade depois da valentia que demonstrou durante as lutas liberais do século dezanove.
Mas esta conversa não é sobre história, é sobre o João Cachalote e sobre o Homero.
Pois bem, quando o João Cachalote chegou á ilha Terceira, ainda Angra era só Angra.
Há quase duzentos anos, portanto.
Ele e a Maria da Conceição desataram a fazer filhos que foi um vê se te avias. Dezasseis, foi a conta que Deus mandou.
Depois, cada um dos filhos fez outros tantos.
E por aí fora, geração após geração.
Talvez seja por isso que dizem que os habitantes da Terceira são os alentejanos do mar.
Isso já eu não sei, nem o Vitorino Nemésio explica.
E é aqui que entra o Homero.
Deixa-te lá de tretas, de caldeiradas, de ostras e outros petiscos, bem regados, pelos vistos, e conta lá à gente porque não ficaste agarrado por aquela moreninha que referes a dado passo.
Olha que eu conheço a história.
E se tu não a contares, conto-a eu.
Sean
Por erro técnico, no comentário anterior, não seguiu uma informação sobre a morena que o Homero refere.
Ela é descendente do João Cachalote.
Homero, desculpa lá esta adenda, mas só assim se explicam todas as referências ao antepassado da moça.
Conta lá agora a história completa.
Sean
Oh,Homero,Oh Homero,
Ler com todo o agrado a tua descrição da ida aos Açores,pressupõe também que o narrador seja capaz,muito capaz mesmo de desvendar com verdade,engenho e arte quais eram afinal "as tuas próprias declaradas segundas intenções".
Eram virtuosas ou pecaminosas?Eram amorosas ou apaixonadas? Eram sensuais ou libidinais? Ou eram apenas lascivas e amorais?
Sim,diz-nos, lá de rotunda em rotunda, o que eram?
Como teu fiel leitor (e outros que leram o mesmo que eu e o Chico Manel),tenho ou não tenho direito, e legítimas aspirações a essa tua superior explicação e compensação literária?
Cá fico urgentemente à espera.
E pergunto-te,directamente, se
tu não ficarias com as
mesmas expectativas?
Com as melhores saudações
António Neves Berbem
Enviar um comentário