quinta-feira, 17 de junho de 2010

DUQUES E...CENAS - (PELO Dr. JOÃO LUÍS NABO)

Ainda sobre a estapafurdez de os alunos passarem do 8.º para o 10.º ano, sem irem às aulas...


Continuo sem compreender como é possível um aluno, sem frequentar a escola, fazer exames de 9.º ano sobre matérias que deveriam ter sido apreendidas durante um ano lectivo em contexto de sala de aula, com possibilidades de discussão, levantamento de dúvidas, lançamento de novas ideias. A sala de aula continua a ser, embora alguns professores se sintam obrigados a seguir um percurso diferente, o centro nevrálgico onde acontece a aprendizagem. As visitas de estudo, os projectos de turma ou de escola, ou ainda em sistema de intercâmbio com escolas nacionais ou de outros países é, sem dúvida, enriquecedor, sobretudo pelo desenvolvimento global que pode proporcionar aos alunos. Mas, ao contrário de algumas teorias que começam lentamente a ganhar força, estas actividades nunca poderão ser o objectivo primordial da escola.

Cada vez mais nos obrigam gastar o nosso tempo a reflectir sobre as estratégias para contrariar o insucesso ou o abandono escolar. Se, noutros tempos, a escola se fechava sobre ela própria e os alunos circulavam entre muros a remoer sebentas com apontamentos já esborratados, com décadas de utilização, sem um contacto prático com a comunidade, hoje, se dermos asas a tudo o que nos exigem, a sala de aula quase deixa de ser necessária, tão pouco é o tempo que os alunos passam dentro dela. Nem oito, nem oitenta.
Quando me perguntam qual é a melhor estratégia para garantir o sucesso escolar dos alunos, a minha resposta nunca se alterou: o sucesso escolar passa, inevitavelmente, pelo estudo, pelo trabalho aturado de pesquisa e investigação, pela concentração e pelo interesse nas matérias e também (como isto é importante!) nos professores que as leccionam. Caso contrário, teremos alunos cada vez mais ignorantes e professores cada vez mais infelizes e ansiosos pela idade da reforma.

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