terça-feira, 8 de junho de 2010

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Francisco Costa - A vanguarda


Terça, 08 Junho 2010 09:24
Será a emigração má?
Dou por mim a pensar nisto na véspera de uma despedida de um irmão que parte para o Qatar. Juntar-se-á a outro que já percorre o mundo há mais de 10 anos.
Nós portugueses, somos emigrantes há mais de 500 anos e a nossa história está condicionada por esta apetência. Precária situação económica, condições políticas desfavoráveis, busca de melhores oportunidades. Eis os motivos que sempre nos impeliram para fora.
Apesar de sermos poucos sempre olhámos para o País como demasiado pequeno para nós.
Primeiro para África e ilhas atlânticas com as conquistas, para Oriente como a descoberta do caminho marítimo para a Índia, Brasil pelas riquezas e oportunidades de negócio, para as possessões Espanholas no período filipino, para muitos países europeus durante a expulsão dos judeus portugueses, Américas por via do Brasil, novamente África com o incremento das políticas de colonização, de novo a Europa depois da II Guerra Mundial e um pouco por toda a parte em vésperas do 25 de Abril de 1974.
Quem se impressiona com o número de portugueses que actualmente procura uma oportunidade no estrangeiro que dirá do facto de só entre a década de 50 e a de 70 do século passado mais de um milhão e meio de portugueses ter saído para fora em busca de melhor vida?
E porque sublinhar sempre os aspectos negativos de uma epopeia que começa sempre que alguém decide procurar uma oportunidade fora do seu País?
É demasiada a pretensão de olhar para essas pessoas como gente de futuro, cosmopolita e feliz na diversidade? Ou chamar Pessoa substituindo o homem e a mulher desenraizada pelo cidadão plural que bebe de todas as culturas e de todas as civilizações, o miscigenado universal?
E se nos acharmos impotentes com a distância que separa familiares porque não dar a oportunidade aos que acolhemos no nosso país, também eles distantes dos seus, com as mesmas angústias e medos, a que possam contribuir para o nosso enriquecimento mais do que com as suas rendas e impostos, mas cultural e civilizacionalmente? Sermos simplesmente hospitaleiros.
Optimista e entusiasmado, decerto, mas não tanto quanto o que o meu jovem irmão que é quem se despede. Como ele vão muitos. Só teremos perda se não retornarem e esse pode ser o maior drama da nossa emigração. Não o acto de ir mas o de não querer voltar.
Obrigado e até para a semana.

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