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Martim Borges de Freitas - Ano: 2011; Mês: Janeiro
Sexta, 04 Junho 2010 12:22
Portugal precisa de uma mudança no seu panorama político. Há cada vez menos gente a ter dúvidas sobre a necessidade dessa mudança. Por razões de puro pragmatismo e que têm a ver, com o Orçamento de Estado, com os PEC's adoptados, enfim, com as contas públicas portuguesas e com toda a sua envolvente, sobretudo externa, e que têm também a ver com as próximas eleições presidenciais, que limitam a possibilidade de haver eleições legislativas antecipadas já, parece-me, pois, que mudança alguma ocorrerá antes, portanto, das eleições presidenciais de Janeiro de 2011.
É por isso que, a meu ver, as eleições presidenciais de 2011 poderão vir a assumir algum dramatismo e uma grande relevância política. É voz corrente dizer-se que Cavaco Silva, se entender recandidatar-se, ganhará com a maior facilidade as eleições presidenciais de Janeiro de 2011. Sou mais prudente e digo, antes, que, se fossem hoje – repito, se fossem hoje - Cavaco Silva voltaria a ganhar as eleições presidenciais, porventura, com maior facilidade. Descrente, não antevejo que daqui até às eleições presidenciais de 2011 a situação das pessoas, das famílias e das empresas vá melhorar. Não melhorando - o que obviamente não desejo que aconteça -, então, a probabilidade de os eleitores votarem num candidato à direita do PS vai diminuindo. Recorde-se que, em 2005, foi a primeira vez que um candidato à direita do PS foi eleito Presidente da República e que, por conseguinte, será a primeira vez que um Presidente da República oriundo dessa área política se apresentará a uma recandidatura. Ora, se o que se vai ouvindo é que Cavaco Silva, se entender recandidatar-se, será reeleito com facilidade, o que eu digo, hoje, é que à medida que a luta Soares/Alegre se for desvanecendo e a data das eleições se for aproximando, mais se vai ouvir aquilo que nunca se ouviu aquando de uma recandidatura presidencial, isto é, que a reeleição do Professor Cavaco Silva não são favas contadas.
Digo o que digo com o à-vontade de ter participado muito activamente na última campanha presidencial e de cedo termos percebido que não seria tão fácil quanto parecia a eleição de Cavaco Silva. De resto, continuo a pensar que não fora o apoio sem reservas do CDS à candidatura do Professor Cavaco Silva, e Cavaco Silva não teria sido eleito Presidente da República. Não por causa dos poucos votos que teve acima dos 50%, mas porque o apoio do CDS a Cavaco Silva permitiu a Cavaco Silva apresentar-se, não como o candidato do PSD, mas como um candidato acima do seu partido de origem e, portanto, relativamente independente do espectro partidário, em geral, e dos partidos que o apoiavam, em particular.
Retomando o fio à meada, considero, pois, que a reeleição do Professor Cavaco Silva poderá vir a ser tão mais difícil quanto mais difícil vier a ser a situação das pessoas, das famílias e das empresas nesse momento. E se a situação das pessoas, das famílias e das empresas for, nessa altura, pior, já se dará então como inevitável a convocação de eleições legislativas antecipadas. E aí, a célebre teoria de não pôr todos os ovos no mesmo cesto poderá tornar a situação mais complicada para Cavaco Silva. É que, se não forem até lá cometidos erros ou, pelo menos, erros graves por parte do PSD, nessa altura todos já terão interiorizado que será o PSD a ganhar as próximas eleições legislativas. E assim, o lema "uma maioria, um governo e um presidente" voltará à baila, com prejuízo para Cavaco Silva.
Por isso digo - eu, que não quero que ganhe Manuel Alegre e que quero que ocorra uma mudança política no país -, que Janeiro de 2011 será a data mais importante dos próximos tempos, só eventualmente suplantada pela data das próximas eleições legislativas. Atenção, pois, às próximas eleições presidenciais.
Martim Borges de Freitas
1 comentário:
Boa análize.
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