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Eduardo Luciano - Será que se atrevem?
Quinta, 10 Junho 2010 09:52
Parecendo vindos do nada, abateram-se sobre as freguesias da Boa Fé e Guadalupe uns cavalheiros e damas cheios de sabedoria e disseram: as vossas escolas têm que fechar.
Porquê? Perguntaram incrédulos os presidentes das respectivas juntas de freguesia. As escolas são boas, as crianças gostam de cá estar, os pais gostam que as crianças cá estejam.
São poucos, disseram as alminhas benzidas pela sabedoria ministerial.
Não terá sido bem assim que as coisas se passaram, mas também não terá andado muito longe.
A lógica parece ser encerrar escolas apenas com um critério: o número de alunos ser inferior a um limite que sobe e desce à medida das conveniências e necessidades do ministério.
Ontem o limite era de 11, hoje são 21, amanhã sabe-se lá onde a imensa sabedoria desta gente irá colocar a fasquia.
Este critério aplicado de forma cega, mas sempre cheio de argumentos, vai obrigar ao encerramento de centenas de escolas no interior do país, contribuindo de forma decisiva para a sua desertificação.
As duas escolas do nosso concelho que saíram na rifa para serem encerradas este ano, são exemplos de espaço físicos agradáveis, com excelentes condições, onde foram investidos dinheiros públicos para a sua climatização, melhoria de equipamentos e obras de conservação.
Em qualquer dos casos, as mães e pais das crianças que as frequentam estão satisfeitos com o serviço que lhes é prestado, existe uma efectiva ligação entre as comunidades educativas e a população e não se verificam índices de aproveitamento escolar inferiores à média do concelho.
Em Guadalupe, por exemplo, as extensões dos horários escolares são negociadas em cada ano lectivo com os encarregados de educação, de forma a dar resposta às necessidades de ocupação das crianças.
Já imaginaram, os que vivem na cidade, terem o privilégio de negociar em cada ano lectivo a hora de abertura e encerramento da escola em função dos vossos horários de trabalho?
É perfeitamente natural que quem vive nestas freguesias, defenda como pode a sua qualidade de vida e a qualidade de vida dos seus filhos.
Por isso foi sem estranheza que quando reunimos com os pais e mães das crianças que frequentam aquelas escolas, encontrámos uma serena determinação de tudo fazer para evitar o seu encerramento.
Foi por isso sem estranheza que quando lhes comunicámos a intenção dos vereadores da CDU de apresentar uma moção em reunião pública de câmara, que dissesse à direcção regional de educação que a Câmara Municipal de Évora se opunha ao encerramento daquelas escolas, ouvimos palavras de apoio e incentivo.
Foi sem qualquer estranheza que ontem vimos o salão nobre recheado de pais e mães de Guadalupe e Boa Fé, acompanhados pelos seus Presidentes de Junta.
Apresentada a moção e após uma longa discussão, foi possível obter o apoio unânime a um texto onde a Câmara delibera "manifestar o seu descontentamento e oposição de princípio ao anunciado encerramento da EB1 da Boa Fé e EB1 de Guadalupe, apelando à Ministra da Educação que reconsidere e anule a decisão de encerramento destes dois estabelecimentos de ensino público;"
A luta pela manutenção daquelas escolas está longe de ter terminado. Mas uma coisa é certa: sabem agora os contabilistas do Ministério da Educação que os pais, as juntas de freguesia e a câmara municipal se opõem ao encerramento das Escolas Básicas da Boa Fé e Guadalupe.
E ficam a saber também que apesar das diferenças políticas e ideológicas essa posição é unânime.
Até para a semana
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