quinta-feira, 17 de junho de 2010

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM



Eduardo Luciano - Todos iguais… uma ova!


Quinta, 17 Junho 2010 10:55
Quando andamos na rua a contactar com as populações, fora dos períodos eleitorais, ouvimos algumas vezes a frase: são todos iguais.
Quando nos aproximamos e conseguimos estabelecer conversa com quem nos mimoseia com a frase feita, normalmente a opinião muda.
Se somos todos iguais, onde andam os outros? Já aqui estiveram? Vêm cá fora dos períodos de campanha eleitoral?
Quando a coisa aperta para o lado dos que menos têm vão para a porta das empresas dar a cara pelas medidas que adoptam?
Quem mobiliza, quem esclarece, quem é que está sempre do mesmo lado nesta luta que, por ser desigual, não significa que não tenha que ser travada?
Alguém viu algum militante do PS ou do PSD na rua a distribuir documentos a justificar as opções que tomaram no âmbito do PEC nas suas diversas versões?
Pois é. A frase "são todos iguais" não resiste à comparação, pela forma e pelo conteúdo. Há os que privilegiam o contacto olhos nos olhos com a população e os privilegiam o atirar das justificações das suas políticas no conforto dos estúdios de televisão.
Há os que estão do lado dos trabalhadores, dos reformados com pensões de miséria, dos desempregados e os que manifestam particular compreensão pelas exigências das confederações patronais, quando pedem reduções de salários e exigem o regresso ao século XIX para poderem despedir com toda a flexibilidade do mundo.
Na Assembleia da República há os que convergem nas propostas de aumento de impostos sobre o trabalho, na redução da protecção na situação de desemprego, na imposição de sacrifícios aos que menos têm e menos podem. E há aqueles que se opõem aos cortes nos apoios sociais, aos cortes na área da saúde e propõem medidas que obrigam os que mais têm a pagarem a crise que provocaram.
Aqui mesmo, no plano local, quando foi conhecida a decisão de encerrar as escolas de Guadalupe e Boa Fé, uns promoveram reuniões com os pais, mobilizaram-nos para a luta contra essa medida, outros portaram-se, numa primeira abordagem, como se fossem empregados do ministério da educação e houve anda quem ficasse à espera do que as modas traziam.
De facto, só pode dizer que são todos iguais quem ande profundamente distraído, ou quem ache que o país é o "Prós e Contras" da RTP.
Amanhã, aqui na cidade de Évora, o PCP irá promover uma marcha de protesto com a presença do seu secretário-geral.
Novamente a diferença. Novamente a determinação de dar a cara pelo que se defende, de esclarecer e mobilizar contra as injustiças sociais, de lutar contra o desastre económico e social que avizinha.
Uns arregaçam as mangas e vão à luta, outros resignam-se e seguem que nem cordeirinhos os interesses do capital, como se o aumento da exploração fosse uma inevitabilidade.
Não meus amigos. Os partidos não são todos iguais. E é por não serem todos iguais que quem desfilar amanhã da Sé para o Largo Camões, está a tomar partido contra as injustiças sociais e por uma outra política que não sacrifique os mesmo de sempre em benefício de uns poucos.
Todos iguais... uma ova.
Até para a semana

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente crónica! Nada mais do que a verdade: nua e crua! E a luta continua!